Os velhos e novos filmes de Natal ainda se deixam ver, quase que exclusivamente em serviços de streaming – embora canais abertos também reservem classicões que fizeram história, e de graça. Dramas edificantes, com receitas de moral, em velho preto & branco, continuam a provocar úmidas emoções e espalhar lições simples e didáticas de urbanidade e humanismo. Fazer a listagem seria fácil e modorrento. O menu está à mão, em qualquer plataforma. Grátis ou mediante aqueles pacotes pagos que ninguém ignora o custo.

Mas há na telinha muitos títulos bem recentes, lançados nestas quase três décadas de século 21, melodramas nos quais predominam as eternas cores da estação natalina – verde, vermelho e dourado. São filmes que visam trazer atualizações temáticas ao chamado espírito natalino que é, em essência, reavivar valores universais que, em última instância, pretendem deixar este mundo um lugar melhor para se viver. Especulação imobiliária, crise climática e outros problemas da ordem do dia ganharam espaço na pauta dos roteiros de agora. Que continuam a falar de honestidade, resiliência, flexibilidade, criatividade, fé, coragem e gratidão como reserva moral para colocar o amor em ação.

Nas salas, em exibição bem sucedida neste momento mundo afora, o filme que mais se aproxima da descrição desse quadro é o delicioso “Wonka”. Timothée Chalamet é o próprio charme no papel de um jovem Willy Wonka (é uma prequela daqueles dois filmes com Gene Wilder e Johnny Depp) que chega à Paris antes da guerra ainda jovem, depois de uma vida estranhamente concebida nas ondas do oceano. Ele está determinado a fazer fortuna com as receitas de chocolate inventadas por sua mãe. E está a fim de sacudir o estagnado negócio da guloseima com suas novas e mágicas ideias sobre chocolate. Persistente e corajoso, ele enfrenta crueldade e prisão com ajuda de novos amigos.

Difícil saber onde e como se encaixa no alentado (2h48m) “espírito natalino” o documentário/drama musical “Renaissance: A Film by Beyoncé”, dirigido pela própria. Segundo a sinopse, ela “apresenta seus grandes sucessos e discute o processo criativo por trás de sua turnê mundial. Outra incógnita é o russo de animação “A Viagem Encantada”, fantasia familiar de Viktor Glukhushin. Não se sabe se é um filme também sobre balé, mas é provável, já que a personagem, Marie, fica do mesmo tamanho de seu quebra-nozes de brinquedo.

E, finalmente, ressurge das águas o super-herói DC, agora “Aquaman 2: O Reino Perdido”, com Jason Momoa tentando salvar a Atlântida. Quem quiser pode transformar este fundo de mar num animado Natal submarino. Está tudo lá, é só surfar e soltar a imaginação.