Megablocos dominam o Carnaval de rua das capitais
De São Paulo à Bahia, desfile dos blocos arrastam multidões no final de semana e ainda vem muita folia por aí
PUBLICAÇÃO
domingo, 11 de fevereiro de 2024
De São Paulo à Bahia, desfile dos blocos arrastam multidões no final de semana e ainda vem muita folia por aí
Folhapress
SÃO PAULO, SP, RIO DE JANEIRO, RJ, SALVADOR, BA, BELO HORIZONTE, MG, E RECIFE, PE (FOLHAPRESS) - O sábado do Carnaval 2024 foi marcado pelos cortejos de megablocos pelas ruas das principais capitais do país.
Em São Paulo, o Tarado Ni Você, criado em homenagem a Caetano Veloso há dez anos, abriu os festejos. O público, porém, ficou aquém dos últimos anos.
No início do cortejo, foliões encontraram espaço de sobra no cruzamento entre as avenidas Ipiranga e São João, no centro da capital paulista - local eternizado por Caetano na canção "Sampa", tocada logo na abertura da festa.
Na sequência, a banda foi emendando sucesso atrás de sucesso do cantor baiano, enquanto uma massa trajada de sungas, biquínis e maiôs (peças majoritariamente brancas) pulava em sincronia.
LEIA TAMBÉM:
Já sabe onde vai sambar? Confira o roteiro do Carnaval de Londrina
Matinês londrinenses põem os pequenos na roda
Guilherme Boulos (PSOL), candidato à Prefeitura de São Paulo, foi recebido com gritos de "prefeito, prefeito" e abraçou seus admiradores. A situação do psolista contrasta com a do atual Ricardo Nunes (MDB), vaiado pelo público no sambódromo do Anhembi na noite anterior, na abertura do desfile de Carnaval.
Em outro bloco, o Agrada Gregos, considerado o maior bloco LGBTQIA+ do país, a multidão era tão grande que algumas pessoas decidiram pular as grades de contenção e os tapumes de metal que cercavam a área no parque do Ibirapuera para escapar da muvuca. Foliões diziam que estava insuportável ficar no local, atrás do trio elétrico, por causa do grande número de pessoas aglomeradas.
Já no Minhoqueens, na região central de São Paulo, o lema dos foliões que encararam o desfile sob quase 40°C foi cor, cor e mais cor. O bloco acolhe a comunidade LGBTQIA+, que proporciona um espetáculo com vestimentas em todos os tons.
A situação era muito diferente de outros blocos que circularam pela cidade, em que foliões apostaram em roupas de pouca produção. "Isso é o Brasil gay e sapatão, meu amor. Não tem miséria", declarou a estilista Vanessa Guerra, 25. Ela preparou uma maquiagem de arco-íris elogiada por muitos na festa.
PAOLLA OLIVEIRA É ACLAMADA NO BOLA PRETA
Sob a aclamação de foliões, a atriz global Paolla Oliveira desfilou como rainha do bloco do Cordão da Corda Preta, no Rio de Janeiro. Antes de subir ao trio elétrico, a artista, sempre acompanhada por seguranças, parou para tirar foto com fãs, apertou a mão dos que estavam do lado de fora do cordão e posou para os fotógrafos que disputavam, entre cotoveladas, sua imagem.
Campeões da primeira competição da RioTur para representantes da população LGBTQIA+ na Corte do Carnaval, Marcelo Mariano, 20, e Junior Rodrigues, 23, desfilaram à frente do bloco. Esta é a primeira vez que esse segmento da população tem representação pela RioTur. Ambos conseguiram esse papel por meio de uma competição de dezembro de 2023.
Já o bloco Terreirada Cearense, também na capital fluminense, precisou parar após uma barraquinha de pipoca pegar fogo em meio ao público. Os bombeiros foram acionados para conter as chamas. Não houve feridos.
Foi a segunda vez que o bloco precisou parar o cortejo. A primeira foi para encontrar uma criança que havia se distanciado dos pais. As duas interrupções duraram cerca de 20 minutos.
O BRILHO DO GALO DA MADRUGADA
Em Recife (PE), a cantora Gaby Amarantos se apresentou no Galo da Madrugada e aproveitou para declarar todo seu amor por Reginaldo Rossi em sua fantasia. O eterno Rei do Brega é o homenageado desta edição.
"Ele era e continua sendo meu rei. Me chamava de 'minha filha', ele faz muita falta! Reginaldo pavimentou a estrada que eu hoje sigo dentro da minha música. Ele era popular e é isso de que se trata o Carnaval, o Galo da Madrugada", celebrou a paraense.
Os foliões, no entanto, reclamaram dos poucos banheiros químicos disponíveis no percurso. Assim, o jeito foi pagar para se aliviar. A placa acima da entrada de um dos pequenos espaços indicava R$ 2 para uso do banheiro e R$ 5 para quem quisesse usar o chuveiro. Mas os preços variavam de acordo com o local e a estrutura, ficando em média de R$ 2 a R$ 4.
E mesmo quem não tinha banheiro na região do Carnaval lucrou com o problema. Uma ambulante montou uma tenda, na calçada, onde as pessoas pagavam R$ 2 para fazer xixi no chão (mas protegidas dos olhares alheios). Outros não se fizeram de rogado, e não foram poucos os flagrados se aliviando nas esquinas.
Procurada, a Prefeitura de Recife afirmou que a responsabilidade pelos banheiros químicos é da organização do Galo, que não respondeu até a publicação deste texto.
SALVADOR E O 'ENGARRAFAMENTO DE TRIOS'
Em Salvador (BA), o desfile de trios elétricos no circuito Barra-Ondina, um dos mais movimentados do Carnaval da cidade, registrou atraso de cerca de duas horas.
A região do Farol da Barra enfrentou uma espécie de engarrafamento de trios elétricos, com veículos estacionados prontos para iniciar o desfile e outros manobrando e seguindo na direção contrária, em direção ao fim da fila. A prefeitura informou que trios e carros de apoio quebraram no local de desarme, na praça Eliana Kertész. Com isso, os veículos passaram do horário previsto para voltar ao ponto de armação, no bairro da Graça.
No Pelourinho, a festa foi pelos 45 anos do grupo Olodum. As cores verde, vermelho, amarelo e preto, que simbolizam o pan-africanismo, tomaram as ruas na tarde de sexta-feira (9), reunindo milhares de foliões, incluindo turistas, que foram conferir a batida do samba-reggae, uma das células da música de Carnaval da Bahia.
CIDADES MINEIRAS ATRAEM FOLIÕES
Belo Horizonte (MG) faz um ótimo Carnaval, os mineiros não deixam por menos quando o assunto é folia, muitas vezes com críticas à política nacional.
Bem mais tradicional que o de Belo Horizonte, o Carnaval nas cidades históricas de Minas Gerais continua atraindo gente mesmo após o da capital se transformar no queridinho dos foliões do estado. Em cidades como Ouro Preto, Diamantina e Congonhas segue vivo o pular Carnaval em meio a casarões, monumentos históricos, subindo e descendo ladeiras.
Em Ouro Preto, o bloco "Zé Pereira do Clube dos Lacaios", de 157 anos, abriu a festa na cidade. O "Vermelho i Branco" também foi às ruas entoando marchinhas.