Sábado é dia de samba em Londrina. E samba da melhor qualidade. Quem comanda a roda é o cantor e compositor carioca Moacyr Luz, o Moa. No repertório, sucessos próprios como Saudades da Guanabara, Estranhou o quê?, a belíssima Vida da Minha Vida, e canções de Zé Keti e Nelson Cavaquinho, entre outros ícones da música brasileira.

“Tem sempre um amigo dizendo que tocou em Londrina ou foi dar uma aula em Londrina. Estou curioso para saber o que Londrina tem”, disse ele em entrevista à FOLHA nesta quarta-feira (13), por telefone.

Além de autor de dezenas de canções gravadas por artistas como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Marina Bethânia, Moa é o criador do Samba do Trabalhador, roda realizada todas as segundas-feiras, no final da tarde, no bairro do Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, tida como espaço de resistência política. “O Samba do Trabalhador foi um presente que a música me deu. São 15 anos de uma história muito bonita. “

O compositor está bem preocupado com os rumos do País. “O Brasil de hoje é uma demonstração de que melindres não servem para nada. O rancor levou a população a colocar gente despreparada para governar. O que vemos é o esvaziamento da cultura. O País está retroagindo em todas as conquistas”, critica Moacyr Luz, que tem como parceiros Martinho da Vila, Nei Lopes, Wilson Moreira, Wilson das Neves, Paulo César Pinheiro, Luiz Carlos da Vila e o mais frequente de todos, Aldir Blanc.

Moacyr Luz: "Estou curioso para saber o que Londrina tem"
Moacyr Luz: "Estou curioso para saber o que Londrina tem" | Foto: Leo Aversa/ Divulgação

Em samba composto recentemente, Moa trata do sonho que teve com um país, “onde as pessoas tinham balas de fuzis e o povo andava sem razão de ser feliz”. Esse país está “fora da lei, sem diretriz”, uma “embarcação sem direção”. No sonho mais real que nunca, o compositor fala da saudade do lugar onde aprendeu a “a caminhar com as pernas tortas de Mané e respeitar que cada um tem sua fé”, onde se podia “levar Jesus ao Candomblé”.

Na letra, o carioca diz ainda que tem medo de acordar nesse Brasil do sonho estranho que viveu, no qual “ninguém tinha voz”, pisava no espinho e “cantava baixinho Nelson Cavaquinho”, “tirando toda dor do caminho”.

NOVAS GERAÇÕES

Aos 61 anos, Moa está de olho nas novas gerações de sambista. Cita João Martins e Nego Álvaro como exemplos de quem admira. “Cartola é meu ídolo, mas gosto também dos jovens. Gosto de olhar em volta, ver os contemporâneos, tem muita gente boa no samba.”

Moacyr Luz se apresenta com músicos londrinenses em nova edição do Samba da Madrugada.

SERVIÇO:

Samba da Madrugada com Moacyr Luz

Quando: Sábado (16), a partir das 22h

Local: Rua Paraíba, 574

Ingressos antecipados somente na internet, pelo Sympla, a R$ 25 (já com taxa). Na portaria, serão R$ 30 até a meia-noite.