SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Foi uma surpresa quando o ator Marcelo Serrado, 53, atendeu o telefone e do outro lado da linha era a direção da Escolinha do Professor Raimundo convidando-o para integrar a trupe. Serrado, que diz ser fã do humorístico comandado pelo amigo Bruno Mazzeo, 43, aceitou o desafio de dar uma nova vertente ao personagem Ptolomeu.

"Quis botar o meu repertório no Ptolomeu. Por isso não assisti nada dele para poder dar a minha cara, fazer a minha releitura. Claro, sem perder as principais características", diz o ator em entrevista ao F5, por telefone. Antes dele, já protagonizaram o estudante engomadinho e metido a sabichão os atores Nizo Neto, Otaviano Costa e Bruno Garcia.

"Os trejeitos dele eu mudei. Fiz da minha maneira, sem perder a essência de almofadinha. Cada um fez da sua maneira. Comparações não existem. Ninguém compara o Marcelo Adnet de Rolando Lero com o Rogério Cardoso [1937-2003]. Ninguém compara o Otávio Müller com o Walter D'Ávila [no papel de Baltazar da Rocha]. É uma releitura", afirma Serrado. Ele diz ainda que não pode improvisar muito na pele de Ptolomeu, pois o personagem fala tudo muito certinho e de forma rebuscada.

Na sexta temporada do humorístico, o público poderá reviver personagens icônicos e homenagens. Com direção artística de Cininha de Paula e redação final de Angélica Lopes e Leonardo Lanna, o humorístico estreia retorna neste domingo (18), às12h45, na Globo, e na segunda (19), às 20h, no canal Viva, com 14 episódios.

Na estreia, a turma tem uma aula por videoconferência na qual os personagens passam pelas mesmas dificuldades daqueles que estudam no ambiente virtual por causa da pandemia do novo coronavírus. De volta à escola, na sala haverá álcool em gel e distanciamento entre os alunos. E isso vai gerar piadas.

"Mudou muita coisa no jeito de gravar com mais segurança. Cada um tem seu camarim, fazemos exame toda semana. São protocolos internacionais. A única coisa ruim é não poder abraçar os amigos. Mas é um mundo novo", diz Serrado.

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Além da homenagem a Chico Anysio (1931-2012), criador da Escolinha e do Professor Raimundo, hoje interpretado por Bruno Mazzeo, filho do humorista, o elenco também vai interpretar personagens icônicos já vividos pelos atores em outras produções. Destaque para Félix, sucesso de Mateus Solano em "Amor à Vida" (Globo, 2013), Leleco, personagem de Marcos Caruso em "Avenida Brasil" (Globo, 2012), Valéria, interpretada por Rodrigo Sant'Anna, e Lucicreide, vivida por Fabiana Karla, do Zorra Total.

Marcelo Serrado, por sua vez, vai reviver Crô, interpretado por ele em "Fina Estampa" (2011) -trama que foi reprisada recentemente na faixa das 21h da Globo. O ator conta que reviu algumas cenas de Crô para introjetar os trejeitos peculiares do personagem. "Foi uma surpresa boa [saber disso]. É meu principal personagem, aquele que foi para outras dimensões, embora tenha feito outros que misturavam drama com humor. Foi agradável, não esperava estar perto de Valéria, do Félix, do Leleco."

Nos bastidores, Serrado revela ter virado "um bobão de tanto rir". O ator também já se prepara para a próxima trama das 19h da Globo, "Cara e Coragem", que ainda não tem previsão de estreia. Na trama de Claudia Souto, ele vai interpretar um dublê na faixa dos 50 anos que começa a enfrentar dificuldades para executar algumas ações de seu trabalho devido às dores.

"Depois da pandemia eu tenho seis filmes para lançar e um musical", adianta o ator, que já perdeu quatro quilos para o personagem. Nessa preparação para o papel está incluso o ritmo frenético das gravações, a cada 15 dias, do Dança dos Famosos, quadro do Domingão do Faustão, do qual ele faz parte em 2020.

O elenco também traz Marcelo Adnet, como Rolando Lero; Lúcio Mauro Filho, como Aldemar Vigário; Betty Gofman, como Dona Bela; Rodrigo Sant'Anna, como Batista; e Mateus Solano, como Zé Bonitinho, entre outros.

Intérprete de Aldemar Vigário, Lucinho conta que voltar a gravar em meio a uma pandemia foi uma mistura de sensações. "É nítido que o clima é diferente, que as pessoas estão muito concentradas e muito quietas ainda. E isso é muito diferente do tradicional, porque trabalhar na televisão, no audiovisual de um modo geral, é sempre divertido. As pessoas são sempre queridas e falantes."

De acordo com a Globo, todos os protocolos são seguidos para que uma produção como esta, com muitos artistas juntos, possa ir ao ar. "Tem outro lado que é maravilhoso, de ver que os colegas estão seguindo a risca o protocolo da empresa. Não poderia ser diferente. Dá um alívio de saber que as pessoas estão cientes da gravidade e fazendo de tudo para voltar da melhor maneira possível", comenta o ator.

O confinamento do seu Aldemar Vigário, diz Lucinho, serviu para que ele continuasse a pesquisa para descobrir se existe alguém que consiga superar o professor Raimundo -no assunto que for. "E esses seis meses serviram para ele concluir que realmente não em jeito. O professor Raimundo é insuperável", diverte-se.

Intérprete de Dona Bela, Betty Gofman afirma que se diverte demais ao atuar na Escolinha. De acordo com a atriz, o tema da pandemia serviu de inspiração para esta temporada. Inclusive, diz ela, gerou muitas piadas para a sua personagem que sempre fala alguma coisa e se arrepende depois.

"A Dona Bela é atrapalhada com a tecnologia, ela fala uma coisa e depois fica com vergonha de ter falado, porque se tocou que estava na aula online. É divertido e muito legal. Dentro de toda essa maluquice e essa grande tristeza, a gente tem que tirar sempre alguma alegria", revela a atriz.

Marcelo Serrado concorda que fazer humor na pandemia é levar a situação de uma forma mais leve. "O teatro está voltando, a música, é um novo mundo. Temos de trazer comédia neste momento. É o que todos precisam. A vida está dura, mas rir um pouco faz bem à alma."