Em sua 43ª edição, o Festival Internacional de Música de Londrina se confirma como um evento fixado no calendário de estudos de músicos de todo o País. O principal argumento dos que escolheram estar em Londrina por uma semana intensa de aprimoramento é o nível dos profissionais que integram a grade de programão do FIML.

Neste período, no Colégio Estadual Hugo Simas, localizado no centro de Londrina, é onde se concentram as pessoas de diferentes regiões do Brasil para ensinar e também aprender mais sobre a arte musical. No segundo andar, sala 17, fim do corredor, o silêncio dá vez ao violino de Catarina Suksom Maia, 10 anos.

A estudante é bolsista do projeto social Zeca Pagodinho em Xérem, Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Ela é filha do violinista Miguel de Barros Maia e começou a aprender o instrumento aos cinco anos de idade. Mais tarde, aos sete anos, começou a fazer aulas com a venezuelana Carla Rincón que também a professora aqui do festival de Londrina. Em seu caso, a bolsa cobre os custos de hospedagem, alimentação e aulas.

Rincón mora no Rio de Janeiro há 19 anos, onde dá aulas e tem um olhar especial acerca do FIML. "É o único festival que acolhe projetos sociais e isso faz dele essencial". Ao circular pelas diferentes localidades do País, a professora reconhece a abundância cultural da nação e suas particularidades. "Londrina deve se orgulhar por ser uma casa acolhedora assim", defende.

Com consolidada carreira internacional, a violinista Carla Rincón acumula experiências que a tornaram referência na música de câmara latina. Como solista e camerista, já pisou em palcos como Carnegie Hall e Sala Cecilia Meireles, além de se apresentar em diversos países da Europa, Ásia, África e Américas.

Fundadora e primeiro violino do Quarteto Radamés Gnattali, Carla conquistou os prêmios Carlos Gomes e Rumos Itaú e foi indicada a outros como o Grammy Latino. Com o grupo, ela se tornou a primeira mulher a gravar todo o repertório para formação de quarteto de Villa-Lobos, o maior compositor brasileiro. Graduada pela North Carolina School of the Arts e mestre pela Universidade de Hartford, foi através do prestigiado El Sistema (Venezuela) que Carla iniciou sua carreira como musicista e educadora.

Para a família de Catarina, esse é um dos maiores festival do Brasil. "E é também um grande palco que vem com uma certa responsabilidade, uma credibilidade dada ao músico que é convidado a tocar", afirma. 'É importante para todos os músicos se socializar por meio da música, conhecer outras pessoas, identificar que a dificuldade que ele, tem um outro colega também, pode ter", acrescenta.

O pai lembra que Catarina Suksom Maia toca um solo com a orquestra no concerto de encerramento do festival, trata-se de Romance em Fá Maior de Beethoven. O Concerto do Encontro Brasileiro Orquestras Sociais será às 10h30 da manhã de domingo (16), no Cine Teatro Ouro Verde, sob regência do maestro Luíz Martins, a entrada é gratuita.

Martins é mestre em regência pela Universidade de Aveiro, Portugal. Em 2019 Luíz Martins recebeu o prêmio e comenda Pe. Teófanes Araújo Barros concedido pela Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro pelo reconhecimento ao trabalho desenvolvido juntos às orquestras e coros no nordeste do Brasil.

Destaca-se também como compositor, arranjador, preparador vocal e diretor musical em diversos espetáculos musicais e concertos no Brasil e exterior. Participou de Masterclasses em violino, canto, regência orquestral e coral com professores e maestros renomados como Raul Munguia (EUA), Washington Oliveira (Alemanha/Brasil), Davi Arontes (México), Valeria Mattos, Simon Phipps (Suécia) e Philip Lawson (Inglaterra).

APRIMORAMENTO

A cantora Sâmela Silva, 26 anos, faz sua estreia no 43º FIML. Integrada e muito à vontade com os cursos e apresentações artísticas do evento, Silva se sente privilegiada pela oportunidade de estar em atividade naquele que é considerado por grandes nomes um celeiro de talentos.

Sâmela Silva, 26 anos, cantora atua em dois projetos sociais no Rio de Janeiro
Sâmela Silva, 26 anos, cantora atua em dois projetos sociais no Rio de Janeiro | Foto: Walkiria Vieira

Filha do maestro Alcino Tavares, ela o considera uma grande referência e também seu maior incentivador. "Continuar estudando é importante em todas as profissões e, no caso da música, isso não é diferente. Ter outras opiniões nos faz crescer", pensa. A jovem integra dois projetos sociais no Rio de Janeiro: o Solar Meninos de Luz na comunidade do Pavãozinho e a Escola de Música da Rocinha, para a qual se dedica há sete anos. "Toco violino na Rocinha e faço parte do Coro Juvenil e do Coro LGBTQIA+", conta.

Gerar novos valores e visões para a criação, vivência, performance, aprendizado e conhecimento é a proposta do Festival Internacional de Música de Londrina. Essa perspectiva vai ao encontro dos anseios do presidente da Orquestra Filarmônica de Alagoas e violoncelista Lenivaldo Neto, 27 anos. Essa é a segunda vez que Neto crava sua participação no evento e segue recomendando-o dada a sua variedade.

Lenivaldo Neto, 27 anos, presidente da Orquestra Filarmônica de Alagoas, está em Londrina para os cursos com professores renomados
Lenivaldo Neto, 27 anos, presidente da Orquestra Filarmônica de Alagoas, está em Londrina para os cursos com professores renomados | Foto: Walkiria Vieira

Reconhecido pela programação artística com eventos em ruas e praças e aberta a todas as idades, o viés democrático também soma ao festival. Entre os cursos pedagógicos escolhidos em que Neto se inscreveu está o do professor Pedro Ludwig, mestre pela Universiy of South Carolina e graduado em Música pela Universidade Federal de Santa Maria em 2004. "Quando vi nomes como o de Carla Rincón e Luíz Martins, não tive dúvidas de que tinha que estar aqui", conta. "É aprendizado e também networking", sugere.

O professor Ludwig vem trabalhando no ensino de violoncelo de diversos níveis, de crianças a adultos, e lecionou nos Festivais de Música de Cascavel e Londrina. Suas pesquisas na área de pedagogia dos instrumentos de cordas já renderam trabalhos apresentados em congressos no Brasil e, recentemente, na 48ª Conferência Internacional da ESTA (European String Teachers Association).

SERVIÇO:

43º Festival Internacional de Música de Londrina

De 9 a 16 de julho

Mais informações no site do Festival