A produtora Kinopus e o Espaço Villa Rica promovem a Mostra Godard, que começa neste sábado (22) e vai até 19 de agosto, com longas-metragens do cineasta franco-suíço Jean Luc-Godard, falecido no ano passado aos 91 anos. Serão apresentadas, em sessões únicas e legendadas aos sábados, versões restauradas de cinco de seus clássicos da década de 60.

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A homenagem ao precursor do movimento de filmes franceses da Nouvelle Vague tem apoio da Cinemateca da Embaixada da França e do Institut Français, além do apoio cultural da Aliança Francesa de Londrina. Os ingressos possuem valor fixo de R$ 12, à venda no site do Villa Rica, que sediará o evento.

O público poderá prestigiar alguns dos mais de 40 longas - dos mais de 70 anos de carreira do crítico, roteirista e diretor - que revolucionaram o cinema universal. A maestria de Godard, ao romper com os padrões estabelecidos pelo cinema francês, deu luz a novas possibilidades de se fazer a sétima arte, influenciou as gerações seguintes e o transformou em um dos maiores nomes da indústria cinematográfica. Para a mostra, as obras escolhidas foram "Acossado" (1960), "O Desprezo" (1963), "O Demônio das Onze Horas" (1965), "Alphaville" (1965) e "A Chinesa" (1967).

Após a exibição, a programação conta ainda com bate-papos gratuitos com realizadores e pesquisadores de Cinema e Artes Visuais e mediação de Rodrigo Grota, cineasta londrinense, idealizador da Mostra Godard em Londrina e coordenador da Kinopus.

Grota explica que, entre todos os iconoclastas da área, o diferencial de Godard é a montagem, articulada a partir de princípios de simultaneidade e fragmentação. "Seu cinema não tem um centro: todas as partes são articuladas de forma autônoma. Outro diferencial é a aproximação com a filosofia, pintura e literatura: de forma contraditória, ironicamente, ele foi o cineasta que mais fez alusões e citações dessas linguagens em seus filmes, e ao mesmo tempo tornou o seu cinema mais cinematográfico ainda", diz.

Trailer de "Acossado", primeiro filme a ser exibido na mostra Godard em Londrina:

Para o idealizador, Godard foi para o cinema o que Rimbaud foi para a poesia, Picasso para as artes plásticas e Brecht para o teatro. "Ele implodiu com as regras do clássico narrativo, como o ideal aristotélico de começo, meio e fim, causa e consequência, unidade de tempo e espaço, além de combater o caráter ilusionista do cinema comercial e romper com a necessidade de verossimilhança e figurativismo nos filmes", diz.

Além de Londrina, a Mostra Godard já foi exibida em outras cidades como Porto Alegre, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Brasília, João Pessoa e Curitiba. Até o momento, Londrina é a única cidade do interior a realizar o evento, e o objetivo é aproveitar o público de cinema clássico e contemporâneo alternativo para trazer outras mostras, segundo Grota.

PROGRAMAÇÃO

Dia sábado (22/07), às 15h

Acossado (À bout de souffle, 1960, 90 min)

Debate com Sílvio Demétrio e Luli Rodrigues

No primeiro longa-metragem de Godard, Michel fica envolvo de uma série de crimes até encontrar a estudante americana Patricia, que o esconde em seu apartamento, e começam a se relacionar. A obra de baixo orçamento e sucesso de público se tornou referência de um novo estilo cinematográfico, com os famosos jump cuts - cortes bruscos de edição.

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Sábado (29/07), às 15h

O Desprezo (Le Mépris, 1963, 103 min)

Debate com Gustavo Ramos e Layse Barnabé

Neste drama aclamado pela crítica e inspirado na novela "Il Disprezzo", de Alberto Moravia, Camille é casada com Paul, um escritor que foi contratado por um produtor americano para escrever um roteiro por 10 mil dólares. A partir disso, ela começa a sentir desprezo pelo marido ao acreditar que estaria sendo vendida ao produtor, acarretando numa série de mal-entendidos.

Aclamado pela crítica, 'Le Mépris' é inspirado em novela do escritor italiano Alberto Moravia
Aclamado pela crítica, 'Le Mépris' é inspirado em novela do escritor italiano Alberto Moravia | Foto: Institut Français e Cinemateca da Embaixada da França no Brasil/ Divulgação

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Sábado (05/08), às 15h

O Demônio das Onze Horas (Pierrot le fou, 1965, 112 min)

Debate com Guilherme Peraro e Louisa Savignon

O romance dramático é baseado no livro "Obsessão", de Lionel White, e conta a história de Ferdinand, um professor que abandona a vida burguesa para fugir com a Marianne, uma antiga paixão. Os dois passam a viver grandes descobertas, aventuras e confusões.

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Sábado (12/08), às 15h

Alphaville (Alphaville: Une étrange aventure de Lemmy Caution, 1965, 110 min)

Debate com Maikon Nery e Marta Dantas

Na cidade futurista de Alphaville, o cineasta se lança numa ficção-científica de grande relevância para a sua carreira, em que Lemy Caution recebe a missão de encontrar o inventor de uma máquina perigosa, a Alpha 60, que tem abolido os sentimentos dos habitantes, e convencê-lo a destruí-la.

Alphaville: filme com enredo futurista debate a linguagem amorosa em cidade em que foram abolidos os sentimentos
Alphaville: filme com enredo futurista debate a linguagem amorosa em cidade em que foram abolidos os sentimentos | Foto: Institut Français e Cinemateca da Embaixada da França no Brasil/ Divulgação

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Sábado (19/08), às 15h

A Chinesa (La Chinoise, 1967, 95 min)

Debate com Artur Ianckievicz e Barbara Marques

Influenciado pelo romance "Os Demônios", de Dostoievski, Godard apresenta a protagonista Veronique, uma estudante francesa de filosofia que, ao lado de mais quatro amigos, forma um grupo para debater temas políticos e sociais. Envolvidos com diferentes correntes ideológicas, vão à luta para defender o que acreditam ser justo.

* Supervisão: Célia Musilli/ Editora

SERVIÇO

Mostra Godard

Datas: de 22/07 a 19/08

Onde: Espaço Villa Rica (R. Piauí, 211)

Ingressos: R$ 12,00, à venda em villarica.com.br/ingresso

Debates gratuitos após a exibição de cada filme na Sala Londrina