O Museu Histórico de Londrina (rua Benjamin Constant, 900) e a Vila Cultural Flapt! (rua Lino Sachetin, 498) sediam a I Mostra do Cinema Negro de Londrina, promovida pelo Coletivo de Cinema Negro de Londrina (Cocine) com o apoio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), da Secretaria Municipal de Cultura (SMC). A abertura do evento será nesta quinta-feira (11), às 19h30, com a exibição dos filmes “Por que a Eritréia?” (1969) e “Martinho da Vila, Paris 77” (1977), no Museu Histórico, com entrada gratuita e livre para todos os públicos.

Imagem ilustrativa da imagem Mostra homenageia  Ari Cândido Fernandes, primeiro cineasta negro de Londrina
| Foto: Reprodução



A Mostra é mais uma atividade complementar vinculada ao Cineclube do Cocine e ao projeto “Oficina de Cinema Popular”, promovido pelo Cocine com o apoio da Secretaria de Cultura desde março de 2022. Ao longo dos dias de evento, a trajetória do primeiro cineasta negro de Londrina, Ari Cândido Fernandes, será homenageada com a exibição de seis filmes que registram a grande contribuição de sua obra para o cinema negro brasileiro. Nos dias 12 e 13, a Mostra ganha a participação de seu homenageado, com as rodas de conversas que terão como tema “O negro no cinema brasileiro e as produções cinematográficas de Ari Cândido Fernandes”.


Para o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, a realização da I Mostra de Cinema Negro de Londrina marca um momento especial na vida cultural da cidade. “Trazer Ari Cândido Fernandes de volta a Londrina, que é um grande expoente da produção cultural de nosso município, e tê-lo como homenageado é uma grande honra para nós. Ele esteve na origem de todo o movimento negro contemporâneo não só de Londrina, mas também do país, participando de importantes momentos do mundo, como a Guerra da Eritréia e o instituição do Dia da Consciência Negra, por exemplo. Sem dúvidas, uma figura que merece ser homenageada, estudada e que tem um repertório rico dentro do cinema popular. Desejamos que essa homenagem ao Ari feita na I Mostra de Cinema Negro de Londrina se estenda a todos os cineastas negros da cidade que contribuem para a produção audiovisual londrinense”, comentou.



Fagner Bruno de Souza, um dos membros do Coletivo Cocine, ressaltou que o grande objetivo da Mostra é mobilizar o público e colocar as pessoas em contato com a produção cultural negra de Londrina. “A pedido do próprio Ari Cândido Fernandes, nós reservamos essa data, de 13 de maio, em que se comemora de maneira polêmica uma ‘libertação dos escravos’, e com isso vamos buscar trabalhar este questionamento, abordando o que significa este ‘fim da escravidão’ e se houve realmente um fim. O nosso coletivo se baseia na ideia do que é cinema, para quem o cinema é feito, abordando as diferenças do cinema mercadológico e, ao longo desses dias, serão esses assuntos que vamos trazer à tona”, disse.

A diretora do Museu Histórico de Londrina, Edméia Ribeiro, destacou que receber a I Mostra de Cinema Negro de Londrina nas dependências do Museu colabora para que a sociedade entenda este espaço como um ambiente democratizante e aberto à todos. “O museu é um espaço que tem que representar toda a população londrinense e não ser um lugar que só representa alguns. Então, entendemos que nossas exposições e acervos precisam refletir a realidade em que estamos inseridos e andar alinhado com as pautas que o dia a dia pedem. Nesse sentido, ter o museu como um desses espaços que sediará este importante evento que começa a ser realizado em nossa cidade evidencia que, mais do que nunca, este espaço é de todos nós, mulheres, homens, trabalhadores, negros, indígenas, todos, sem exceção”, declarou.

Para Wellington Victor Pereira da Silva, outro membro do Coletivo Cocine, a expectativa é de que a Mostra estimule o debate do cinema popular na cidade. “Nossa expectativa é poder fomentar em Londrina o cinema negro pensado e realizado pelo Ari, além de estimular o debate acerca do fazer cinema popular e reunir pessoas interessadas no tema, bem como problematizar a atuação e representatividade do negro na cidade. Acreditamos que a Mostra tem a princípio uma função de proporcionar acesso aos filmes do Ari, que são obras preocupadas com a forma como as pessoas pretas são retratadas no cinema. Então, diria que a Mostra é importante para o movimento negro não só em representatividade, mas também como resgate da sua condição humana de sentir, realizar e movimentar suas angústias no campo do cinema e das artes em geral”, finalizou.

Imagem ilustrativa da imagem Mostra homenageia  Ari Cândido Fernandes, primeiro cineasta negro de Londrina
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A I Mostra de Cinema Negro de Londrina começa no Museu Histórico de Londrina, na quinta-feira (11), com a exibição dos filmes “Por que a Eritréia?” (1979)” e “Martinho da Vila, Paris 77” (1977). Na sexta-feira (12), a partir das 16h30, terá início as exibições de “Pacaembu: terras alagadas” (2006) e “O Moleque” (2004) e, depois, haverá a participação de Ari em uma roda de conversa com o público presente. Por último, a Mostra terá agenda na Vila Cultural Flapt, a partir das 16h. Na ocasião, serão exibidos os filmes “Jardim Beleléu” (2009) e “O Rito de Ismael Ivo” (2003). Além disso, o público poderá acompanhar a palestra sobre o tema “O negro no cinema brasileiro e as produções cinematográficas de Ari Cândido Fernandes”.