Eleito o Intelectual do Ano de 2020, o líder indígena Airton Krenak é um dos curadores do Festival Rec.Tyty, que acontece virtualmente entre os dias 17 e 25 de abril. Com foco na produção cultural indígena, o evento reunirá artistas visuais, fotógrafos, cineastas, músicos, pensadores e oficineiros. A mostra tem como objetivo abrir espaço para que os índios possam narrar e representar a própria história, mantendo vivas as heranças e tradições culturais.

Indígenas se reúnem num festival  cujo nome deriva da sigla "rec" - de recordar - e da palavra guarani "tyty", que aos nossos ouvidos soa como "tatá" e que cria uma rede de significados
Indígenas se reúnem num festival cujo nome deriva da sigla "rec" - de recordar - e da palavra guarani "tyty", que aos nossos ouvidos soa como "tatá" e que cria uma rede de significados | Foto: Ubiratan Suruí/ Divulgação

Durante o Festival Tec.Tyty , além das obras visuais, sonoras, cinematográficas e fotográficas, os visitantes terão a oportunidade de se aprofundar um pouco mais na cultura indígena por meio de um ciclo de conversas. Terão ainda a oportunidade de conhecer a primeira etapa do projeto Nhe’ẽry, que por meio de oficinas artísticas, vem promovendo a recriação de mapas da cidade e do litoral de São Paulo, a partir da perspectiva e da língua do povo Mbya-Guarani. A programação inclui ainda encontros virtuais com convidados de quatro povos diferentes, com conversas e demonstrações de cantos, danças, pinturas corporais, rituais e trajes que compõem sua identidade e expressão.

O nome do festival foi criado pelo cineasta indígena Carlos Papá Guarani, através da junção da sigla 'rec' - que pode tanto ser o 'record' das máquinas de imagens, como também ‘recordar', no sentido da memória -, e a palavra guarani 'tyty', que aos nossos ouvidos soa como tâ-tâ, que carrega uma rede de significados, tanto na "poesia concreta" que dá nome ao batimento cardíaco, quanto numa "metáfora" para a emoção, o calor humano, a pulsação dos afetos, a vida em seu movimento. Segundo os organizadores, a realização de um festival virtual representa a oportunidade de seguir com o fortalecimento da arte e da cultura indígena, nos circuitos artísticos e de produção de conhecimento, como medida de enfrentamento prático ao isolamento físico que tanto afeta nossas dinâmicas afetivas e sociais.

Festival reúne a tradição e avida indígena contemporânea
Festival reúne a tradição e avida indígena contemporânea | Foto: Edegar Xacriaba/ Divulgação

O evento foi idealizado pelo Instituto Maracá, fundado por Cristine Takuá, Carlos Papá e Ailton Krenak, inspirados pelos maracás dos mais de 200 povos indígenas no Brasil. A entidade foi criada com a intenção de fazer ressoar as vozes dos povos indígenas para o mundo, aproximando universos tão distantes e contribuindo para a construção de uma sociedade mais inclusiva. O Festival rec.tyty é realizado através do Proac Expresso Lei Aldir Blanc, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal.

Serviço:

Festival Tec.Tyty

Quando – De 17 a 25 de abril

Onde - no site do evento e nas páginas do Instagram/Facebook do Instituto Maracá