O Brasil se despediu da Rainha do Rock nacional nesta segunda-feira (8). Vítima de câncer de pulmão, a cantora Rita Lee morreu em São Paulo aos 75 anos após travar uma luta contra a doença diagnosticada em maio de 2021. Ela estava em sua casa, na capital paulista, com a família. A sua morte só foi comunicada nesta terça-feira (9) pela família nas redes sociais. Rita deixa o companheiro Roberto de Carvalho e três filhos: Beto, João e Antônio.


O velório será aberto ao público, no Planetário do parque Ibirapuera. A cerimônia está marcada para esta quarta-feira(10), das 10h às 17h, informou a família por meio de uma publicação na página da cantora no Instagram. Reclusa nos últimos anos, a cantora recebeu um diagnóstico de câncer de pulmão em 2021. Após tratamentos, em abril de 2022, a doença teria entrado em remissão.



Rita Lee já sabia qual seria o seu epitáfio. Em sua autobiografia, a cantora escreveu que seu maior gol foi ter feito um monte de gente feliz e que, quando morresse, cantaria para Deus: "Obrigada, finalmente sedada". Seu epitáfio, ela definiu, deve ser o seguinte: "Ela não foi um bom exemplo, mas era gente boa". Ela ainda escreveu na autobiografia sobre sua morte, bem ao seu estilo: "Quando morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão ‘"Ovelha Negra"’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk’."



Rita era corintiana e fez um show histórico com jogadores da Democracia, como Sócrates e Casagrande. O Corinthians e o Internacional, no qual recebeu o título de consulesa cultural do clube gaúcho, prestaram homenagem à cantora nas redes sociais. Outros clubes fizeram postagens lembrando dela.


A descoberta da doença não tirou de Rita Lee o bom humor que a acompanhou durante toda a sua trajetória. Ao ser diagnosticada com câncer no pulmão esquerdo após um exame de rotina, a cantora usou as redes sociais para comunicar os fãs que havia batizado o tumor de “Jair”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem era detratora. Após a descoberta da doença, a equipe da cantora informou que ela estava "bem assistida por uma junta médica" e que se submeteria aos tratamentos de imunoterapia e radioterapia combinados.


Em entrevistas à imprensa, a artista afirmou que já previa que um dia a vida lhe cobraria um "pedágio" por ter sido fumante desde os 22 anos, vício que havia abandonado há poucos anos. Após se submeter ao tratamento, em abril de 2022, a família da artista anunciou que ela estava curada e o câncer, em remissão. Rita, no entanto, não comemorou a cura nas redes sociais, onde vez ou outra aparecia para interagir com os fãs pelo Instagram e mostrar cenas de sua rotina no sítio em que vivia com o marido Roberto de Carvalho no interior de São Paulo.


Carvalho usou o seu perfil no Instagram para tranquilizar amigos e fãs sobre o estado de saúde da cantora. "Gente, quero lhes informar que a Rita está bem, se fortalecendo, se recuperando. Sabe-se que sempre existirão exames de monitoramento e terapias a serem realizados, que resultarão eventualmente em internações, uma vez que se tem que lidar com a doença e os efeitos colaterais dos tratamentos", disse o guitarrista que viveu com a artista desde 1976. Entretanto, o estado de saúde da cantora acabou se agravando alguns dias após o comunicado do marido.

PAULISTANA
Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947. Ainda na infância estudou piano clássico e, aos 16 anos, integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers. O grupo foi descoberto por Tony Campello e passou a fazer coro para as gravações dos Jet Blacks, Demetrius e Prini Lorez. Em 1964, juntou-se ao trio masculino Wooden Faces, formando o Six Sided Rockers, depois O'Seis. Com a saída de três membros, Rita e os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Baptista passam a se chamar O Konjunto, depois Os Bruxos, até serem batizados de Os Mutantes, em 1966.


Após cinco discos lançados com Os Mutantes, Rita iniciou a carreira solo em 1970. Em 1973, formou com Lúcia Turnbull uma dupla de folk rock, As Cilibrinas do Éden. Em 1974, lançou “Atrás do Porto Tem uma Cidade”, o primeiro disco com o grupo Tutti Frutti, que a acompanhou em mais quatro álbuns.

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A partir de 1979, passou a produzir seus discos em parceria com o marido, Roberto de Carvalho. A parceria com o guitarrista e produtor rendeu clássicos que atravessam gerações, “Mania de Você”, “Doce Vampiro”, “Baila Comigo”, “Caso Sério”, “Flagra”, “Saúde”, “Nem Luxo Nem Lixo” e “Amor e Sexo”. A obra da cantora abarcou diversos gêneros musicais, passando pelo rock dos Beatles, pop, bossa nova, samba-rock e baião.

"Quando morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão Ovelha Negra", escreveu Rita Lee
"Quando morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá. Fãs, esses sinceros, empunharão meus discos e entoarão Ovelha Negra", escreveu Rita Lee | Foto: Yasuyoshi Chiba / AFP

NOS PALCOS E NAS LETRAS
A irreverência da artista não ficou restrita à música. Rita também atuou como atriz, escritora. Como atriz e apresentadora, atua no filme “Dias Melhores Virão” (1989), de Cacá Diegues; no curta-metragem “Tanta Estrela por Aí...” (1992), pelo qual ganha prêmio no Festival de Cinema em Gramado; e em “Durval Discos” (2001), de Ana Muylaert.

Fez pontas nas novelas Top Model (1989) e Vamp (1991), de Antonio Calmon; comandou o programa TVLeezão na MTV, em 1991; e integrou o programa Saia Justa, da GNT, entre 2002 e 2004.

Como escritora, publicou livros de temática ecológica para um público infantil, dentre eles cinco volumes da série Dr. Alex, que tem como personagem um ratinho defensor da natureza, “Storynhas” (2013), “Dropz” (2017), “Amiga Ursa - Uma história triste, mas com final feliz” (2019), além das autobiografias “Rita Lee: uma autobiografia” (2016), “FavoRita” (2018) e "Rita Lee: Outra autobiografia" (2023).



Shows em Londrina
Nas diversas vezes que Rita Lee se apresentou em Londrina e região, algumas passagens da cantora pela cidade foram marcantes. Com shows sempre lotados, a artista retornou várias vezes a Londrina. Na década de 1980, fez dois shows no ginásio Moringão. Em 1998, estreou a turnê Acústico MTV no Cinema Café, antiga casa de shows localizada na Avenida Rio Branco. Após lotar o estacionamento de um shopping da cidade anos mais tarde, em 2007 voltou a se apresentar para o público londrinense com a turnê comemorativa de seus 40 anos de carreira. A apresentação aconteceu no Centro de Eventos. (Com Folhapress)

A irreverência da artista não ficou restrita à música:  Rita também atuou como atriz em filmes e novelas e escritora
A irreverência da artista não ficou restrita à música: Rita também atuou como atriz em filmes e novelas e escritora | Foto: Marcos Mazini/Globo TV/AFP
Imagem ilustrativa da imagem Morre Rita Lee a estrela do rock que fez muita gente feliz!
| Foto: Gustavo Pereira Padial

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