São Paulo, 20 (AE) - O dramaturgo Plínio Marcos - morto em novembro do ano passado - é o homenageado especial da edição deste ano do Mês Teatral. Criado em 1978 pela Prefeitura de São Paulo, esse projeto oferece a cada início de ano a oportunidade de ver, ou rever, alguns dos melhores espetáculos teatrais da temporada do ano anterior a preços populares: R$ 5,00 o ingresso.
De sábado até o dia 06 de fevereiro, o Mês Teatral oferece ao público paulistano 15 peças, distribuídas por seis teatros administrados pela prefeitura: Municipal de São Paulo, Alfredo Mesquita, Arthur de Azevedo, Cacilda Becker, Paulo Eiró e Martins Pena. Os ingressos são vendidos apenas nas bilheterias dos respectivos teatros pouco antes do início dos espetáculos. Essa prática costuma provocar alguma espera na fila e tem como objetivo evitar a ação de cambistas. Mas a relação custo/benefício compensa.
Há espetáculos para todos os gostos. Atrizes consagradas como Walderez de Barros, que atua ao lado de Xuxa Lopes em "A Rainha da Beleza de Leenane" e Denise Weinberg, que interpreta a prostituta Neusa Suely em "Navalha na Carne" integram a programação ao lado de jovens atores como a dupla Isabel Teixeira e Luciano Schwab, de "ágatha", ou a atriz Rita Elmôr, intérprete do monólogo "Que Mistérios Tem Clarice".
Também participam do Mês Teatral algumas das melhores companhias teatrais paulistanas. Entre elas, a premiada Companhia do Latão, de Sérgio Carvalho e Márcio Mariano, com a peça "O Nome do Sujeito", uma versão brasileira da conhecida história do homem que vende a alma ao diabo, e a divertida Companhia de Artes e Malas-Artes, com a comédia "Till Eulenspiegel", de Luís Alberto de Abreu. Barrela - A montagem de "Barrela", de Plínio Marcos, dirigida por Sérgio Ferrara, abre a programação. Primeiro texto escrito pelo dramaturgo, em 1958, inspira-se na história verídica de um garoto preso e estuprado ao dividir a cela com marginais violentos em Santos. Antonio de Andrade, Jairo Mattos e Antonio Petrin integram o elenco da surpreendente montagem que conseguiu levar ao palco com rara felicidade a tensa situação dramática recriada com talento de mestre pelo então iniciante Plínio Marcos.
Escrita cerca de dez anos depois de Barrela, "Navalha na Carne" também integra a programação na elogiada montagem do Grupo Tapa, que estará no dia 29 no Teatro Paulo Eiró. Na encenação ultra-realista de Tolentino, o espectador acompanha como se estivesse dentro de um quarto de hotel barato a relação entre a prostituta Neusa Suely, seu cafetão Vado (Zé Carlos Machado) e o homossexual Veludo (Guilherme SantAnna).
O Grupo Tapa participa ainda com o espetáculo "As Viúvas", composto por três comédias curtas de Arthur de Azevedo
primeira direção da atriz Sandra Coveloni. Ambientado no século passado, mostra as divertidas estratégias de três viúvas para conseguir um novo marido. O Tapa é ainda parceiro do Grupo Folias DArte no musical "Surabaya Johnny", dirigido por Marco Antônio Rodrigues. Doze atores cantam, dançam e tocam diversos instrumentos ao vivo nos 13 números musicais do espetáculo, cujo cenário é a tumultuada Berlim dos anos 30. Delicadeza - Musicais não faltam nesta edição do Mês Teatral. O cantor Vicente Celestino é o protagonista de "Acordes Celestinos". Com texto e direção de José Rubens Crachá, a divertida comédia flagra o cantor no céu, onde ele encontra Carmem Miranda e Francisco Alves antes de reencarnar. A tom musical predomina em "CoraSão Paulo", de Carlos Alberto Sofredini, e "Alma de Todos os Tempos", dirigido por Gabriel Villela.
O tom intimista e a delicadeza marcam o ótimo "O Caderno Rosa de Lori Lamby", de Hilda Hilst, monólogo dirigido por Bete Coelho, com Iara Jamra. Ainda na programação, "A Falecida", de Nélson Rodrigues, com a Cia. de Teatro Fábrica São Paulo, e "Ophélias", direção de Ruy Cortez. (B.N.) Serviço - "Acordes Celestinos". De José Rubens Chachá. Direção de José Rubens Chachá e Ary França. Duração: 1h35. Sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas. R$ 5,00. Teatro Paulo Eiró. Avenida Adolfo Pinheiro, 765, tel. 546-0449 "Barrela". De Plínio Marcos. Direção de Sérgio Ferrara. Duração: 50 minutos. Sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas. R$ 5,00. Teatro Cacilda Becker. Rua Tito, 295, tel. 864-4513 "CoraSão Paulo". Texto e direção de Carlos Alberto Soffredini. Duração: 1h30. Sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas. R$ 5 00. Teatro Alfredo Mesquita. Avenida Santos Dummont, 1770, tel. 6221-3657 "Till Eulenspiegel". De Luis Alberto de Abreu. Direção de Ednaldo Freire. Duração: 1h40. Sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas. R$ 5,00. Teatro Arthur Azevedo. Avenida Pais de Barros
955, tel. 292-8007