SÃO PAULO - Foi emocionada e sem um discurso escrito num papelzinho que Fernanda Torres subiu ao palco do Globo de Ouro, na madrugada desta segunda-feira (6), para agradecer pelo prêmio de melhor atriz em filme de drama. Trata-se da primeira vez que uma atriz brasileira vence na categoria.

Ela saiu vitoriosa pelo trabalho em "Ainda Estou Aqui", longa de Walter Salles que, mais cedo, havia perdido o troféu de filme em língua estrangeira para "Emilia Pérez", representante da França.

Em seu breve discurso, Torres dedicou o prêmio à mãe, Fernanda Montenegro, presente no elenco do filme e indicada ao Globo de Ouro na mesma categoria por "Central do Brasil", em 1999. Ela perdeu para Cate Blanchett naquela ocasião.

Torres desbancou medalhões de Hollywood, como Nicole Kidman, por "Babygirl", Angelia Jolie, por "Maria Callas", Kate Winslet, por "Lee", e Tilda Swinton, por "O Quarto ao Lado". A disputa, especialmente difícil nesta edição, ainda tinha Pamela Anderson no páreo, por "The Last Showgirl".

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"Meu Deus, eu não preparei nada, porque eu já estava feliz [em ser indicada]. Este é um ano incrível para atuações femininas. Tantas atrizes aqui que eu admiro muito. Claro que eu quero agradecer ao Walter Salles, meu parceiro, meu amigo, por essa história.

E eu quero dedicar esse prêmio à minha mãe, que esteve aqui há 25 anos. Esta é a prova de que a arte pode superar momentos difíceis, como a Eunice Paiva, que eu interpreto, mostrou. É um filme que nos ajuda a mostrar como sobreviver em tempos difíceis."

VITÓRIA HISTÓRICA

Fernanda Torres entrou, na noite deste domingo, para o seleto grupo de atrizes que já venceram o Globo de Ouro por trabalhos em filmes de drama não falados em inglês. Além dela, apenas a sueca Liv Ullmann e as francesas Anouk Aimée e Isabelle Huppert triunfaram nessa condição.

Isso porque, de 1943, quando a premiação teve início, até 1963, apenas atrizes americanas e britânicas concorreram na categoria.

O padrão foi quebrado naquele ano pela italiana Alida Valli e pela francesa Marina Vlady, que se tornaram as primeiras a competir na corrida com filmes de língua não inglesa, no caso o mexicano "The Paper Man" e o italiano "The Conjugal Bed", respectivamente -mas não ganharam.

Em 1966, Anouk Aimée se tornou a primeira a vencer o Globo de Ouro de melhor atriz por longa de drama não falado em inglês com a produção francesa "Um Homem e uma Mulher", de Claude Lelouch.

Liv Ullmann, musa do cineasta Ingmar Bergman, levou o prêmio seis anos depois com o longa "Os Emigrantes". Ela concorreria na categoria mais duas vezes, em 1974 e 1976.

Fernanda Montenegro foi indicada por "Central do Brasil", em 1999, mas não venceu. Outra vitória do tipo foi alcançada só 44 anos depois, quando Isabelle Huppert, protagonista do francês "Elle", levou o prêmio em 2016.

EUFORIA DOS FÃS PELA CONQUISTA

A vitória de Fernandinha despertou reações emocionadas de fãs e famosos, que foram às redes sociais discutir a premiação.

A categoria era uma das mais disputadas da edição.

Ela se consagrou melhor atriz em filme de drama. O resultado, claro, despertou reações emocionadas nas redes sociais.

Nomes como Gil do Vigor, Giovana Ewbank e Erika Hilton postaram em comemoração a atriz. No caso, o ex-BBB publicou um vídeo surtando com o anúncio da vitória. A atriz manifestou boas energias para Torres, e comemorou que "deu certo" quando veio o prêmio. Já a deputada federal escreveu: "Perseverou o cinema brasileiro, materializado em uma atuação magnífica e em uma obra que lotou salas, influenciou decisões judiciais recentes em prol da memória das vítimas da ditadura e escancarou um passado que muitos querem que esqueçamos."

Até o Presidente Lula celebrou a vitória. "Emocionante. Fernanda Torres é orgulho do Brasil. Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro pela sua grande atuação no filme Ainda Estou Aqui. Como ela mesma diz: a vida vale. Parabéns, Fernanda Torres."

O Globo de Ouro é apenas o começo do caminho para Fernanda Torres e "Ainda Estou Aqui". O filme ainda tem diversas outras premiações pela frente, incluindo a possibilidade de disputar prêmios no Oscar 2025. Mas a vitória na premiação pode indicar um bom futuro para a produção.