A Funcart (Fundação Cultura Artística) comemora 30 anos de existência com uma Mostra de Projetos a partir desta segunda-feira (11), espalhando por diversos pontos da cidade, aquilo rendeu à Funcart o título de utilidade pública e reconhecimento com premiações como o “Prêmio Nossa Gente de Londrina” para o Ballet de Londrina e Escola Municipal de Teatro em 2013 e a Medalha Ouro Verde em 2016. Uma referência no trabalho de formação continuada na área de artes cênicas no interior do País.

A programação da “Funcart Mostra Cultural – 30 Anos de Arte e Cultura”, conta com o patrocínio da Itaipu Binacional e apoio da UEL através do Museu Histórico de Londrina. A celebração começa com a apresentação do Ballet de Londrina na Concha Acústica, nesta segunda-feira (11), às 19h. Na mesma noite, às 20h, acontece a apresentação do espetáculo “OZ – Jornada para Além do Arco-Íris”, um espetáculo musical da Escola Municipal de Teatro, na sede da Funcart.


Na quarta-feira (13), também com elenco da Escola Municipal de Teatro acontece o espetáculo “Viajantes do Futuro”, às 20h, no Museu Histórico de Londrina, no dia 15 (sexta-feira) é a vez do Sarau Artístico do Projeto Brisa, que recebe a performance “Leno Queria Nascer Flor”, o Palhaço Arnica e a DetSet com música ao vivo no Centro Pop, a partir das 9h.


Encerrando a programação tem Banda Nova, no domingo (17 ), às 17h com shows de Heloisa Trida, “Mulheres do Brasil” e o grupo Maracajá. Todas as apresentações são gratuitas, com classificação indicativa livre.


HISTÓRIA

A Funcart nasceu da necessidade de um grupo de artistas e incentivadores da arte de organizar a produção artística que já acontecia de maneira descentralizada. “O objetivo era ter talvez um CNPJ para que pudéssemos desenvolver projetos e participar de editais. Londrina ainda era muito carente nesse sentido, não tinha nem Conselho de Cultura e havia a necessidade de uma organização para podermos realizar nossos trabalhos e, de certa forma, facilitar nossas atividades”, relembra Silvio Ribeiro, que está na Funcart até hoje, onde dá aulas de teatro e é diretor.


No início de tudo, em 1993, já existia, a Oficina de Dança que era uma escola privada e dois anos depois, veio a Escola de Teatro. O Ballet de Londrina foi o primeiro projeto da Funcart junto à Prefeitura, ainda sob a direção de Leonardo Ramos. “Talvez, existisse na época uma certa ingenuidade. Não tínhamos bens nem dinheiro para uma Fundação, mas tínhamos coragem e a necessidade de criar esse mecanismo que acabou dando certo”, comenta.


Ribeiro foi efetivado como professor na Funcart três anos após a sua fundação com a garantia de continuar trabalhando com a população em situação de rua, trabalho que ele já fazia há mais de dez anos e algo que acabou se tornando no que hoje é o Projeto Brisa – Saraus Artísticos.


“Realmente a minha grande preocupação nesse tempo de coordenação da Escola de Teatro foi manter a boa formação já implementada pelas coordenações anteriores. E, principalmente, a formação de público. Sem o público, nada disso faria sentido. De quê adiantaria uma escola que formasse atores, que produzisse espetáculos sem a preocupação com a formação de público? Com isso, vieram vários projetos onde eu estive à frente, um deles foi a Caravana Ecológica que rodou o Brasil inteiro em mais de 15 anos de circulação, um espetáculo direcionado principalmente para o caminhoneiros, já que tratava de assuntos ambientais, no caso o tráfico de animais”, lembra.


São trinta anos de Funcart e muita satisfação ao ver profissionais atuantes em palcos de todo o Brasil e que começaram nesse espaço. “Criamos a oportunidade de profissionalização. Atores, atrizes e produtores que desenvolvem suas atividades com base no que a gente aprendeu e depois, ensinou dentro da Funcart. A pós-pandemia ainda trouxe uma nova leva de pessoas querendo fazer teatro e isso também é estimulante”, diz.


“A nossa maior expectativa está ainda na construção do nosso projeto de teatro de containers. Um processo que já está com a Prefeitura e avançou pouco. É um projeto muito bonito, um teatro pensado para grupos londrinenses. Nosso maior objetivo é, além de manter as escolas municipais de dança, a Escola Municipal de Teatro e a Escola Municipal de Balé de Londrina, é a construção do nosso teatro contêiner”, revela Ribeiro.


DE APRENDIZ A PROFESSOR



Marciano Boletti começou a estudar balé 1989, na Escola Oficina de Dança, aluno de Leonardo Ramos e Fátima Vitor. “Eu tinha 17 anos e nunca tinha tido contato com o balé antes, nunca tinha visto, não conhecia o que era. Por acaso estava passando em frente à Oficina e resolvi entrar pra ver o que estava acontecendo com aquela música clássica, tudo muito intuitivo. Fiquei emocionado e perguntei o que era e me disseram que era balé clássico, com a possibilidade de uma bolsa para rapazes. Não parei mais, nem um dia sequer”, conta.


Estudou na Funcart desde o começo, em 1993 e passou na audição para integrar o elenco do Ballet de Londrina onde está até hoje, como diretor de ballet. Em 1996, Boletti se tornou professor e batalhou para superar as dificuldades daquele começo, ganhando um salário mínimo. “Era tudo feito com muito amor porque sabíamos que estávamos trabalhando com aquilo gostamos, era um privilégio. Valorizo a Funcart até hoje porque sei o quanto que é difícil trabalhar e conseguir viver de arte no Brasil”, afirma.


Para ele, uma das maiores conquistas é o reconhecimento por parte da comunidade e da Prefeitura que, mesmo depois de tantas gestões, continua apoiando a Fundação. “Tantos espetáculos de qualidade, alcançando um grande público e os alunos, testemunhando como a Funcart foi importante para a formação deles como pessoas, além do artista, por ter trazido tanta inclusão e cidadania para todos. Essa é a nossa maior recompensa”, diz. “A Funcart dá a possibilidade para as pessoas se desenvolverem artisticamente. Acho que isso é uma coisa muito boa, porque todo ser humano tem esse lado artístico”, completa.

(Com assessoria de imprensa da Funcart)