Quem um dia não sonhou em ser um astro do rock? Já imaginou estar ao lado dos seu ídolos, até mesmo tocando junto com eles? Foi o que aconteceu com o músico Ricardo Huczok, também conhecido pelo nome artístico Mutant Cox ou pelo apelido Coxinha, que no início de fevereiro embarcou para a Alemanha, onde vai gravar disco e partir para turnê mundial com o consagrado grupo de psychobilly Frantic Flintstones.
Ricardo está instalado na cidade de Frankfurt, onde se concentra na gravação do novo álbum da banda, ''Pure Gourmet and Decadence''. ''É a realização de um sonho. Nunca imaginei nem em vê-los ao vivo. Agora vou tocar com eles, gravar disco. Pra mim, é um grande reconhecimento'', comenta.
O Frantic Flintstones tocou no Brasil em setembro de 2007. Foi nesta ocasião que Ricardo teve maior contato com a banda, que passou por mudanças após esta visita. ''Eles ficaram sem baixista e guitarrista e, como eu sempre gostei da banda, falei com o pessoal e 'chutei', porque eles estavam procurando gente do mundo inteiro. Mas daí eles me ligaram e deu tudo certo.''
O vocalista Chuck Harvey voltou ao Brasil em fevereiro, quando o 'passe' de Coxinha já estava acertado, e fez um show-solo no festival Psycho Carnival, acompanhado de músicos brasileiros. Como era de se esperar, Coxinha estava na banda. Esta ocasião foi a primeira de muitas apresentações em que eles dividirão o mesmo palco.
Integrante das bandas curitibanas Sick Sick Sinners, Hillbilly Rawhide e Maremotos, Coxinha teve que deixar temporariamente seus trabalhos originais enquanto estiver com o Frantic Flintstones. ''A princípio devo ficar entre 6 e 7 meses e depois voltar pra cá.'' Seu público e seus colegas, apesar de contentes com a conquista, já sentiam sua falta antes mesmo da viagem. ''Alguns ficaram 'meio assim'... Mas eles também ficaram felizes por mim. Por um lado é bom também para dar um gás para o pessoal daqui'', incentiva.
Pioneiro no assunto, o guitarrista Rafael Moreira se mudou de Curitiba para Los Angeles em 1995. Nestes 13 anos consolidou-se como músico de primeira linha e é constantemente chamado para tocar em turnês de mega artistas. Sua última grande excursão foi com Paul Stanley, da legendária banda Kiss, que na época promovia seu álbum-solo ''Live To Win''. A turnê teve datas nos Estados Unidos e Austrália, entre 2006 e 2007.
Antes de tocar com uma lenda do rock, Rafael foi guitarrista da cantora Christina Aguilera, em 2000, na época recém-contratada pela Sony. ''Eu fiz um teste e eles me escolheram.'' Em seguida veio a cantora Pink, com quem excursionou até 2004. Isto lhe rendeu o convite para integrar a House Band, do programa de tevê Rockstar Supernova (foi lá que Paul Stanley se interessou por seu trabalho e o chamou para acompanhá-lo na turnê).
''Tudo é uma experiência, eu sempre curto muito sair em turnê. Você viaja o mundo de graça, toca em lugares como Madison Square Garden e Wembley Arena, acaba conhecendo muita gente e ainda por cima ganha muito bem, tudo isso só tocando guitarra'', relata.
Desde o começo, Rafael sempre teve o incentivo de sua família. ''Aprendi a tocar guitarra com a minha mãe, tambem aprendi muita coisa de ouvido. Toquei muito com os meus irmãos e tive algumas bandas de rock bem legais''.
Atualmente está se dedicando a seus projetos-solo. Em 2005 lançou o álbum instrumental ''Acid Guitar''. Possui uma banda de rock chamada Magnético, cujo CD de estréia sai no final de abril. Há também um projeto acústico, em que ele canta e toca violão. Em seu perfil na comunidade MySpace (www.myspace.com/rafaelmoreira) pode-se ouvir algumas músicas. ''Lá tem uma música chamada 'My Brother' que escrevi para o meu irmão Neto'' (da banda curitibana Barra Pesada), lembra.
Quem também está com disco pronto para sair é Otto Nascarella, que reside em Londres, onde toca com o combo Saravah Soul, que terá seu álbum de estréia lançado em 25 de março, seguido de uma turnê local. ''A Saravah Soul é uma banda meio britânica, meio brasileira, o que sempre foi meu objetivo. A nossa concepção de som é baseada na mistura do soul/funk do final da década de 60 e nos ritmos folclóricos brasileiros. As letras são em inglês e português. Temos intenção de começar a escrever em espanhol e italiano também'', descreve o vocalista e percussionista.
Em Curitiba, Otto tocou nas bandas Playground e Maggie Poo (que também já se chamou Turbo Funk). A decisão de se mudar para a Europa foi motivada pelas deficiências do mercado musical brasileiro. ''A primeira decisão foi a de deixar Curitiba. Quando estava 'estudando o terreno' em Sampa, decidi que se fosse pra arriscar, o melhor seria arriscar grande. Minha maior motivação para deixar o Brasil foi o mercado musical. No Brasil ele é muito massificado e as pequenas e médias gravadoras não conseguem sobreviver'', desabafa.
Assim como Rafael Moreira, Otto teve o total apoio dos pais, que sempre o aconselham em sua carreira de músico. ''Logo que cheguei em Londres toquei num grupo de samba, mas sabia que seria por pouco tempo por causa dos meus projetos. Procurei seguir os conselhos dos meus pais que me diziam: foco, Otto! Foco!'', lembra. A gravadora está fazendo contatos com selos no Brasil para lançar o disco por aqui, segundo informações do cantor.
A cantora Marina Vello, ex-Bonde do Rolê, também se mudou para Londres, há pouco mais de três semanas. Desde que deixou sua banda, no final do ano passado, ela recebeu várias propostas de produtores e de selos que se interessaram em contratá-la para um álbum próprio. Isto foi crucial para que ela fixasse residência no exterior. Segundo sua mãe Maura Vello, nos últimos dias ela esteve em Paris, onde grava novas músicas. ''Há também shows marcados para o mês de abril'', acrescenta. (Colaborou Claudio Yuge)