O cantor Misael é referência para uma geração de admiradores da MPB que nas décadas de 1970 e 80 frequentavam bares como o Cantinho, Artigo 26, Café Set, Clube da Esquina, MPB Bar, Metrô 21 e Sapo´s Bar - só para ouvi-lo. Sensação das noites londrinenses, o músico arrastava os amantes da música popular brasileira onde estivesse e ao todo foram cerca de 30 anos tocando e cantando.

Com autenticidade, escreveu sua história, seu nome é referência para a cultura musical nesse período e, no ano de 1996, quando se mudou com a esposa para os Estados Unidos, uma despedida cercada de emoção foi feita no bar Cervejaria. Na noite em questão, o músico foi homenageado à altura de seu prestígio e deixou muita saudade. Após de 23 anos fora, essa é a segunda vez que retorna ao Brasil para se apresentar e sua aparição é um tanto aguardada.

Programados para sexta-feira (28) e domingo (1), os dois shows permitirão rever Misael e ouvir novamente suas interpretações de Caetano Veloso, Djavan, Ivan Lins, Milton Nascimento e Tom Jobim, entre outros. A segunda apresentação, aliás, é fruto da grande procura e da venda de mesas antecipadas. É um encontro também de antigas amizades, pessoas que frequentavam os mesmos lugares e agora querem mostrar o músico aos filhos. "É uma troca de experiências. "Onde eu ia, o público ia atrás". Misael destaca a importância que Heney Souza teve no começo de sua carreira, assim como valoriza artistas como Lena Camargo Mariano e Palminor Rodrigues Ferreira, o Lápis, e muitos que atuaram em sua época mais ativa. "O Heney comprava os discos de Maísa e Dick Farney e eu aprendia."

Misael começou a tocar aos 15 anos e foi no restaurante Dante, que ficava onde é atual Sercomtel, que passou a conquistar ouvidos exigentes. Ele conta que nessa época, música ao vivo não era costume. Mas logo, logo, o reconhecimento o levou a outros restaurantes como o San Remo, que ficava às margens do Lago Igapó e a música ao vivo virou sinônimo também de atração familiar. Quem frequentou o Castelinho e o Cantinho, certamente se recorda de Misael e ele faz questão de contar que seu começo com a música foi cantando no coral da Igreja Presbiteriana Central. Mas também não se esquece da marcante aparição no programa "O telefone está chamando", na TV Coroados, do apresentador Otássio Pereira, com apenas 16 anos.

Misael: um dos músicos mais conhecidos de Londrina nos anos 1970 e 80, atraia o público que o seguia pelos bares da cidade
Misael: um dos músicos mais conhecidos de Londrina nos anos 1970 e 80, atraia o público que o seguia pelos bares da cidade | Foto: Roberto Custódio

Tempo bom que não se apaga

Nas décadas da carreira pela região, Misael recorda que a transição política - da ditadura para a democracia, marcou sua trajetória profissional. "Ditadura para a música era exigência de criatividade. Precisava ter perspicácia, sutileza. O compositor tinha que falar para o censor que ele era um medíocre, sem que ele entendesse isso - e o público cantava com a gente para se expressar", recorda. Por meio de canções como "Bom Conselho", "Cálice" e "Para Dizer Que Não Falei Das Dlores", os sentimentos de artistas e do povo eram expressados. "Cantar na noite na década de 70 não era fácil, cheguei a ser convidado pela polícia para me retirar de um bar onde tocava", ratifica.

Em Burlington, onde vive com a esposa Gisele e o filho Vinicius, também faz shows. "Não de modo tão intenso como na época em que cheguei. Por oito anos, fiz apresentações no Midle West Grill, entre outros lugares e foi uma troca muito enriquecedora." E por outros tantos anos conciliou a ofício de músico com o trabalho uma livraria. Neste show, Misael, que sempre foi chamado assim, assim prefere. "Só Misael mesmo", confirma. Além dos compositores já esperados, irá irá cantar Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, João Bosco, Taiguara e reggaes populares.

SERVIÇO

Show com Misael
Quando:28/02 e 01/03 Onde: Pier Santa Mônica (Rua da Lapa, 200)
Quanto: Valor do couvert: R$ 15,00
Reservas de mesa: 3344-2913 a partir das 16 horas