A recente pandemia de covid-19 abriu diversas gavetas da mente humana esquecidas pelo tempo. De algumas gavetas pularam para fora teorias da conspiração, posturas anticiência, movimentos negacionistas históricos e ambientais.

Durante a pandemia, a microbiologista Natalia Pasternak foi uma das vozes atuante em defesa de resoluções baseadas na ciência. Estava sempre presente nos meios de comunicação afirmando que a ciência era a maior e a melhor ferramenta para superação da situação.

LEIA TAMBÉM:

Noite de estreia de Bruno Cotrim Brasil Combo Jazz

Leiturinha: criança é criança em qualquer lugar

Natalia Pasternak acaba de publicar um livro que reforça sua defesa da ciência propondo um debate sobre as pseudociências propagadas mundo afora. Lançado pela editora Contexto, “Que Bobagem! – Pseudociências e Outros Absurdos Que Não Merecem Ser Levados a Sério” foi escrito em parceria com o jornalista e divulgador científico Carlos Orsi.

Entre as áreas consideradas por Pasternak e Orsi como pseudociência (práticas e teorias não devidamente comprovadas através do método científico) estão: astrologia, homeopatia, acupuntura, medicina tradicional chinesa, curas naturais, curas energéticas, modismo de dieta, psicanálise, psicomodismos, paranormalidade, discos voadores, pseudoarqueologia, deuses astronautas, antroposofia, poder quântico e pensamento positivo.

Fica evidente que as práticas escolhidas pelos autores recaem sobre a área da saúde, seja física, mental ou psíquica. Justamente uma das áreas em que o ser humano se sente mais vulnerável e disposto a soluções imaginativas, ou mágicas, para a solução dos problemas. Igualmente uma das áreas onde ocorrem os conflitos entre o saber tradicional e a ciência.

Mal o livro foi lançado, logo caiu em um turbilhão de polêmicas. Quase a totalidade das críticas estava no fato dos autores colocaram na lista de pseudociência a psicanálise, a homeopatia e a acupuntura (práticas regulamentadas aceitas pelo Conselho Federal de Medicina e com disciplina em cursos acadêmicos) ao lado de discos voadores, pensamento positivo e deuses astronautas.

Na visão de Pasternak e Orsi, a psicanálise, a homeopatia e todas outras dezenas de práticas, precisam passar pelo mesmo método científico que outras ciências para a comprovação de resultados: “Antes de pronunciar o resultado, o cientista deve levar em conta todos os dados relevantes para a questão que busca responder, não apenas aqueles que confirmam sua hipótese ou que adulam seus preconceitos.”

“Que Bobagem!” aborda temas que se dividem em dois grupos: “Os baseados em pseudociência (isto é, que reivindicam, de modo ilegítimo, parte da família das ciências) e os que se dizem baseados em epistemes alternativas (isto é, que esperam ser vistos como descrições válidas e confiáveis da realidade factual e, ao mesmo tempo, proclamam-se isentos da obrigação de respeitar a atitude científica).”

O argumento é de que as pessoas tendem a abraçar as pseudociências através da heurística (estratégias de pensamento que permitem extrair conclusões rápidas da realidade e dos fatos), da falácia (enunciados de argumentação que tendem a produzir conclusões falsas ou equivocadas), do viés cognitivo (predisposições psicológicas), do viés de confirmação (tendência de prestar mais atenção em exemplos que confirmam aquilo em que queremos acreditar) e do efeito placebo (condicionamento e expectativa).

“Que Bobagem!” também aborda os fatores históricos, ideológicos e econômicos que impulsionam as práticas alternativas de pseudociências. No mundo atual, elas são capazes de movimentar bilhões em dinheiro prometendo soluções e resultado nem sempre comprovados: “Uma terapia que falha em mostrar benefícios para a saúde quando testada de forma rigorosa pela ciência pode desempenhar um sem-número de outras funções – emocionais, sociais, religiosas, artística, econômicas, espirituais. Mas é certamente incapaz de realizar as curas que promete. A ciência é limitada pela nossa capacidade de ver, interrogar e interpretar a natureza. Pseudociências são limitadas apenas pela imaginação, vaidade e, não raro, ganância de seus promotores. Por isso seu poder de sedução é enorme.”

SERVIÇO:

“Que Bobagem! – Pseudociências e Outros Absurdos Que Não Merecem Ser Levados a Sério”

Autores – Natalia Pasternak e Carlos Orsi

Editora – Contexto

Páginas – 336

Quanto – R$ 79,90 (papel) e R$ 49,90 (e-book)