A guerra da Criméia (1853 a 1856), na qual lutaram Grã-Bretanha, França e Turquia contra a Rússia pelo controle da Península da Criméia, atualmente território da Ucrânia, foi bastante comentada no mundo todo. Como o telégrafo tinha sido inventado em 1837, ela foi o primeiro conflito militar a ter uma boa cobertura dos jornais. Os leitores podiam saber das batalhas poucos dias após elas terem ocorrido. Antes se levavam semanas ou até meses para se conhecer o que se passara durante a luta.
Um dos episódios que mais chamaram a atenção na guerra da Criméia foi o cerco à cidade de Sebastopol. Ela passou 11 meses resistindo até ser dominada pelas tropas aliadas. Um dos pontos de resistência era um forte, a Torre Malakoff. No final dos combates, o irlandês William Russel, um dos primeiros correspondentes de guerra do mundo, chamou-a de ‘‘a condenada Malakoff’’.
A resistência de Sebastopol causou admiração em vários países. Na França, nos Estados Unidos e no Canadá existem cidades chamadas Malakoff. No Brasil, também havia muitos admiradores. No romance ‘‘Dom Casmurro’’, Machado de Assis narrou a troca de correspondência entre dois jovens sobre a guerra da Criméia. ‘‘Naturalmente íamos com o que nos diziam os jornais da cidade, transcrevendo os de fora, mas pode ser que cada um de nós tivesse a opinião do seu temperamento. Fui sempre um tanto moscovita nas minhas idéias. Defendi o direito da Rússia, Manduca fez o mesmo ao dos aliados’’, lembrou-se o personagem Bentinho.
Houve diversas homenagens brasileiras. Em Dois Córregos, interior de São Paulo, uma fazenda foi batizada de Malakoff. No Pará, havia uma loja Torre Malakoff. No Nordeste, surgiram as bolachas Sebastopol. Em Pernambuco, engenhos de açúcar receberam os nomes de Criméia, Sebastopol e Malakoff, além do portão do Arsenal da Marinha, que passou a ser chamado de Torre Malakoff. (R.G.)