Frio, fome e sono são privações que por si só roubam o humor das pessoas no cotidiano. Imagine somar a isso a falta de teto, isolamento social, eletrônico e ser deixado em um local ermo, cercado de adversidades naturais e sem uma muda de roupa: bem-vindo à 3ª Temporada do Programa Largados e Pelados Brasil.

A estreia é nesta quinta-feira (29) no canal Max Brasil e no dia 3 de março no Discovery. Aos simpatizantes do formato, um motivo a mais para acompanhar a saga dos protagonistas: nesta edição, o londrinense Richards Moura está entre os 10 selecionados e também é o primeiro paranaense a entrar no jogo.

Na mesma noite, às 20 horas, o primeiro dos 21 episódios será exibido na sala de cinema do Espaço Villa Rica, às 20 horas. Um pouco antes, às 19h30, Moura irá conversar com o público e no final da sessão também estará à disposição. Trata-se de um evento beneficente e o valor da entrada é R$ 60 reais.

Esta temporada foi gravada no Gran Chaco, Argentina, uma vasta planície de floresta e selva, onde Richards e mais nove brasileiros enfrentaram adversidades climáticas e predadores como onças, piranhas e jacarés.

Empresário, fundador da R80 Assessoria de Corrida, palestrante e reconhecido pela paixão em promover saúde e bem-estar, Moura é natural de Campo Mourão, casado e pai de um casal de adolescentes. Montanhista profissional, é referência na conquista de centenas de montanhas solo e como guia de expedições particulares e corporativas com plena segurança.

Movido a desafios, desde a primeira edição alimenta o sonho de integrar o programa e o apoio da família foi fundamental para encorajar seus planos. Selecionado entre 20 mil pessoas, mantém sob sigilo o que é confidencial e adianta que entre as experiências que viveu uma das maiores foi uma grande conexão com si, com suas convicções e valores. Nesta entrevista, divide com os leitores da FOLHA esse momento e como foi o seu preparo para aquele que considera o maior desafio de sua vida.

A que você atribui a aprovação de seu currículo para integrar o programa?

Entre os picos que já desbravei, destaco minhas três ascensões: topo da África no Kilimanjaro, o topo das Américas no Aconcágua, e o cume da Europa no Monte Elbrus. Em 2023, encarei o desafio do El Cruce, uma das provas mais difíceis do mundo, cruzando a linha de chegada dos 100km e mais de 5 mil metros de altimetria, sendo o primeiro brasileiro a cruzar a linha de chegada, na minha etapa, desta edição. Além disso, a minha primeira caça de passarinho foi com nove anos. Juntei com os amigos da rua e caçamos uns 80 passarinhos e fizemos um churrasco. Sempre estive no meio do mato fazendo armadilha caçando coelho e essa essas habilidades de caça e em meio à natureza contam a meu favor porque são para sobrevivência.

O que foi mais complexo? Estar no meio do nada largado ou pelado?

Diante das condições do lugar e dos riscos, ficar pelado não é nada. Tinha que estar concentrado, me virar, sem ninguém para ajudar e usar todas as minhas forças e há muitas situações de pura questão de sobrevivência, realmente de vida ou morte e estar sem roupa se torna irrelevante.

Como foi guardar segredo por tanto tempo e de tantas pessoas?

Só minha esposa e meus filhos sabiam e tiveram que assinar um contrato também para manter o sigilo também. Meu filho de 12 e minha filha de 14 até falam: "Nossa, foi o primeiro contrato que eu assinei na minha vida", recorda.

Como foi o seu preparo?

Entendi que deveria me preparar para melhorar minhas chances para honrar a minha família, minha cidade e a bandeira do Brasil. E preparo inclui estratégia, planejamento e além do treinamento físico, o preparo do psicológico. Eu pensei em estudar mais, treinar mais, só que esse é um desafio praticamente impossível, é como se você caísse de um avião em uma floresta e lá no meio você vai aprender a sobreviver lá.

O que pode contar da rotina de gravações?

Na gravação, o desafio é de 21 dias. A equipe nos grava durante o dia e de noite vamos dormir. Se você sai dessa circunferência ali do lugar onde você vai dormir, você leva uma câmera e você vai filmando o que você está fazendo. A intenção é registrar tudo da forma mais real possível. A equipe não interage, agem como fantasmas e nos ignora o tempo todo, é a regra. Se o participante está sendo gravado e um jacaré o ataca por trás, eles fazem a imagem de o jacaré mordendo e não interferem.

Como é a responsabilidade do programa sobre algo mais grave?

Só em caso de extrema urgência um médico é chamado para socorrer e só nesse caso que eles vão interagir. O participante tem total liberdade de sair no momento em que quiser. E isso mexe muito com a mente de todos porque pedir para sair é como ter a liberdade de deixar o inferno e ter um verdadeiro livramento, mas também de deixar o desafio.

Vocês usam uma pequena bolsa transversal. O que tem dentro dela?

Aquela bolsa serve para o caso de eu achar alguma coisa como um item que vou produzir como cipó, madeira e deposito na bolsa. Mas não posso a bolsa para fazer uma armadilha e nem contar com ela para nada.

Quais as grandes dificuldades que enfrentou e o que pode contar?

O frio da noite , o calor do dia e a imunidade diante dessas mudanças de tempo constantes. Além disso, matar para poder comer se torna uma questão de sobrevivência. Do contrário e sem técnica, conhecimento e habilidade, você se torna a caça. Por isso, afirmo que o local faz jus ao nome, é algo bizarro que chega a me arrepiar só de lembrar.

Você não pode contar quando o jogo termina para você. Mas ficou satisfeito?

Na minha opinião, quem conseguiu ficar um dia ou dois já é vitorioso. Só a dificuldade da seletiva é um desafio vencido. Fui para ser o Richards, viver cada momento intensamente, feliz e grato a Deus por tudo.

Você descobriu que é mais forte do que imaginava e também conheceu mais os seus limites?

Esse é considerado o desafio de sobrevivência mais difícil do planeta e uma certeza eu tenho: me descobri uma pessoa mais forte e o meu objetivo era voltar para casa, para minha família e minha cidade uma pessoa melhor. E esse objetivo alcancei. Em relação aos limites, não tenho muito não. Eu sei empurrar o meu limite para a frente e isso é exatamente o que ensino às pessoas. E, com certeza, esse desafio empurrou o meu limite.

O programa surpreendeu você?

Antes de o desafio começar foi me dada a chance de fazer a última pergunta sobre como seria o jogo. Eu quis saber se realmente o que viveríamos ali seria real e o que aconteceria dali para frente verdadeiro. E o diretor que já atuou em grande realities me disse olhando nos meus olhos que esse é o programa mais real do Planeta Terra. E hoje, posso confirmar isso.

De zero a 10, qual o nível de perigo e risco de morte você classifica o programa?

Considero oito e quase, quase próximo ao risco máximo.

Tem alguma dica para quem pensa em se inscrever um dia?

Recomendo que acredite no seu sonho, no seu potencial e que aumente a sua capacidade de adaptação em relação às dificuldades, ao poder da natureza sobre o ser humano e que você reforce muito sua capacidade e força porque você vai precisar muito.

O que essa participação representa para você profissionalmente?

Eu trabalho com pessoas, sou um treinador e na minha rotina faço o bem. Quando vou pra um desafio desses aprendo e sofro. E quando a gente sofre, a gente cresce para as pessoas que nos cercam e que podemos transformar e sermos transformado por elas. Meu grande propósito é esse.

SERVIÇO

3ª Temporada do Programa Largados e Pelados Brasil

Quando: quinta-feira (29), às 20 horas

Onde: Espaço Villa Rica - Rua Piauí, 211

Classificação: 14 anos

Ingresso: R$ 60 reais - Sympla

Conheça mais o participante: @richards_moura80

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Estreia do programa: canal Max Brasil

Data: Quinta-feira (29)

Discovery +

Data: Domingo (3), às 20h30