Imagem ilustrativa da imagem Matemática sem mistérios
O método proporciona uma aproximação maior coma realidade o que facilita o ensino da Matemática
Imagem ilustrativa da imagem Matemática sem mistérios
| Foto: Fotos: Gina Mardones
Jaqueline Sgarbossa de Carvalho, da Escola Municipal da Vila Brasil, diz que os alunos precisam de "material concreto"
Imagem ilustrativa da imagem Matemática sem mistérios
| Foto: Marcos Zanutto
Professoras fazem curso de formação para trabalhar com jogos e brincadeiras que permitem uma forma lúdica de aprendizado



Pergunte para pessoas ao seu redor com mais de trinta anos como era a relação com a disciplina de Matemática na escola. Certamente, grande parte vai responder que considerava difícil, complicada e, ainda, inaplicável no dia a dia. Essa percepção só mostra que a cultura da resolução de cálculos, muitas vezes mecânica, de certa forma só fortaleceu uma imagem negativa para a matéria. Ficava restrita a quem demonstrava uma aptidão para área de Exatas, afastando, portanto, aqueles com mínima dificuldade com os números. E isso se estende em grande proporção até os dias atuais.

Pensando em mudar ou, ao menos, minimizar essa situação e facilitar a vida dos estudantes, pesquisadores da área e professores brasileiros têm trabalhado para oferecer uma metodologia mais próxima da realidade e de fácil compreensão. Para quem teve de decorar tabuada para as soletrar nas temidas provas orais e, anos mais tarde, ter de encontrar o valor de X naquele emaranhado de números, pode parecer uma tarefa impossível de ser realizada. Mas trabalhos e programas desenvolvidos no município de Londrina estão com essa missão e já começam a mostrar resultados nos primeiros anos do Ensino Fundamental.
Desde 2011, a equipe Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação tem oferecido anualmente o programa Alfabetização e Letramento em Matemática (ALFMAT), cujo objetivo é ampliar o conhecimento dos professores da rede na utilização de metodologias, mostrar possibilidades de recursos didáticos para o ensino da Matemática e, assim, tornar o aprendizado das crianças mais prazeroso. "É um curso de formação continuada em que os professores, durante quatro meses, entram em contato com novas formas de ensino", resume Regina Aparecida Oliveira, idealizadora e coordenadora do programa.
A formação surgiu de uma demanda dos próprios professores que relatavam as dificuldades no ensino observadas nos alunos, que eram comprovadas com o baixo aproveitamento e resultados nas provas sistêmicas. "Até mesmo os professores têm muitas dificuldades em trabalhar a Matemática de forma que não seja apenas a memorização, repetição e reprodução. Assim, por meio do curso, mostramos novas possibilidades de ensino e de recursos pedagógicos para que os professores mudem a prática mecânica e levem o aluno à reflexão e ao aprendizado significativo. A criança faz parte, desde o início, da construção do conceito e entende o motivo pelo qual está estudando determinado assunto."
O termo alfabetização e letramento, segundo ela, são oportunos e visam uma proposta de intervenção produtiva logo no primeiro ano de ensino. "Esse primeiro contato é determinante para os anos seguintes da vida escolar do aluno." Com materiais acessíveis, que vão de palitos de sorvete a tampinhas de refrigerante, professores introduzem a matéria de forma que os alunos possam fazer articulações da Matemática nas práticas sociais, ou seja, fora da escola. "O prazer ou interesse está vinculado à necessidade de aplicação dos conceitos na vida, reforçado pelo significado daquela informação. O professor consegue excelentes resultados somente com giz, porém, a utilização de materiais manipuláveis facilita a aprendizagem", diz ela, citando situações lúdicas como simulação de compras com dinheiro fictício e jogos diversos, como boliche, dominó e o famoso material dourado.
Durante o curso, os professores aprendem sobre "O sistema de numeração decimal e o sistema de medidas na perspectiva da resolução de problemas"; "O ensino de frações, números decimais e porcentagem na perspectiva da resolução de problemas"; "A geometria plana e espacial na perspectiva da resolução de problemas"; e a "Avaliação Processual: análise de produções escritas dos alunos em questões de matemáticas".

NA PRÁTICA
Há quase dois anos, a professora da Escola Municipal da Vila Brasil, Jaqueline Sgarbossa de Carvalho, trabalha com jogos e brincadeiras nas quais os alunos do primeiro ano têm contato com a Matemática de forma lúdica. "Nessa idade, eles precisam do material concreto, palpável, para conseguirem realizar conexões com os processos básicos como seriação, classificação e ordenação, por exemplo." Para isso, ela utiliza materiais como palitos de sorvete coloridos, botões, dados, tampas de cores e tamanhos diferentes e os blocos lógicos. "Depois desse contato, fazemos a sistematização no caderno em situações-problema."
No decorrer das séries, as atividades vão sendo incrementadas e aperfeiçoadas de forma que as relações fora da escola passam a fazer sentido. "Eles começam a fazer análises reflexivas no dia a dia e percebem o quanto é importante na vida, como quando compreendem os dados e índices de um gráfico no jornal, conseguem fazer comparação entre preços de produtos, os resultados da aplicação dos juros e tantas outras situações em que a Matemática é aplicada. Vai muito além de realizar uma conta para encontrar um resultado", completa a supervisora Rosângela Ferreira.