Marie-Dominique Follain
France Presse
Esculpida em um longo vestido de renda negra, a modelo Laetitia Casta, a Falbala de ‘‘Astérix e Obelix contra César’’, foi a estrela do último domingo no desfile de Jean-Paul Gaultier, cuja coleção é uma espécie de álbum de recordações de uma viagem à Índia.
O estilista levou seus convidados ao salão de um hotel de Paris, no qual uma voz em ‘‘off’’ fazia ressoar os nomes evocativos de sua coleção: Jaisalmer, Pondichery, Darjeeling, Bangalore...
Usando turbantes sikhs e caminhando sobre pétalas de rosas, as belas de Gaultier exibiam uma moda nostálgica e harmoniosa com as cores das especiarias: açafrão, canela e curry. No entanto, os modelos tailleur-sári, as jaquetas cruzadas e com um ombro desnudo e as blusas-túnicas que acompanham as largas e fluidas calças cumpridas não evocam qualquer nostalgia e sim uma total modernidade.
As mangas são drapeadas como echarpes, as golas das blusas se prolongam em véus, os espartilhos e os trajes de banho são incrustados de espelhos. A calça de caubói desbotada tem adormos de cristal. E os grandes abrigos de tule parecem nuvens.
O pulôver de marinheiro, a peça-símbolo de Gaultier, se converte num longo vestido riscado em tecido de seda do qual caem, em cascata, plumas de avestruz laqueadas.
Outro momento esperado era o desfile de Alexander McQueen para a maison Givenchy, cuja apresentação chamou a atenção: um assistente de alva cabeleira, recordandando justamente Hubert de Givenchy, veste uma jovem andrógina, que usa apenas um slip masculino.
Esta imagem ilustra perfeitamente o espírito masculino-feminino da moda Givenchy: magníficos tailleurs de tecido de príncipe de Gales ou de couro e confortáveis vestidos de musselina estampada, com jaquetas de plumas de cisne e com rendas brilhantes.
A mais bela imagem do desfile: um longo e justo vestido de tule e renda cor da carne, que dá a impressão de total nudez.
Por sua parte, Donatella Versace, que se ocupa da criação da maison desde a morte de seu irmão Gianni, suavizou seu estilo um tanto ‘‘hard’’.
Para o verão, ela imagina as silhuetas das estrelas de Hollywood, cujos corpos afundam em vestidos de sereia em tule, organza e renda, com bordados brilhantes. Esmeralda, menta, anis e rosa são as cores desta moda sensual.
Já coleção de número 33 de Lecoanet Hemant busca sua inspiração no mar e em seus habitantes.
Esta inspiração marinha se expressa, inclusive, no corte, que faz com as saias e os vestidos formem espirais, como caracóis. Os bustiês são adornados com escamas ou madrepérolas. As jóias e pedrarias são tão volumosas que os colares substituem de maneira espetacular o corpete do vestido.