MOLHO
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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2001
Para quem faz dieta ou não quer passar muito calor, mesmo comendo doce. Para quem quer ter sempre uma compota maravilhosa, gelada e colorida. Não, não estou falando de gelatina e sim dessa iguaria tipicamente brasileira que é feita com abóbora moranga. Bonita por natureza, a moranga presta-se a várias receitas doces e salgadas - carne seca com abóbora, com camarão, cozida com legumes e temperada com salsa e cebolinha, etc. Mas hoje pretendo usar seu sabor delicado para fazer um doce que enche os olhos e satisfaz plenamente o desejo por açúcar. Como é um doce meio fora de moda, poucas pessoas sabem fazê-lo bem e, por ser muito carismático, as pessoas ou o amam ou o odeiam. Abóbora é um sabor que precisa ser bem usado.
Não adianta querer economizar açúcar, se não ficar arretado de doce não fica como deve. Aguada, a pessoa já vai ficar com uma péssima impressão da leve saborosa, digestiva e light compota de abóbora.
Moranga integral
Escolha uma linda moranga com a casca o mais alaranjada possível e sem muitos machucados. Se ela tiver 5 quilos de peso é mais ou menos o que vai ser usado de açúcar. Lave-a ainda inteira limpando bem a casca mas sem descascar. Corte os gomos, usando os que já vem impressos nela, tire as sementes com a mão, sem arrancar os cabelinhos onde elas ficam presas. Tire as imperfeições da casca, que como já disse, têm que ser poucas. Corte os gomos ao meio, lave bem em água corrente e despeje em caldeirão grande. Cubra com água, quatro dedos acima do nível dos pedaços, bem distribuídos no caldeirão.
Acrescente dois pauzinhos de cravo e uns três de canela. Não é bom por muito tempero. Já comi doces de abóbora que só tinham gosto do cravo! Comece a colocar aos poucos o açúcar, que se for cristal é melhor. Digamos dois copos para a primeira fervura. Sim, você pode e deve fazer este doce em duas etapas. Uma vizinha mineira ensinou-me que o segredo para fazer uma boa compota é deixar que ela durma uma noite na calda. Note bem que, como a casca não foi tirada, você não vai poder mais mexer de jeito nenhum com colher. Vá jogando uma poeira de açúcar por cima de vez em quando. Se precisar, dê um chacoalhão na panela para distribuir melhor a calda. O resultado final, é um doce bem apurado, quase cristalizado, com calda grossa e brilhante. Os cabelinhos que ficaram ao tirar as sementes vão parecer fios de ovos finíssimos e dourados. Com uma colher, delicadamente, deposite pedaço por pedaco numa compoteira e leve para gelar. Você vai ter doce dos bons por algum tempo, para comer com queijo, creme de leite, sorvete ou puro, raspando bem com uma colher o creme que vira junto a casca. Agora, a quantidade de açúcar é assim mesmo, meio intuitiva, meio caldeirão de bruxa. Abobre-se!