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Jaca, a polêmica

ATUALIZAÇÃO
07 de janeiro de 2021

Fábio Luporini
AUTOR

Eram os dias finais de 2004. Minha avó Irene já estava doente e, entre as tantas vezes que eu ia visitá-la na casa dela, numa delas conversamos sobre jaca. Sim, a fruta! Ela me contou que gostava e eu nunca havia experimentado. Eu disse a ela que no campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde na época eu cursava Ciências Sociais, havia alguns pés de jaca e que, tão logo amadurecessem, eu pegaria uma para ela. Não pude cumprir a promessa. Quando fui apanhar uma jaca, o pé já estava vazio: a fruta havia sido colhida durante as férias. E ela logo faleceu, naquele início de 2005.

Mais de 15 anos depois de ter tido esta conversação com minha saudosa avó, eu ainda não havia experimentado a jaca. Que absurdo! Não é possível que aos 34 anos tenha gente que ainda não se dá conta do tanto que está perdendo. Até que, no finalzinho de 2019, no sítio dos meus compadres Elias Ribeiro e Renata Perfeito, avistei uma grande árvore da fruta, entre mangas, acerolas e jabuticabas. O pé estava carregado e as frutas já estavam quase maduras. Pedi uma, ganhei duas. Por fim, depois de esperá-la amadurecer um pouco mais, pude, finalmente, descobrir o gosto da jaca.

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Depois de cortada habilmente pela minha mãe, que se preparou para evitar o grude da fruta (colocou luvas, por exemplo, mas usar óleo nas mãos e na faca também ajuda), experimentei um dos gominhos. Que delícia! E nem achei tão forte o cheiro! Aliás, você aí é do time dos que torcem o nariz para a jaca ou dos que salivam com o aroma e o gosto? Claro que não é possível comer uma jaca inteira sozinho, então, fizemos com ela um suco bem refrescante. Batemos com limão e poderíamos até ter colocado hortelã. Se a fruta não estiver tão docinha, você pode colocar um pouco de açúcar.

Vimos receita de pudim de jaca na internet (ficamos com preguiça de fazer, confesso) e na cidade sei que tem até coxinha recheada com a fruta. Uma vez fui experimentar, mas, no local onde vendem estava em falta. Talvez não fosse época. E fiquei mais uma vez sem degustar a iguaria. Com os gominhos de apenas uma fruta, demos um pouquinho para três vizinhas e ainda sobrou para congelar, para o próximo suco! Confesso que, depois de ter demorado tanto para degustar a jaca (talvez por falta de oportunidade ou por puro preconceito mesmo), fique sem entender porque as pessoas têm tanto asco dela. Por que, afinal, o aroma e o sabor da jaca são tão polêmicos se são tão gostosos? E você, o que acha disso tudo?

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