Grupo Tapa encena quatro espetáculos com preços e horários diferenciados
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segunda-feira, 07 de fevereiro de 2000
Por Beth Népoli
São Paulo, 07 (AE) - Teatro de terça-feira a domingo, como antigamente, a bons preços e mais cedo. Essa é a tripla experiência que o Grupo Tapa, patrocinado pelo Grupo Pão de Açúcar, promove em sua sede, o Teatro da Aliança Francesa. Até o carnaval, o grupo manterá quatro peças de seu repertório, "Navalha na Carne", de Plínio Marcos, "A Serpente", de Nélson Rodrigues, "As Viúvas", três peças curtas de Artur de Azevedo, e o musical "Surabaya Johnny" revezando-se no horário das 19 horas, durante toda a semana, com ingressos a R$ 10,00.
Um programa ideal para quem trabalha no centro da cidade e gosta de curtir uma happy hour. O teatro tem um bar no qual se pode tomar um drinque com amigos antes ou depois dos espetáculos. Mas quem ainda prefere dar uma passada em casa para renovar as energias pode ficar tranquilo: o Tapa manteve os horários noturnos normalmente. "Na verdade estamos experimentando", diz Eduardo Tolentino, diretor do Tapa.
Durante o tempo de duração da experiência a companhia distribuirá a todos os espectadores um formulário com perguntas sobre o horário ideal para o teatro. No Rio, o Centro Cultural Banco do Brasil passou o horário dos teatros para as 19 horas e o resultado está sendo ótimo. "As cidades mudaram e talvez o teatro deva acompanhar essa mudança", observa Tolentino.
"Antigamente, no Rio e em São Paulo a vida começava mais tarde, a exemplo de Buenos Aires e Espanha; hoje estamos menos latinos e mais anglo-saxônicos: em Londres e Nova York o teatro começa bem mais cedo". A transformação sofrida no centro das cidades, o crescimento da distância entre moradia e trabalho e a insegurança também são fatores apontados pelo diretor. "De qualquer forma, estamos fazendo uma experiência; o público vai dizer qual o melhor horário".
Se o happy hour teatral é uma experiência nova, o mesmo não se pode dizer do funcionamento do teatro a partir de terça-feira, um velha prática abandonada. "Tudo começou porque os atores precisavam gravar novela e por isso deixaram de fazer as sessões de terça e quarta", argumenta Tolentino. "Hoje, o teatro está reduzido a três sessões semanais, de sexta a domingo
virou evento". Tolentino não tem dúvidas sobre o que veio primeiro. "Foram os artistas que começaram a tratar o teatro como algo desimportante e não o público", diz. "O teatro tem de voltar a ser importante do ponto de vista de quem faz".
Um bom repertório, oferecido de terça a sexta, com horários diferenciados e preços acessíveis foram as armas escolhidas pelo Tapa para reverter a situação. "Quando participamos da campanha de R$ 1 percebemos que há um público ávido por teatro", afirma. "E percebemos ainda que se aumentarmos o número de sessões e ganharmos na quantidade, podemos baratear o ingresso". Serviço - Grupo Tapa - Festival de Verão. Terça, às 19 horas, sábado, às 20 horas e domingo, às 18 horas, "A Serpente", de Nélson Rodrigues, direção de Eduardo Tolentino de Araújo, duração: 45 minutos; quarta, às 19 horas e domingo, às 20h30, "Surabaya, Johnny", de Marco Antonio Rodrigues e Reinaldo Maia
direção de Marco Antonio Rodrigues, duração: 65 minutos; quarta e quinta às 21 horas e sexta, às 19 horas, "As Viúvas", direção de Sandra Corveloni, duração: 1h20; quinta, às 19 horas, sexta, às 21 horas e sábado, às 22 horas, "Navalha na Carne", de Plínio Marcos, direção de Eduardo Tolentino de Araújo, duração: 45 minutos. De terça a sexta, R$ 10,00 (para as sessões das 19 horas) e R$ 15,00 (para as sessões das 21 horas); sábado e domingo, 20,00. Teatro Aliança Francesa. Rua General Jardim, 182, tel. 259-0086. Até 5/3