Therese vive no ano de 2983. Nicholas vive no ano de 2715. Vivem em tempos diferentes. Em futuros diferentes. Uma diferença de quase três séculos. Um encontro entre os dois seria algo impossível. Um amor capaz de unir Therese e Nicholas seria inimaginável.

Flavio Lanaro: "Uma premissa que adotei para a obra é que seria uma “distopia do bem”. Já temos muita violência e agressividade na vida real"
Flavio Lanaro: "Uma premissa que adotei para a obra é que seria uma “distopia do bem”. Já temos muita violência e agressividade na vida real" | Foto: Roberto Francisco/ Divulgação

Mas em “Árvore Cósmica”, romance do publicitário londrinense Flavio Lanaro, um encontro desse tipo torna-se totalmente possível e viável através da ficção científica.

Publicado pela editora Giostri, o lançamento do livro acontece dia 23, próximo sábado, na Livraria da Vila do Shopping Aurora. “Árvore Cósmica – Ou a Duração Relativa das Coisas” narra a história de Therese e Nicholas, dois jovens que fazem uso das novas tecnologias do futuro para viajar no tempo-espaço.

Vivem numa época em que existe a possibilidade das pessoas viverem no tempo e no espaço que bem entenderem em nome da felicidade. “Árvore Cósmica” traz uma nova e otimista utopia de liberdade. A seguir Flavio Lanaro fala sobre o livro.

Você começou na literatura publicando poesia na década de 1980 e agora está lançando um romance. O que aconteceu nesse tempo todo?

Nos anos de 80 fiz parte do movimento universitário de Londrina que revelou Rodrigo Garcia Lopes, Nelson Sato, Cacá Francovig, Alexandre Horner, entre outros. Alguns seguiram na literatura, outros não. Eu segui como redator publicitário por 25 anos, tentando contar histórias em 30 segundos. Depois da publicidade, me inspirei nas palavras de Herman Melville quando leu “Frankenstein” de Mary Shelley e disse: “Eu preciso criar o meu monstro!”. No caso dele, criou “Moby Dick”. No meu caso, não no sentido literal e com menos pretensão, criei “Árvore Cósmica”.

Em “Árvore Cósmica” você trabalha com o gênero ficção científica para narrar uma história de amor. Qual a sua intenção em unir esses dois elementos?

A ficção científica sempre me atraiu no geral e as ‘time travel’ em especial. No cinema, nas séries de TV, desde o “Túnel do Tempo” até “Outlander”. Na literature, com H. G. Wells, Philip Dick, Arthur Clark, etc. E na união da ciência com a cultura pop. A história de amor é um pano de fundo para uma fábula de descobertas, das consequências das nossas escolhas, da árvore cósmica, a energia que liga todas as coisas.

E que energia seria essa?

É a energia das ações e reações, das escolhas individuais e do imponderável, do bem e do mal, do passado e do futuro. Como na teoria que o bater de asas de uma borboleta no Brasil pode desencadear um tornado no Texas. É um conceito inspirado, de forma livre e ampla, na mitologia nórdica da árvore cósmica.

Em “Árvore Cósmica” você constrói a trama a partir da clássica ideia de viagem no tempo. Por que você acha que a aspiração do ser humano em se transportar através do tempo é sedutora?

Na contramão dos teóricos, defini, em “Árvore Cósmica”, que a viagem no tempo só seria possível para o passado, já que o futuro ainda não aconteceu. Talvez pela possibilidade de corrigir nossos erros, de fazer tudo diferente. Mas acho que em mil anos a ciência não terá conseguido esta proeza. E a literatura já permite essa viagem.

Na narrativa de “Árvore Cósmica” não há espaço para sentimentos de maldade, ódio, desamor, atrocidade, conflito, violência, etc. Por quê?

Uma premissa que adotei para a obra é que seria uma “distopia do bem”. Já temos muita violência e agressividade na vida real. Quis dar uma chance ao futuro. Para a possibilidade do ser humano se tornar melhor, mais solidário, mais paciente, mais otimista, ainda que os personagens tenham seus conflitos internos e externos.

O romance possui uma atmosfera de frescor de literatura jovem. Trata-se de um objetivo deliberado?

Ainda me encanto com a cultura pop, as histórias de Stephen King, a literatura nerd, desde Neil Gaiman até Douglas Adams. Claro, minhas leituras são diversas, incluindo os clássicos de Joseph Conrad, J. D. Salinger, Harper Lee, Haruki Murakami. Talvez a atmosfera do livro tenha a ver com essa identificação com os mais jovens.

O romance retrata o desejo humano em trafegar no tempo e no espaço de maneira otimista. Uma possibilidade das pessoas viverem no tempo e no espaço que desejarem em nome da felicidade. Isso seria uma solução mágica para vencer infinitos problemas ou uma nova utopia de liberdade?

Definitivamente uma utopia otimista de liberdade.

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Serviço:

“Árvore Cósmica – Ou a Duração Relativa das Coisas”

Autor – Flavio Lanaro

Editora – Giostri

Páginas – 216

Quanto – R$ 59

Lançamento:

Dia 23 (sábado) - das 15h às 18h

Livraria da Vila (Shopping Aurora - Avenida Ayrton Senna, 400)