Filmtech: o crescimento impactante da tecnologia do audiovisual
Feira reitera que o setor está entre os que mais crescem no País; o Paraná é o quinto estado na produção de conteúdo
PUBLICAÇÃO
domingo, 03 de novembro de 2024
Feira reitera que o setor está entre os que mais crescem no País; o Paraná é o quinto estado na produção de conteúdo
Francielly Azevedo/ Especial para a FOLHA
CURITIBA - Você sabe o que é audiovisual? O setor é um dos que mais cresce no Brasil, sendo responsável por cerca de R$ 27 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, ficando à frente de indústrias importantes como a automobilística.
O audiovisual engloba a produção de filmes e vídeos, incluindo distribuição, exibição, TV aberta e paga, vídeo doméstico, redes sociais e streaming. O Brasil está entre os cinco países que mais consome audiovisual no mundo, são cerca de 200 milhões de espectadores.
Boa parte do conteúdo feito aqui no país é de empresas paranaenses. O estado ocupa a quinta posição em número de produtoras registradas na Agência Nacional do Cinema (ANCINE) e é o quarto em quantidade de CPBs (Certificado de Produto Brasileiro - documento concedido à obra audiovisual não-publicitária brasileira). Além disso, o Paraná está na segunda posição nacional em quantidade de CRTs (Certificado de Registro de um título que assegura e autoriza a obra a ser comercializada e veiculada no Brasil).
Diante de todo esse cenário, profissionais do audiovisual paranaense se reuniram na Filmtech 2024. A feira, realizada em Curitiba na última sexta-feira (1), apresentou novidades do mercado, especialmente na área de tecnologia - e a reportagem da FOLHA foi conferir.
“O Paraná tem um mercado bem aquecido de audiovisual. Há pouco tempo estava um pouco mais aquecido por causa do apoio do governo em questões tributárias, então várias produções vinham rodar aqui no Paraná por questão de custo. Isso ajudou a fomentar o mercado publicitário aqui no nosso estado. O mercado vem crescendo muito, porque o audiovisual hoje está cada vez mais presente a começar pelas redes sociais”, disse em entrevista à FOLHA Daniel Bernardon, organizador da Filmtech.
O USO DA IA
Um dos pontos altos do evento foi a palestra do produtor Derick Borba. Na área há 26 anos, ele mostrou como a Inteligência Artificial (IA) pode ser usada para revisões e roteiros de forma simplificada com a demonstração do Top AI tools, da empresa norte-americana Pactto.
“Hoje eu mostrei o Pactto, que é uma ferramenta de revisão e de visita técnica. Hoje em dia a pessoa para dar um feedback de um vídeo, seja ele um sempre reels, ela manda texto, manda áudio, manda print, e aí bagunça tudo. Nós mostramos uma forma descomplicada de fazer isso com o Pactto, usando frame a frame e até sendo mais detalhista, trazendo links de referência de fora. Para o editor é muito fácil e descomplicado entender o que o outro quer”, explicou à FOLHA.
Borba ressaltou que ignorar o avanço da tecnologia, principalmente no setor audiovisual, é praticamente impossível. Segundo ele, os profissionais ainda estão se adaptando às ferramentas que chegam ao mercado.
“Muita gente, há uns dois anos atrás, estava com medo do que estava surgindo, algumas pessoas ignoraram e pensaram que nunca iria acontecer, e hoje a inteligência artificial é uma realidade, como foi a 5D há um tempo atrás, com foi a luz de led. O que a gente está mostrando é como surfar essa onda. Não precisa ter medo, porque podemos ganhar muito mais tempo de qualidade, acelerar os processos e otimizar tarefas manuais que são cansativas e chatas de fazer”, afirmou.
O produtor destacou a importância de conhecer as novidades, mesmo que elas não sejam aplicadas. “O estudo nunca vai acabar. A teoria que você absorve é bagagem para entender e melhorar o processo”, concluiu.
ACESSO A EQUIPAMENTOS
Além das palestras, a Filmtech 2024 contou com estandes de empresas que apresentaram soluções para o setor audiovisual. Uma delas é a locadora Marios, fundada há três anos pelos gêmeos José Mario e Mario Vicente, de 37 anos.
Os dois atuam no audiovisual há 12 anos e perceberam as dificuldades que os profissionais encontravam para adquirir equipamentos modernos, por causa do preço de compra.
“Nós já estivemos do outro lado do balcão e sabemos como é caro. Câmeras nós estamos falando de preços de R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 50 mil. Então, o acesso é difícil. O que nós trazemos para esses profissionais é o acesso. Seja querendo alugar ou comprar. Para isso, nós ficamos de olho nos lançamentos e pegamos o feedback dos clientes”, Mario Vicente.
A empresa começou pequena, com dois funcionários e poucos equipamentos. Hoje, já são 12 colaboradores e mais de 500 peças disponíveis.
“A gente percebeu uma carência desse tipo de negócio aqui em Curitiba. Começamos com poucos equipamentos. Com o tempo, percebemos que tinha demanda e fomos ampliando. Hoje estamos com mais de duzentas câmeras e trezentas lentes, atendendo não só Curitiba, mas o estado todo”, completou José Mario.
Os perfis dos clientes são diversos e cresceram bastante com o boom das redes sociais.
“Nós temos o videomaker, que faz vídeos para sua própria empresa ou está assessorando um familiar que está preparando algo para o negócio dele para as redes sociais, aí ele aluga um microfone de lapela para ligar no celular ou uma iluminação; temos o videomaker mais profissional que prefere uma câmera mais profissional; temos produtoras que alugam dezenas de equipamentos; e até shows em estádios. Então, nós apoiamos de pequenos a grandes produtores”, detalhou Mario Vicente.
Além de alugar equipamentos, os Marios vendem câmeras fotográficas.
“Nós temos o cliente amante da fotografia, que quer só ter uma câmera por estilo, temos quem está começando a aprender fotografia, que quer a primeira câmera, e até grandes empresas de renome”, completou José Mario.
DE OLHO NO PARANÁ
Essa foi a terceira edição da Filmtech em Curitiba. Daniel Bernardon, sócio da Armada Rental, empresa que realiza o evento, explicou que a ideia da feira nasceu quando ele percebeu a carência do mercado paranaense.
“A única feira que a gente encontra no Brasil fica em São Paulo, então vimos a necessidade de que o nosso estado tivesse algo para aproximar o público das tecnologias que temos hoje. Porque normalmente o pessoal só vê pela internet. Então, a Filmtech vem para fomentar o mercado audiovisual paranaense”, afirmou à FOLHA.
Para os irmãos Marios, a Filmtech é fundamental para fazer com que o restante do país olhe com mais carinho para o Paraná.
“Ter um evento como esse é importantíssimo, porque a maioria das coisas acontece no eixo Rio-São Paulo, especialmente em São Paulo. Aí um evento como a Filmtech mostra que Curitiba e o Paraná são relevantes para o audiovisual. É muito importante que as marcas vejam a relevância do mercado que está sendo construído aqui”, concluiu Mario Vicente.