Nas eleições, fujam dos engodos e do faz de conta
Se identificarem alguém que faz da bizarrice uma prática eleitoral, adotem como critério de eliminação
PUBLICAÇÃO
sábado, 17 de agosto de 2024
Se identificarem alguém que faz da bizarrice uma prática eleitoral, adotem como critério de eliminação
Celia Musilli
Faltam cerca de dois meses para as eleições municipais. Está chegando a hora de depositar aquele voto bem pensado e bem pesado nas urnas. Afinem suas escolhas e balanças, vamos tentar ser justos com quem trabalha de verdade. Quatro anos não são um tempo curto, é o prazo de se formar em muitos cursos de graduação, é o prazo de se consolidar uma relação de cidadania.
Pensem nas suas cidades com seus trunfos e falhas, pensem nos projetos que devem permanecer e naqueles que não fazem falta, frutos de alguma vaidade transformada em plataforma de última hora. Com a aproximação das eleições, muitos que pouco propuseram às suas cidades começam a tirar projetos da gaveta, alguns bem esquisitos. Na cabeça deles, vale marcar presença agora, depois de "dar um perdido" por quase quatro anos em suas cidades.
Em nossas balanças, vamos considerar quem propõe sempre, não só perto da eleição, e trabalha pelas cidades sem precisar criar uma proposta bizarra, uma polêmica que valha nota ou matéria na imprensa. Elejam prioridades.
Identificaram alguém que faz da bizarrice uma prática eleitoral? Adotem como critério de eliminação, já é um passo para escolher seu voto evitando quem não teve pressa durante a gestão e agora se apressa para mostrar utilidade.
Procurem afinidades com candidatos que façam a diferença, mas uma diferença grande. Projetos de saúde não podem ser pequenos, de educação tampouco. De minha parte, penso sempre na cultura, pela afinidade de trabalhar nesta área durante a maior parte da vida.
Em Londrina, prezo (e rezo) pelo Promic - Programa Municipal de Incentivo à Cultura - e prospecto candidatos que se importam com isso, procurando fugir dos que se incomodam com isso porque não gostam da arte, dos artistas nem da cultura. Vocês, artistas, se lembram de alguém incomodado com a cultura? Neste caso, evitem dar milho a pombos ávidos por mudanças sem embasamento prático, que chutam pautas como quem joga bola sem compromisso. Evitem os que entendem a cultura apenas como diversão e não como transformação.
Londrina tem arcabouço cultural, mas precisa de pessoas que alimentem este arcabouço, antes que ele se transforme em esqueleto. Para isso, a cultura precisa de verbas, não só as municipais, mas estaduais e federais, ancoradas na vontade política de deputados que ainda precisam mostrar serviço. Na minha modesta opinião, priorizo a política pública, a chave mágica que tira, por exemplo, a juventude da exclusão das periferias e põe nos palcos para dançar e cantar, também nas periferias, mas com status de cidadãos.
Isso não é pouca coisa, é transformação individual e coletiva.
Votar é um ato político, como tudo na vida que depende de nossas escolhas. Acreditem naqueles que nos entregam o presente antes mesmo de serem eleitos no futuro.
Londrina, como todas as cidades, tem bons candidatos e uma penca de penduricalhos para fazer média em partidos. A política nacional está viciada em médias impróprias para boas escolhas. Vocês viram as pencas de 'laranjas' nos partidos, nas últimas eleições, para cumprir cotas irreais? Fujam das pencas, depositem seu voto precioso naqueles que têm trajetória, seja qual for a área. A atuação vale mais que as promessas. Quem nunca vai ao teatro, mesmo quando é de graça, não pode prometer um espetáculo.
* A opinião da colunista não reflete, necessariamente, a da Folha de Londrina.