Mais de 1 milhão de pessoas saíram da Itália para morar no Brasil entre 1876 e 1920, de acordo com dados do IBGE. Em Londrina, na década de 1930, os italianos constituíram o maior número de imigrantes no município, totalizando mais de 600 indivíduos. Com a proposta de resgatar a memória de sete mulheres que integraram esse grupo de pioneiros ou de suas descendentes foi criada a exposição virtual “O Chamado do Sangue”. A mostra, que reúne depoimentos femininos de quem contribuiu de diversas maneiras para a formação da sociedade londrinense, será lançada para convidados nesta quinta-feira (22), às 19 horas, no Espaço Cultural da Associação Médica de Londrina.

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Resultado de quase três anos de trabalho, a exposição faz parte do projeto “Os Bravissimi na Terra Roxa” - desenvolvido pela Associação de Cultura Italiana I Bravissimi. A mostra conta com patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina (Promic) e poderá ser acessada gratuitamente pela internet a partir desta quinta-feira (22) pelo site www.ibravissimilondrina.org.

A ideia de produzir a exposição virtual surgiu a partir de uma observação de Hylea Ferraz, uma das fundadoras da I Bravissimi - e hoje diretora executiva da Associação. Ela conta que desde a época em que cursava graduação em História, em 1989, percebia que havia uma lacuna nos projetos de preservação da nossa história. “Faltava atentar às riquezas das narrativas dos imigrantes que vieram para o Norte do Paraná. Também pude perceber que elas, as imigrantes e suas descendentes, são as verdadeiras protagonistas dessa história, na maioria das vezes distantes dos arquivos oficiais, já que estes ainda repousam sob um modelo patriarcal”, afirma.

Lançado em 10 de dezembro de 2019, o projeto da mostra inicialmente previa uma exposição física no Museu Histórico de Londrina, que seria levantada por meio do resgate de acervos familiares inéditos que representassem o fazer profissional dos imigrantes italianos e seus descendentes em solo londrinense.

Entretanto, devido à pandemia, o trabalho de coleta desses materiais foi sendo adiado, ao mesmo tempo em que a pesquisa histórica e a análise de acervos foram revelando algo que alterou o foco da proposta: havia um latente silenciamento em relação à figura da mulher nos registros históricos, apesar de as entrevistas com imigrantes indicarem o papel fundamental dessas mulheres não só na manutenção da família, mas na construção da Londrina que hoje conhecemos.

A partir desta nova percepção, surgiu a proposta de realizar entrevistas virtuais e/ou on-line com as imigrantes italianas e suas descendentes. As conversas foram conduzidas pela historiadora Taiane Micali e pelo historiador Luís Gustavo Cavalheiro Silva. A iniciativa deu voz e imagem às histórias de sete londrinenses: a dentista e administradora Julieta Caminhoto Rotondo; a professora e doceira Valderês Pereira Penteado; a professora e museóloga Marina Zuleika Scalassara; a professora e historiadora Amélia Tozzetti Nogueira (in memoriam) – cujo depoimento já integrava arquivo do Museu Histórico de Londrina –; a costureira e agricultora Otildes de Paula Budeu; a engenheira e empresária Cristiana Veronesi; e a atriz e produtora cultural Melissa Andreazza, conhecida em Londrina como Mel Campus.

O projeto contou ainda com a produção de Álvaro Canholi, da PÁ! Artística e a parceria do Museu Histórico de Londrina. A iniciativa prevê ainda a publicação dos resultados da pesquisa na forma de um catálogo bilíngue que será lançado em breve e distribuído em instituições de estudos e guarda da memória no Brasil e Itália.

Serviço:

Abertura da exposição virtual “O Chamado do Sangue”

Quando – Quinta-feira (22), às 19h

Onde - Espaço Cultural da Associação Médica de Londrina (evento apenas para convidados)

*A mostra pode ser acessada gratuitamente pelo ibravissimi