Imagem ilustrativa da imagem NO MODO SILENCIOSO
| Foto: Istock

Notável sensação de liberdade desde que decidi desapegar do celular. Não fossem meus contatos profissionais, já teria me concedido alforria permanente. Que âncora enfadonha! Te convida a ficar de bobeira, perdendo tempo em lugares pouco interessantes, pouco instrutivos, cheios de exibicionismos histriônicos e anúncios irritantes. Por sorte ainda podemos ignorar ou desligar o aparelho, embora muita gente já se obrigue a consultá-lo de 10 em 10 minutos. E - o que parece absurdo - não me lembro de ter visto alguém desligando um smartphone! O máximo que vejo é o cidadão dando um reboot e esperando a telinha voltar a iluminar sua cara de cão sem dono. Sim, os celulares levam seus cães para passear.

E aí me dizem: “Ah, mas no celular a gente trabalha, compra, estuda (what?!), posta, encontra gente, se diverte, joga, se informa, manda mensagens…” Sim, já não podemos prescindir do indefectível retângulo luminoso. E estamos nos tornando escravos cada vez mais devotados a essa tecnologia que, por outro lado, facilita nossas vidas, eis o dilema.

Agora entendo um tanto mais o sentido do monolito negro de “2001, Uma Odisséia no Espaço”, o misterioso retângulo flutuando no espaço sideral é a representação mítica do imponderável: para onde nos levará nossa profunda dependência desses dispositivos inteligentes?

Não espere uma resposta deste pobre pecador. Nem os mais destacados experts e engenheiros da IA se aventuram a tentar respondê-la. E os poucos que se arriscam são pessimistas. Sim, isso mesmo: os caras que passam horas inventando modos de lhe manter grudado no celular são os primeiros a criarem regras para se manterem longe do aparelho. Ao menos para eles e para os seus filhos a coisa tem de ser controlada.

E para nós, reles mortais? O que resta fazer para não perdermos tempo frente a sedutora luminosidade dessa maldita invenção extraordinária? Procedimentos simples, porém seguidos à risca podem ajudar; ao menos para mim tem funcionado bem:

1) A partir das 8 da noite só respondo se for uma emergência; 2) Não durmo com o smartphone perto de mim; muitos alegam precisar dele ao lado da cama para checar as horas; um bom despertador cumpre a mesma função e não exaure nossa atenção; 3) Deixo-o sempre no modo silencioso; aquele “pim” me tira do sério e parece tirano demais pro meu gosto; nesse caso, basta consultar a tela do aparelho de hora em hora; 4) Desabilito todas as notificações de facebook, instagram e twitter (argh!); 5) Desabilito as funções que permitem aos outros saberem se já recebi a mensagem e a que horas consultei o celular pela última vez; 6) Só respondo rápido se for assunto de trabalho; 7) Não atendo a telefonemas de números que não conheço; 8) Notícias? Ainda prefiro o impresso, o rádio e o telejornal; 9) Notícias dos amigos? Eventuais consultas nos poucos grupos de whatsapp de que participo são o bastante.

Além do mais, ando meio “low profile” nas redes sociais, de modo que consigo ter um pouco de paz. Juro que minha vida mudou. Agora acho tempo até pra não fazer nada! E quando sinto aquela comichão de cutucar o celular, leio um bom livro.

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