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LIVRO/LANÇAMENTO 5m de leitura

Livro traz memórias afetivas do Sul de Minas

Professor aposentado da Universidade Estadual de Londrina, Alcides Carvalho lança seu livro de estreia: “Os Carvaio – Cem Contos Mineiros”

ATUALIZAÇÃO
08 de janeiro de 2022

Marcos Roman - Grupo Folha
AUTOR

A reclusão adotada no início da pandemia de Covid-19 levou Alcides Carvalho a fazer um mergulho em suas origens. Aguçadas no período de isolamento social, as memórias do cotidiano vivenciado durante a infância no universo rural do Sul de Minas Gerais o fizeram deixar a autocrítica de lado para escrever seus primeiros contos. A imersão nas lembranças da pequena cidade de Carvalhópolis, onde nasceu, das pessoas com quem conviveu, o do mundo fantástico e cheio de mistérios que rondam o imaginário local foram reunidas em seu livro de estreia no mundo literário: “Os Carvaio – Cem Contos Mineiros”. A obra com 418 páginas acaba de ser lançada pela editora londrinense Engenho das Letras. 

Entusiamo dos leitores com seu livro de estreia, estimula Alcides Carvalho a escrever um segundo
 

Apesar do envolvimento profissional com a literatura aprimorado nas mais de cinco décadas em que atuou como professor do departamento de Letras da Universidade Estadual de Londrina (UEL), essa é primeira vez que Alcides Carvalho lança uma obra literária. “Sempre trabalhei com interpretação de texto e análise literária, mas nunca publiquei nada, pois a autocrítica sempre falou mais alto. Porém, durante a pandemia, fechado dentro de casa, sentei no computador e escrevi um causo sobre o Sul de Minas Gerais. Gostei do resultado e comecei a escrever de dez em dez com o objetivo de xerocá-los para enviar para grupos de amigos de diversas áreas. Os feedbacks foram tão bons que acabei me entusiasmando e quando vi já tinha cem causos escritos”, relata. 

Incentivado pela esposa e motivado pelo elogio dos amigos, Carvalho decidiu que era hora de lançar seu livro de estreia. “Pensei: não faz sentido escrever e deixar os textos guardados. Então resolvi publicar o livro para os amigos e parentes lerem. Tenho recebido muitos retornos positivos, principalmente de familiares de pessoas que também viveram na mesma região onde nasci e que me escrevem dizendo que se lembraram de fatos e personagens daquela época. Tem gente que chega a comprar 15 exemplares do livro para dar de presente. É uma repercussão muito boa”, comenta. 

Os cem causos reunidos em sua obra de estreia foram divididos pelo autor em quatro assuntos: “Os Carvaio, Sua Gente”, que traz perfis de pessoas interessantes que viveram em Carvalhópolis. “Dos Carvaio a Carvalhópolis”, que fala das origens da cidade até hoje. “Nos Carvaio, Fazenda da Alagoa”, que narra o surgimento e existência da fazenda da família Carvalho e Carvalho da Silva. E “Os Carvaio, A Família”. “Procurei misturar bem o real e a ficção. Como cito dados históricos, o leitor pode ter a impressão de que tudo o que está escrito realmente aconteceu. Mas 80% é ficção. E quando a coisa é muito próxima do real, troco o nome das pessoas para evitar qualquer problema”, diz o autor. 

Carvalho enfatiza que apesar de os causos serem frutos de seu universo particular, as histórias e estórias contadas no livro têm divertido leitores de perfis diversos. “Nasci naquela região e morei lá até os 14 anos, período em que trabalhei na roça e vivi uma vida extremamente rural. O açúcar era produzido no engenho local, o óleo era de porco e as roupas só eram compradas uma vez por ano. Esse universo é o universo retratado no livro”, resume ao comentar que deixou a criatividade fluir durante a produção dos contos. 

“Mantive inclusive a linguagem coloquial típica do povo de Sul de Minas. Os mineiros têm o hábito de economizar letras e sílabas e de juntar palavras. Nesses casos, optei por usar letras em itálico, para que o leitor não pense que são erros gramaticais”, esclarece. O escritor ressalta que o modo singular de fala de seus conterrâneos se difere da prosa retratada por Guimarães Rosa, seu escritor preferido. “Em Grande Sertão: Veredas", livro que releio todos os anos, Guimarães retrata a linguagem do leste de Minas, que já é um pouquinho diferente da nossa”, observa.  

Outra peculiaridade do livro é que cada causo tem, no máximo, 700 palavras. “É o tamanho que cabia em um lado da folha de papel sulfite que eu usava para xerocar os textos para enviá-los para os meus amigos”, explica Carvalho ao dizer que já está escrevendo causos para um segundo livro que pretende lançar futuramente. “Fiquei entusiasmado e já estou produzindo novos textos”, diz o mineiro de Carvalhópolis que atuou como professor da pós-graduação da Sourbonne, foi secretário municipal de Cultura de Londrina por quatro anos e diretor da Casa de Cultura da UEL.  

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Serviço: 

Livro “Os Carvaio – Cem Contos Mineiros” 

Editora – Engenho das Letras 

Quanto – R$ 55 

*À venda no site www.engenhodasletras.com.br ou pelo telefone (43) 99998-3578 com Michele 

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