Desde a estreia em 13 de dezembro, o documentário "Se Eu Fosse Luísa Sonza", exibido na Netflix, tem arrancado elogios de quem quer ver a pessoa por trás da personagem que se apresenta nos palcos. O que se vê é uma Luísa com as inseguranças naturais de alguém que se transforma em estrela aos 24 anos, narrando sua experiências não apenas como uma pessoa vitoriosa mas, literalmente, removendo a espessa maquiagem para que apareça o rosto real, cheio de espinhas, lágrimas, estresse e angústias. Está ali o retrato fiel da cantora pop mais talentosa e polêmica do momento.

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A carreira que começou na infância, na pequena cidade de Tuparendi (RS), com menos de 6 mil habitantes, cresceu em águas nem sempre tranquilas. Foram muitas as fofocas, as fake news, os cancelamentos e linchamentos virtuais que cresceram a partir do seu relacionamento com youtuber, cantor, compositor e comediante Whindersson Nunes, com quem ela se casou aos 19 anos para se separar pouco tempo depois.

Recentemente, Whindersson Nunes voltou à cena como tendo um possível romance com Jéssica Canedo, de 22 anos, a jovem que acabou se suicidando por não aguentar as ofensas que se seguiram às mentiras nas redes sociais. Na verdade, os linchamentos virtuais continuam se sucedendo sem que as grandes plataformas on-line se responsabilizem pela veiculação de conteúdos que agridem pessoas até a morte.

RÓTULOS QUE FRAGILIZAM

Quando se casou com Whindersson, Luísa passou a ser caluniada como "interesseira". O rótulo a fragilizou e prejudicou, mas ela deu a volta por cima para brilhar no palco como uma artista do mainstream, como gosta de destacar para explicar o motivo de enfrentar tantos desafios.

No documentário, sem máscaras - e são poucos os artistas que topam aparecer "feios" e sem glamour num filme sobre suas vidas - ela esbanja autenticidade, temperada a fragilidades que a fazem crescer, mesmo depois de afundar em fases depressivas.

Luísa Sonza:  documentário traz as conquistas e angústias da artista que se coloca no mainstream
Luísa Sonza: documentário traz as conquistas e angústias da artista que se coloca no mainstream | Foto: Netflix/ Divulgação

Com os pais, amigos e pessoas da equipe dando depoimentos, o documetário, dirigido por Isabel Nascimento Silva (Primavera das Mulheres) é um manifesto de liberdade pessoal e artística, com todas as suas consequências.

A cantora, comparada no pop ao que foi Marília Mendonça no sertanejo, dá voz à mulher nas composições que destacam a condição feminina na vida e nos relacionamentos, seus manifestos musicais soam com liberdade e atitude. Ela enfatiza que gosta de "compor músicas com histórias."

Em 2023, depois de lançar "Chico", uma canção dedicada ao influencer Chico Moedas, que toca pela emoção contida num relacionamento amoroso, ela atingiu de novo os primeiros lugares no streaming, um sucesso seguido pela divulgação do término de seu namoro. Luísa divulgou o fim do relacionamento em setembro no programa Mais Você, de Ana Maria Braga, após relatar a descoberta de que seu grande amor a havia traído. O término do romance suscitou não apenas um pedido de desculpas de Chico nas redes sociais, mas um grande buxixo sobre a infidelidade.

A música aparece no documetário como um grande sucesso, sem denotação de mágoas.

Cofira o trailer de "Se Eu Fosse Luísa Sonza":

UMA VIDA INCESSANTE

O que se vê no filme "Se Eu Fosse Luísa Sonza" é a busca de consolidação de uma carreira já vitoriosa apesar dos percalços. Trata-se de uma Luísa que não para, a ponto do movimento incessante prejudicar até mesmo sua saúde física e mental. Essa é a parte que escapa do estrelato para a vida real da artista que faz exames para detectar não só uma, mas quatro úlceras no sistema digestivo, que assume tomar altas doses de Rivotril, "conforme a necessidade", que já teve crises de pânico e até mesmo delírios com flashes de uma suposta "perseguição". Ela relata como numa sessão de massagem, deitada de costas, supôs que a massagista poderia matá-la, num delírio que a deixou em pânico. Porém, dos escombros da fama, ela sempre ressurge como a Fênix capaz de mobilizar multidões como na exibição excepcional no Rock in Rio e outros grandes festivais, sendo elevada à condição de cantora pop número 1, hoje, no Brasil.

Dedicada até o extremo à carreira, ela é a Luísa Sonsa famosa e deprimida muitas vezes, como quando conversa ao telefone com a mãe se queixando dos compromissos sem pretender abandoná-los em nenhum momento. A impressão é que a cantora carrega uma carga pesada de fama e vitórias. As queixas ficam por conta das experiências no mainstream que a consomem ao mesmo tempo que a contemplam com o que ela mais quer: ser uma cantora e compositora famosa, o que já conseguiu, realizando o sonho que parecia impossível para a menina que começou a cantar e a se apresentar aos cinco anos na cidade gaúcha de menos de 6 mil habitantes. Uma trajetória e tanto. Na verdade, uma glória que, apesar de tudo, parece não lhe subir à cabeça quando exibe espinhas, lágrimas, estresse e angústias como a Luísa real.

SERVIÇO:

Se Eu Fosse Luísa Sonza

Em exibição na Netflix

Gênero: documentário

Direção: Isabel Nascimento Silva