A pandemia do novo coronavírus acendeu um alerta mundial quanto à necessidade de cuidar melhor do meio ambiente. Cenários possíveis para os próximos 50 anos, a partir das perspectivas da sustentabilidade e da convivência adotados pela humanidade nos dias atuais, podem ser conferidos em uma visita ao Museu do Amanhã por meio de instalações imersivas. Visitar virtualmente parte do acervo do espaço cultural que alia estudos científicos, tecnologia e arte é uma alternativa de programa que pode ser feito durante a quarentena.

Localizado no Rio de Janeiro, onde foi inaugurado em 2015, o edifício que abriga o Museu do Amanhã foi projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava e inspirado nas bromélias do Jardim Botânico. Construído na zona portuária da Baía de Guanabara, o prédio de 15 mil metros quadrados é cercado por espelhos d’água, jardim, ciclovia e área de lazer. O museu tem arquitetura sustentável. A água da Baía de Guanabara é captada com duas finalidades diferentes: para abastecer os espelhos d’água e para o sistema de refrigeração, onde é utilizada na troca de calor. Depois de usada na climatização, ela é devolvida mais limpa ao mar, num gesto simbólico. Outro destaque é a cobertura móvel do edifício, em que grandes estruturas de aço servem de base para as placas de captação de energia solar – ao longo do dia, elas se movimentam como asas para acompanhar o posicionamento do sol.

De concepção futurista, o Museu do Amanhã conta com recursos de sustentabilidade como a captação das águas da Baía da Guanabara para abastecer espelhos d'água e fornecer refrigeração
De concepção futurista, o Museu do Amanhã conta com recursos de sustentabilidade como a captação das águas da Baía da Guanabara para abastecer espelhos d'água e fornecer refrigeração | Foto: Valter Cunha/ iStock

Seguindo o conceito de museu experimental, o Museu do Amanhã conjuga o rigor da ciência e a linguagem expressiva da arte, tendo a tecnologia como suporte, em ambientes imersivos, instalações audiovisuais e jogos, criados a partir de estudos científicos desenvolvidos por especialistas e dados divulgados por instituições do mundo inteiro. O espaço explora seis grandes tendências para as próximas cinco décadas: mudanças climáticas; alteração da biodiversidade; crescimento da população e da longevidade; maior integração e diferenciação de culturas; avanço da tecnologia; e expansão do conhecimento.

Na área interna do museu, a parte central do percurso narrativo se dedica a pensar o hoje, suas características e seus sintomas. Totens com 10 metros de altura formam o “Antropoceno”, com conteúdo audiovisual sobre o impacto das ações do homem no planeta e a aceleração de suas atividades – estudos apontam que a humanidade terá 10 bilhões de pessoas em 2060 e que os próximos 50 anos vão concentrar mais mudanças que os últimos 10 mil anos.

COSMOS

O espaço Cosmos oferece um domo de 360º no qual o visitante mergulha para observar a formação da Terra e até entrar no 'coração' do Sol
O espaço Cosmos oferece um domo de 360º no qual o visitante mergulha para observar a formação da Terra e até entrar no 'coração' do Sol | Foto: Divulgação
Imagem ilustrativa da imagem Imersão no Museu do Amanhã

A viagem da exposição principal começa pelo Cosmos, pela totalidade em que a vida está inserida. Em um domo de 360° o visitante percorre galáxias, mergulha no mundo subatômico das partículas elementares, entra no coração do Sol, observa a formação da Terra, acompanha o surgimento da vida e a constituição do pensamento. Produzido pela O2 Filmes, com direção de Ricardo Laganaro e produção executiva de Fernando Meirelles, o filme de oito minutos passeia pela história do universo de forma poética e prepara o público para embarcar na narrativa do museu.

No espaço “Os Amanhãs” desdobram-se no museu numa área em forma de “origami”, com três ambientes, que aprofundam as seis tendências principais: o público pode calcular sua pegada ecológica; participar de um jogo colaborativo em que é preciso administrar os recursos do planeta para mantê-lo sustentável; e descobrir, de forma bem-humorada, qual seria seu perfil diante dos avanços tecnológicos e dos desafios que o futuro apresenta.

A área “Nós” fecha a visitação de forma simbólica, com uma experiência de luz e som em uma escultura em madeira que remete a uma oca. Seu elemento central, um churinga (espécie de amuleto da cultura aborígene australiana) construído em madeira ganha vida e movimento com mais de mil lâmpadas, que se acendem e mudam de cor – os tons remetem ao nascer e pôr-do-sol representando a transmissão de conhecimento através das gerações. Depois desse momento de reflexão, um belvedere se abre sobre a Baía de Guanabara e o público volta ao “hoje” renovado.

Na visita virtual pelo site do Museu do Amanhã, o público pode fazer um passeio pela área externa do museu, além de conferir cinco exposições on-line e acervo de fotos. O acesso pode ser feito no site do museu