Foliões acompanham Trio Elétrico do Bloco Bafo Quente em Londrina
PUBLICAÇÃO
domingo, 23 de fevereiro de 2020
Vitor Ogawa - Grupo Folha
Os foliões saíram de casa neste domingo (23) para acompanhar o Trio Elétrico do Bloco Bafo Quente, principal bloco a puxar a folia pelas ruas da cidade, até o Aterro do Lago Igapó. A concentração começou às 15 horas no Zerão.
Com fantasias diversificadas, os foliões logo tomaram as ruas da cidade. Vejas nas fotos da galeria.
Repetindo o sucesso do ano passado, milhares de pessoas seguiram o bloco. O circuito Zerão até o aterro promete se consolidar como o roteiro dos seguidores de Momo.
Se os clubes sociais eram o forte da tradição carnavalesca da cidade no passado, a utilização de um trio elétrico já mostrou que a fórmula é um sucesso.
É a primeira vez que a técnica administrativa Giovana do Prado dos Reis, 18 anos, participa do carnaval de rua da cidade e aprovou a experiência. "Está bem animado, né? Por ser na rua, tem gente de idades diferentes, o que é bem legal."
Aline Schmidt, de 23 anos, já tinha participado do carnaval de rua de Londrina no ano passado e levou duas primas de Bandeirantes para participar esse ano. "Gosto das músicas, do pessoal que está aqui, e o clima do carnaval é sensacional. Hoje prefiro mais o (carnaval) de rua mesmo."
Houve espaço para muita alegria dos participantes, mas os motoristas desavisados que queriam circular pela a avenida Higienópolis ficaram irritados com a interdição da pista para a passagem dos foliões. Mas, em geral, a maioria das pessoas foi paciente com o evento.
Durante o desfile, o trio teve de realizar algumas pausas para se desviar dos cabos elétricos, de telefone e de cabos de TV por assinatura, pois a altura era muito baixa para que os integrantes do trio elétrico passassem por eles. Em um momento do trajeto, o trio precisou ficar parado e sem tocar por cerca de 30 minutos.
Em outros momentos, houve gritos contra Bolsonaro.
Formado por ritmistas de universidades de Londrina, o Bloco Pé Vermelho também tocou no Trio Elétrico do Bloco Bafo Quente. "A ideia inicial do bloco era integrar os membros dessas baterias e acabamos formando um grupo à parte, que não tem vínculo com as universidades. É grupo aberto, que tem também pessoas que não são ritmistas das universidades", explica o psicólogo Arthur Ribeiro, membro do bloco. O repertório do bloco é voltado para o samba, a música brasileira e o carnaval, e inclui sambas enredos clássicos e sucessos de artistas como Tim Maia, Jorge Ben Jor e Skank.
Diversidade
O tema do Bloco Bafo Quente (BBQ) esse ano é a defesa da diversidade: "Por trás da fantasia todo mundo é igual". Renato Forin Jr. coordenação de comunicação do Carnaval de Rua de Londrina 2020 - Bloco Bafo Quente, destacou que o desejo de todos os envolvidos no projeto era trabalhar pela defesa dos valores democráticos e da diversidade. "Propus, então, que poderíamos pensar no que o carnaval tinha a ensinar ao resto do ano em uma sociedade tão cindida e machucada pela intolerância como é o caso do Brasil do presente. Daí surgiu o tema norteador do nosso carnaval: 'Por trás da fantasia, todo mundo é igual', frase de Marcelo Quintanilha que foi gravada por Daniela Mercury em um disco de 2004".
A pluralidade de ideias estava representada no público que acompanhava o Trio Elétrico. Um dos grupos presentes é o Bloco Lambaris - Ideias Democráticas, que conforme explicou a integrante Iara Rossini Lessa, surgiu para discutir a política local. "Todo mundo está muito cansado de votar no menos pior. A ideia do grupo é que a gente possa interferir um pouco na eleição, colocar candidatos mais progressistas, quebrar um pouco essa hegemonia da direita em Londrina."
O nome tem relação com o movimento Sardinhas, da Itália, que luta contra o regime fascista do País. Cerca de 60 pessoas fazem parte do bloco londrinense, que não tem samba-enredo, nem bateria. "A ideia foi só aparecer no carnaval, brincar, se expressar, se juntar e sair numa correnteza melhor para a cidade", enfatiza Lessa.
Para Arthur Ribeiro, do Bloco Pé Vermelho, o carnaval é um momento de celebrar as diversidades. "O país é diverso, multicultural, de várias etnias, então não tem como negligenciar essa questão. Precisa olhar para isso e colocar que o carnaval é para todos."