Livro mostra que cada ser humano é único e valioso
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segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
MARCELLA FRANCO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em uma das páginas de "Todas as Pessoas Contam" (Companhia das Letrinhas), junto da ilustração de um pátio de escola cheio de crianças brincando, está escrito que uma daquelas pessoas vai fazer uma vacina que salvará milhões de vidas.
Normal que a gente logo pense em coronavírus. Mas, quando a escritora e ilustradora Kristin Roskifte criou seu novo livro, lançado agora no Brasil, ela não fazia ideia de que o mundo fosse viver uma pandemia. Muito menos de que íamos estar torcendo pela criação de uma injeção que proteja todos da doença.
A Kristin, que mora na Noruega, conversou com a reportagem por e-mail. Entre outras coisas, ela explicou que, com "Todas as Pessoas Contam", quer passar a mensagem de que cada um de nós é único e valioso.
"A mensagem do livro é ainda mais forte durante a pandemia. É tão importante lembrar que somos parte de grupos, que são parte de grupos maiores, e que são parte do mundo", diz.
"Todas as Pessoas Contam" é aquele tipo de livro que reúne coisas em categorias e números. E Kristin fala que quis escrevê-lo porque, quando era criança, sempre se perguntou por que esse tipo de livro tinha sempre que acabar no número dez ou, no máximo, no 20.
"Eu queria saber como era o 50. E o 100. E o 1.000! Eu também queria explorar diferentes tipos de grupos e como nos sentimos confortáveis em alguns deles, e desconfortáveis em outros. A interação humana é uma fonte sem fim de inspiração", entende.
O fio condutor de "Todas as Pessoas Contam" é Thomas, um garotinho de cabelos azuis. No número 1 do livro, ele aparece deitado na cama se perguntando quantas pessoas estão contando as mesmas estrelas que ele naquele momento.
No número 2, ele está com um adulto em meio a árvores. E já aqui começa uma das coisas mais divertidas do livro: cada nova página propõe desafios ao pensamento dos leitores, aos quais Kristin oferece alternativas de resposta lá nas páginas finais.
Nesta cena, por exemplo, ela explica que Thomas está com seu pai, e pergunta qual é o sentido da vida, na opinião dele. O pai, então, responde que o sentido da vida, naquele momento, é que eles estão passando um tempo juntos na floresta.
A autora mostra cenas em que há pessoas tímidas, felizes, com medo, doentes, tímidas, e até mesmo de luto -- ou seja, vivenciando emoções comuns a qualquer pessoa em alguma fase da vida.
"Gosto de pensar que escrevo para curiosos de todas as idades", explica Kristin, para dizer que "Todas as Pessoas Contam" não é só para crianças.
Krsitin escreveu o livro em 2018, e ele foi traduzido para o português bem neste momento em que o mundo enfrenta o desafio de vencer uma doença que já levou embora muitas pessoas, em vários países.
"É difícil compreender a extensão do luto depois de uma perda tão imensa, e eu sinto muito por cada pessoa que perdeu um ente amado. Devemos isso a cada um que se foi: ser gentil uns com os outros, cuidar uns dos outros e do planeta. Grupos podem ter um poder positivo grande, e é um conforto saber que você não está sozinho".