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Folha 2 5m de leitura

Leitura: hábito se renova ainda mais nas férias

Em casa, na viagem ou em livrarias, costume de ler ganha horários e espaços diferenciados nas férias do trabalho ou estudos

ATUALIZAÇÃO
14 de janeiro de 2023

Walkiria Vieira
AUTOR

Imagem ilustrativa da imagem Leitura: hábito se renova ainda mais nas férias

Fundamental no processo educacional e na construção do indivíduo, a leitura é uma janela para o mundo. Os mais fascinados, além de se descobrirem e redescobrirem por meio dos conteúdos explorados, fazem da leitura uma ferramenta de estudo, amadurecimento pessoal, aprimoramento profissional e também uma atividade de lazer. 

Dos clássicos lidos por gerações,  às biografias e novidades capazes de esgotar a edição de lançamento, a diversidade de gêneros, formatos e assuntos atrai os novos e também motiva os assíduos. Ciente da responsabilidade que tem na formação de seus filhos, a empresária Anna Tavares busca constantemente oferecer atividades culturais para Fernando, de quatro anos e Maria Luiza, 12.

Espetáculos teatrais e concertos musicais estão entre os programas da família, assim como os passeios por bibliotecas e livrarias - local em que se sentem muito à vontade. Até mesmo quando estão viajando, gostam de conhecer esses espaços para terem momentos de contato com obras literárias e também conhecer a organização das livrarias, sua arquitetura e conceito. 

Assim, na rotina do ano letivo ou nos períodos de férias, Tavares considera que a leitura é algo permanente no cotidiano de seus familiares e isso flui naturalmente. "Gosto que levem para casa leiam, toquem e rabisquem. O Fernando tem muitos livros e uma boa quantidade herdou da irmã", comenta. Também é costume da família fazer doações dos livros e um dos locais que as recebe é a oficina  Raio de Sol, que faz a destinação de brinquedos e livros. Os desapegos são encaminhados para famílias necessitadas. 

Maria Luiza Benedetti Fernandes: leitura é um incentivo recebido dos avós que vem até os dias de hoje
 

Na idade em que o caçula está, a empresária explica que os livros com atividades e imagens são adequados à sua faixa etária e despertam a curiosidade dele. Com uma coleção bem cuidada, a filha Maria Luiza tem gosto pela leitura, recebeu e segue incentivada pelos pais e hoje ler é uma escolha para a estudante. "Tem que ser algo interessante", aponta a mãe. 

Diante das opções de leitura ofertadas, Tavares destaca que dá preferência ao impresso. "As plataformas digitais são uma opção, entretanto, nelas é mais fácil dispersar a atenção", pensa. "Já quando temos um livro na mão é diferente e sabemos onde começa, onde termina e onde paramos a leitura", acrescenta. 

SUSPENSE, ROMANCE E CONTOS 

O estudante Gustavo Weber, 17 anos, também dá preferência aos impressos. "Consigo prestar mais atenção", justifica. Weber concluiu o Ensino Médio e dedica-se a um curso preparatório para o vestibular. Ele pretende ser médico e a leitura é uma fonte de conhecimento que não se esgota. 

 

Abordado pela reportagem em livraria no período da tarde, Weber procurava mais sobre a história de Roma, seu interesse percorre o nascimento do Império até a sua queda. O jovem comenta que as aulas de História, bem como os pais, o influenciaram a ter interesse por ler diferentes assuntos durante sua formação. 

O estudante acaba de concluir um compilado de H.P Lovecraft - com várias histórias de terror, e também gosta de entretenimento e informação por meio de filmes e documentários. Na hora de comprar um livro, ele conta que os livros usados são uma alternativa e tanto, assim como as ofertas que encontra na Internet. "E claro, as livrarias físicas, onde se pode ficar à vontade, folhear e pesquisar outros títulos dentro dos assuntos que me chamam a  atenção." 

De férias do curso de Psicologia, Maria Luiza Benedetti Fernandes, 18 anos, reconhece, também nesse período sua dedicação à leitura. Na época em que está estudando e dando conta de todas as disciplinas do curso, qualquer intervalo a motiva a abrir a abra que está lendo. "Eu aprendi a estudar e a ler em lugares em que tem barulho ou outros pontos de atenção, então consigo me concentrar e ter bom aproveitamento", conta. 

Diante das prateleiras da livraria, ela recorda que seus avós a estimulam até os dias de hoje. "Cresci nesse mundo e talvez por isso eu ainda prefira os livros impressos, onde posso fazer anotações e grifos". Entre os preferidos de Fernandes, ela lista "O Morro dos Ventos Uivantes", de Emily Brontë. 

Os livros da estudante de psicologia são bem cuidados e revisitá-los é também uma prática. Atualmente, dedica atenção à "Lua Nova", da saga Crepúsculo, e parou  no trecho em que Bella e Jacon se aproximam. "Quando estou em casa, a leitura é um verdadeiro ritual, crio um ambiente com uma iluminação especial e considero uma ocasião de prazer", pensa. 

CLARICE LISPECTOR NA MOCHILA

Na mochila de viagem de férias e na cabeceira, a estudante de Psicologia Maria Luiza Messias Ramos, 18 anos, carrega "Felicidade Clandestina", obra de Clarice Lispector que teve sua primeira impressão em 1971. Malu, como é chamada carinhosamente gosta de poesia, suspense. "E de valorizar a literatura brasileira", diz.

 

Ela sente amor pela leitura e conta que desenvolveu o sentimento por indicações de amigos e familiares. "E também curiosidade".  Os autores favoritos de Malu são Rafael Montes, que sagra-se no suspense e Aline Bei, que conquista leitores pela pela prosa poética. "Ler me ajuda bastante na interpretação na perspectiva metafórica, amplia o meu vocabulário".

Nos dias atuais, as leituras do curso de Psicologia consomem grande parte do tempo da estudante. Mas sempre que surge uma oportunidade, ela abre um livro. A autora Aline Madeira também integra sua prediletas  e seus temas prendem  Malu. "Ler para mim é um hobby", divide. 

Livrarias: espaços para sentar, folhear e conhecer autores

Em Londrina, as livrarias são mais que locais para comprar livros. A presença cada vez maior de leitores é prova de que a dinâmica do atendimento e serviços atrai e agrega. Na livraria da Vila, que fica no shopping Aurora, é notável o fato de o espaço ter se transformado em um ponto de encontro, principalmente aos fins de semana. 

De acordo com a assessoria de comunicação, um time treinado torna o atendimento diferenciado. Ao mesmo tempo em que desde o início da pandemia indicações em mídias sociais, especialmente no Tiktok, viralizaram entre o público mais jovem, os leitores, de um modo geral, estão mais presentes nas livrarias. 

Entre as práticas observadas,  leitores fazem trocas constantes entre eles, os grupos compram títulos variados e vão trocando entre si após a leitura para depois comentarem juntos. A Livraria da Vila possui serviço de entrega, reserva e encomenda em caso de livros que não estejam no estoque no momento. Além das lojas físicas, fazemos atendimento por whatsapp e pelo site.

Na livraria Olga, que fica na rua Pio XII, a permanência de leitores movimenta as estantes. Capa, miolo, contracapa são alvo dos assíduos, graças ao ambiente acolhedor. Para os proprietários, a proposta vai ao encontro de uma necessidade do público. "Uma livraria de rua permite por exemplo que os estudantes dos colégios Hugo Simas e Aplicação entrem e nos visitem. É uma experiência sensorial e social, eles amam", comenta Carol. 

A livraria Olga está em funcionamento há seis meses e conta com um público variado. À frente do empreendimento estão Camila Fonte, Maria Carolina Araujo e Fabio Zanardi Coltro. Segundo os sócios, oferecer experiências é o objetivo da livraria e e isso tem se refletido na assiduidade e chegada de novos leitores. "É um local para ler, se encontrar, conversar sobre arte, política e trocar informações de leitura", afirma Carol. 

 

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