FILO leva o público às ruas em noite de arte e protesto
A noite desta quarta-feita (12) foi de festa no centro histórico de Londrina com teatro e música presentes
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
A noite desta quarta-feita (12) foi de festa no centro histórico de Londrina com teatro e música presentes
Celia Musilli

Com uma potência maior do que nos últimos anos, o FILO - Festival Internacional de Londrina - retomou com força uma das tradições do evento: levar centenas de pessoas às ruas para assistir aos espetáculos gratuitos no centro de Londrina.
Em clima de festa, o evento de quase 60 anos entregou ao público na noite desta quarta-feira (12) aquilo que faz parte de sua história: a arte teatral e o contraponto da música que transformou, nesta edição, um ponto histórico da cidade - a Concha Acústica - no Cabaré da Concha.
O nome é uma referência ao Cabaré do FILO que, durante muitos anos, foi o ponto de encontro do público do festival que saia dos espetáculos teatrais para noitadas de música e diversão que duravam até o amanhecer.
Nesta quarta-feira, a programação foi aberta pelo grupo teatral londrinense Ás de Paus que encenou para centenas de pessoas um espetáculo premiado: "Fagulha", ganhador de quatro prêmios Gralha Azul - considerado o mais importante do Paraná - em 2023: melhor espetáculo, melhor figurino, melhor dramaturgia e melhor composição musical/ sonoplastia.
"Fagulha", com o grupo Ás de Paus no centro histórico de Londrina:
A montagem, que trata da finitude e também dos novos começos, atraiu adultos e crianças tanto pela seriedade do tema apresentado de forma dramática em muitos momentos quanto pelo aspecto lúdico que leva a plateia àquilo que o teatro é capaz de proporcionar: magia e emoção num espetáculo de rua de grande impacto visual, criado por um grupo maduro que está completando 17 anos de atividades.

MÚSICA E PROTESTO
Após o espetáculo, foi a vez da banda Abacate Contemporâneo ocupar a Concha Acústica numa noite em que o repertório autoral dominou o palco, levando ao público a potência da música criada em Londrina e interpretada por excelentes instrumentistas e uma vocalista de primeira grandeza: Raquel Palma.
Outra estrela da festa foi Simone Mazzer, cantora londrinense reconhecida no país e muito aguardada pelo público que fez uma participação especial no show interpretando hits como "Navalha", dividindo o palco com Raquel Palma, e terminando com "Mente Mente", o 'hino' de Robinson Borba que marca a cultura da cidade com um selo de qualidade que atravessa gerações de artistas. Londrina reviveu nesta quarta-feira a potência da arte produzida na cidade.

A banda Abacate Contemporâneo, conhecida por sua vertente de vanguarda, também deixou uma mensagem importante no show desta noite: "o que traz paz às ruas da cidade é a arte, a música, o teatro, não 'o Choque de Ordem", uma alusão a uma operação policial recente que se propôs a vigiar o centro histórico - no início da nova gestão da prefeitura - de forma equivocada na opinião de parte da população e, principalmente, dos artistas.
A cantora Simone Mazzer reforçou o recado da banda em favor de uma cidade mais artística e menos fiscalizada.

A banda lembrou que Londrina é um território pacificado através de várias linguagens artísticas que tocam a população nas ruas, remetendo à civilidade da convivência entre todos sem discriminação, incluindo as pessoas em situação de rua - um dos alvos da operação policial - que também estiveram presentes e se divertiram num show marcado pela força de um festival emblemático.

