'O Avesso da Pele', de Jeferson Tenório, vende 400% mais após polêmica
Diretora de escola no RS pediu pela censura do livro que trata de questões raciais e venceu o Prêmio Jabuti de 2021
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terça-feira, 05 de março de 2024
Diretora de escola no RS pediu pela censura do livro que trata de questões raciais e venceu o Prêmio Jabuti de 2021
Folhapress
SÃO PAULO, SP - As vendas de "O Avesso da Pele", romance literário de Jeferson Tenório que venceu o Prêmio Jabuti de 2021, aumentaram em 400% na Amazon desde sexta-feira, 1, depois do livro ser alvo de uma polêmica em uma escola de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.
Janaina Venzon, diretora da Escola Ernesto Alves, pediu pela censura do livro, que trata de questões raciais. Em vídeo postado em seu perfil do Instagram, Venzon classifica a obra como inadequada aos estudantes do ensino médio.
O vereador Rodrigo Rabuske (PRD), de Santa Cruz do Sul, também divulgou um vídeo em suas redes sociais na sexta (1º) em que repudia a obra.
200 exemplares
"Lamentável o Governo Federal através do MEC adquirir esta obra literária e enviar para as escolas com vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do ensino médio. Solicito ao Ministério da Educação buscar os 200 exemplares enviados para a escola. Prezamos pela educação dos nossos estudantes e não pela vulgaridade, escreveu ela.
O livro havia sido selecionado via Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), programa que, junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), compra e distribui livros e materiais didáticos para professores e estudantes de escolas públicas de todo o país. A adesão ao programa, contudo, é opção das escolas.
DISTORÇÕES E FAKE NEWS
Tenório também se manifestou sobre o caso em suas redes sociais. "As distorções e fake news são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação. O mais curioso é que as palavras de 'baixo calão' e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras", escreveu.
À reportagem, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul diz que "ninguém da coordenadoria regional de educação mandou recolher os livros". O Ministério da Educação também enviou nota oficial. "O Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) é uma relevante política do Ministério da Educação com mais de 85 anos de existência e com adesão de mais de 95% das redes de ensino do Brasil. A permanência no programa é voluntária, de acordo com a legislação, em atendimento a um dos princípios basilares do PNLD, que é o respeito à autonomia das redes e escolas", começa o texto.