Um quinteto de metais é tão comum quanto um quarteto de cordas ou um quinteto de sopros. Mas rara é a ocasião em que uma formação do gênero se apresenta em Londrina. Por isso, hoje é um dia privilegiado no 22º Festival de Música, cuja programação destaca um concerto do Quinteto de Metais de São Paulo.
O concerto começa às 20h30 no Colégio Marista. O conjunto existe há três anos um ano com os atuais componentes. É formado por músicos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, todos com experiência em grupos paralelos menores. ''Os quintetos costumam se dividir entre aqueles que só tocam erudito e aqueles que só tocam o popular. Nós estamos no meio termo mesclando um repertório mais sério com outro mais leve'' diz o trompetista Fernando Dissenha.
O repertório do grupo é eclético, com ênfase nos compositores nacionais. ''Tocamos de tudo. Do erudito ao ragtime. A formação permite essa versatilidade de estilos. Mas nossa prioridade é a música brasileira'' afirma ele. O programa do concerto de hoje à noite confirma a proposta.
O grupo abre com Eric Ewazen (''Frost Fire'') para, na segunda parte, executar composições de Edmundo Villani Cortes (''Beráceas''), José Alberto Kaplan (''Quinteto para Metais'' movimentos Allegro, Caboclinhos e Candomblé), Osvaldo Lacerda (''Fantasia e Rondó'' movimentos En bateau, Cortège, Menuet e Ballet) e Edu Lobo (''Arrastão'' movimentos Borandá e Upa, Neguinho).
Fernando escreveu um arranjo exclusivo para a canção de Edu Lobo. Ele é paranaense de São José dos Pinhais. Foi solista por diversas vezes da Orquestra Sinfônica do Paraná, Orquestra de Câmara de Curitiba, Orquestra de Câmara Brasileira e da própria OSESP. Ainda como solista, estreou em Nova York à frente da Juilliard Orchestra no Alice Tully Hall do Lincoln Center.
Atuou também com a Orquestra Sinfônica da Venezuela em Caracas, Di-Burgas Symphony Orchestra em Anzio (Itália) e American Brass Quintet em Nova York (como instrumentista convidado). O outro trompetista do grupo é Marcelo Matos, que iniciou seus estudos com Antônio Carlos Lopes dos Santos Júnior. Finalista em vários concursos, integrou a Orquestra Experimental de Repertório (1992 a 1997) e atuou como convidado na Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto, Orquestra Sinfônica da Universidade de São Paulo e Orquestra Sinfônica de Santos.
O curitibano José Costa Filho é o trompista do conjunto. Foi vencedor do Concurso Jovens Solistas da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Iniciou-se na trompa aos dezesseis anos, na Orquestra Juvenil da UFPR sob a regência da maestrina Hildegard Soboll Martins. Depois de um curto período de estudos em que frequentou vários festivais e masterclasses, aperfeiçoou-se com Daniel Havens e Zdenek Svab.
Wagner Polistchuk é o responsável pelo trombone. É professor da Faculdade Mozarteum de São Paulo e da USP. Especializou-se na Alemanha com o professor Branimir Slokar. Como solista, realizou vários recitais no exterior. Marcos dos Anjos Jr, por fim, toca tuba. Estudou com Dráuzio Chagas e com Donald Smith. Foi vencedor de vários concursos, atuou como tubista convidado em diversas orquestras destacando-se a Sinfônica do Teatro Municipal, Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo, Sinfônica de Ribeirão Preto, Filarmônica de São Caetano do Sul, Nova Filarmonia e Sinfônica de Pouso Alegre (MG) para citar algumas.
Além do concerto, os cinco músicos estão participando do FML também como professores. José Costa está empolgado com as aulas. ''O nível dos alunos está alto, foi uma surpresa'' revela. Fernando observa, sem muita precisão, que o Brasil abriga três quintetos profissionais de metais. Explica que seu conjunto não entrou no circuito comercial de apresentações por falta de tempo, ou melhor, pela ausência de brechas na agenda da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, na qual todos atuam.
''Ela tem uma agenda concorrida. Como quinteto, só temos chances de tocar nos meses de janeiro e julho, que são os intervalos de férias da OSESP'' conta. Foi assim em janeiro passado, quando seus integrantes participaram da Oficina de Música de Curitiba. Agora, além do festival de Londrina, estarão presentes também no Festival de Inverno de Campos de Jordão. Lá, farão um concerto dentro de uma igreja executando peças barrocas e renascentistas.
Há pouco, receberam um convite para se apresentar na Geórgia, nos Estados Unidos. O concerto está marcado para março de 2003.