Na época, a televisão ainda não estava entupida de programas policiais dedicados ao mundo cão. Em Londrina, entre as décadas de 40 e 70, cabia aos veículos impressos e às rádios noticiar os fatos ocorridos no submundo da cidade.
O jornal "Combate", dirigido por Marinósio Trigueiros Filho (1914-1990), cobriu o setor como poucos na história da imprensa norte-paranaense, publicando crônicas sobre criminalidade, prostituição e abusos cometidos por agentes da lei. O jornal durou 17 anos.
Em 1979, aos 65 anos, Marinósio reuniu parte desse material no livro "Dos Porões da Delegacia de Polícia", enfatizando denúncias de truculência contra presos comuns durante o período da ditadura militar. Esgotado desde então, o livro está de volta às prateleiras em resgate promovido pela editora Kan através da coleção Doc.Londrina, que tem o objetivo de devolver ao mercado obras esquecidas da produção local.
A coleção é dirigida por Tony Hara e Felipe Melhado. O primeiro volume foi o romance satírico "Escândalos da Província", de Edison Maschio. A reedição de "Dos Porões da Delegacia de Polícia" foi viabilizada com recursos do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).
O evento de lançamento será hoje, às 19h30, no saguão da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil). Está prevista também uma festa de lançamento no dia 3 de agosto, às 20h30, no Bar Brasil, com entrada franca, distribuição gratuita (porém, limitada) do livro e discotecagem.
Marinósio Filho nasceu em Salvador (BA), em 1914. Aos 25 anos saiu pelo mundo como músico, compositor, homem da noite e da vida boêmia. Passou quase nove anos na estrada vivendo como um artista mambembe em diferentes capitais do país.
Morou também em Montevidéu (Uruguai), onde gravou três discos. Uma das músicas gravadas foi a conhecida marchinha "Cachaça não é água".
Ele chegou a Londrina em 1947. Aqui, além de ganhar a vida como jornalista, dedicou-se à literatura. Publicou três livros de poesia e mais cinco obras – entre elas, "Crimes que Abalaram Londrina" e "História da Imprensa de Londrina — do baú do jornalista" (em parceria com Marinósio Neto). Morreu no dia 9 de setembro de 1990, aos 76 anos de idade. O corpo foi enterrado no Cemitério São Pedro. Os organizadores da reedição de seu livro mais conhecido lembram que, "a seu pedido, na lápide está gravado o seguinte epitáfio: Aqui jaz, contra a vontade, Marinósio Trigueiros Filho".

Serviço:
Lançamento do livro "Dos Porões da Delegacia de Polícia", de Marinósio Trigueiros Filho
Quando - Hoje às 19h30
Onde – Saguão da Acil (R. Minas Gerais, 297)

Festa de lançamento
Quando - 3 de agosto às 20h30
Onde - Bar Brasil (R. Pref. Hugo Cabral esq. com R. Piauí)

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