Nesta semana, Londrina e Maringá serão palcos de uma arte urbana comum em grandes cidades do Brasil. O projeto F60.3 une o audiovisual à dança em fachadas de prédios para dialogar com o público sobre transtornos mentais. Em Londrina, a projeção ao ar livre será feita nesta terça (11) e quarta-feira (12), no Edifício Autolon (Rua Minas Gerais, 194), às 18h e 19h. Na quinta (13) e sexta-feira (14), será apresentada em Maringá, no Edifício Rio Branco (Avenida Rio Branco, 118), nos mesmos horários.

O título da obra se refere ao código do transtorno de personalidade borderline no CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças). O distúrbio é caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, nas relações interpessoais, na autoimagem e nos afetos. A pessoa com esse diagnóstico apresenta sintomas como impulsividade, visão distorcida de si e dos outros, comportamentos de risco, medo irreal de abandono e reações agressivas e intensas.

“O transtorno de personalidade borderline é um tema de saúde mental muito delicado e sensível, e nada mais sensível do que a dança para contar essa história. Eu queria trazer algo poético, que mostrasse um pouco do que é ser 'border', da maneira mais linda possível. Creio que essa forma de passar o assunto vai deixar o público mais interessado, vai chamar a atenção e o olhar para esse tema. É sempre muito bom quando podemos juntar as manifestações artísticas com a discussão de temas que são relevantes para a sociedade”, comentou a realizadora do projeto Kathyn Carvalho.

A iniciativa surgiu quando Carvalho, que é bailarina, se deu conta dos sintomas durante a pandemia e desenvolveu a obra para transpor para o seu corpo a sua história neste longo tratamento. De acordo com ela, o próprio transtorno e o tratamento influenciaram na maneira como se expressa na dança, seja potencializando ou paralisando o corpo, com o surgimento de tremores e até a perda do equilíbrio.

“Logo no começo do meu tratamento, bem no meio da pandemia, quando eu estava passando por crises muito fortes e estava tentando me adaptar aos remédios, veio a ideia de registrar alguns momentos. Comecei então fazendo algumas anotações das minhas sensações, dos meus pensamentos, do meu dia a dia. Nesse momento o que me mantinha era a dança, e aí veio a ideia de juntar o que eu mais gosto de fazer com um tema pouco falado”, disse.

Além de Londrina e Maringá, o projeto F60.3 passará por Cascavel, Toledo, Foz de Iguaçu e Curitiba, realizando duas apresentações em cada município. A videodança tem duração de 20 minutos e será exibida de forma inovadora, gratuita e democrática, por meio da Lumibike, uma bicicleta que projeta e funciona a partir da energia solar. Durante o dia, ela capta a luz do sol e armazena energia em suas baterias, e à noite utiliza a luminosidade para projetar as imagens através da técnica de vídeo mapping, conhecida como projeção mapeada.

“Essas manifestações artísticas, utilizando o espaço público da cidade unem às pessoas ao tema, de uma maneira abrangente. Quanto mais democrática puder ser nossa formação de plateia, acredito que mais cumprimos nosso papel como artistas, de provocar a aproximação desse público com os movimentos culturais e pautas importantes em cada um desses locais em que apresentamos o projeto”, finalizou a bailarina

A obra foi aprovada no PROFICE (Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura), da Secretaria de Cultura do Governo do Paraná, e conta com o apoio do Campo das Artes, Back Bros, Ave Lola e Copel.

Imagem ilustrativa da imagem Londrina terá  nesta terça  (11)  projeção de videodança  em edifício
| Foto: Divulgação

SERVIÇO

Londrina

Datas: terça (11) e quarta-feira (12 )

Horário: às 18h e 19h

Onde: Edifício Autolon (Rua Minas Gerais, 194)

Maringá

Datas: quinta (13) e sexta-feira (14)

Horário: às 18h e 19h

Onde: Edifício Rio Branco (Avenida Rio Branco, 118)