Traduzir em fotografias as imagens que rondam o universo onírico de cinco modelos LGBTQIA+. Mergulhando na temática dos sonhos, tanto os que ocorrem durante o sono como também os que são gerados a partir de desejos, a fotógrafa Esther Hall produziu 25 trabalhos que integram a exposição “Sonhante”. A mostra pode ser visitada a partir desta segunda-feira (18), no Centro de Ação Cultural (CAC), em Maringá.

Gaê Sango em foto de Esther Hall produzida para a mostra "Sonhante"
Gaê Sango em foto de Esther Hall produzida para a mostra "Sonhante" | Foto: Esther Hall

Antes das fotos que integram a exposição serem produzidas, as modelos Enarê Ítalo, Gaê Sango, Luna Regina, Oni Kuroi e Thais Andrade conversaram sobre seus sonhos e desejos com a equipe que cuidou da concepção da mostra. A partir da entrevista prévia, foram criados os conceitos visuais de cada uma das fotografias expostas. “A equipe traduziu todo o material das entrevistas em concepções visuais, imagens que dialogassem de forma não literal e óbvia com o que foi dito pelas pessoas entrevistadas”, explica o idealizador e produtor do projeto, Leonardo Fabiano.

De acordo com o produtor do projeto, durante as entrevistas surgiram elementos que fazem referência ao campo do medo, do terror, mas também com o campo do desbunde, da glória, da honra, que compõe uma narrativa mais complexa do que essa linearidade do sofrimento LGBT. “Não era do nosso interesse cutucar a mesma ferida de sempre, aquela única pela qual lembram de nós: quantos de nós morremos, apanhamos, sofremos. A ideia aqui é dar voz a essas pessoas, ouvir as histórias que elas querem contar ao mundo, não as histórias que o mundo conta delas. Com esse trabalho queremos apresentar novas realidades nas quais cabemos, nas quais queremos viver”, diz Fabiano.

Para traduzir os sonhos narrados pelas modelos, as fotos do projeto foram feitas em fundo chroma key e o resultado surge de uma inspiração nas premissas da estética surrealista e de um longo e árduo trabalho de pós-produção nas fotos, para criar novos mundos, novos seres e realidades exclusivas de cada modelo. Todas as imagens foram submetidas à avaliação das modelos para constatar se aqueles conceitos as contemplavam.

“A ideia da curadoria é justamente mostrar essas existências que desafiam esse binário do real e do ficcional, porque o ficcional fura essa lógica binária da verdade e mentira. A ficção é outra coisa, é uma não-verdade mas também não é uma mentira. Então brincar com essa ideia ficcional e, em alguma medida, auto ficcional, porque a gente partiu das narrativas oníricas das próprias pessoas sobre si mesmas”, diz a curadora Lua Lamberti.

A modelo Thais Andrade em foto da exposição: inspiração na estética surrealista
A modelo Thais Andrade em foto da exposição: inspiração na estética surrealista | Foto: Esther Hall/ Divulgação

Ela destaca que a intenção é oferecer a quem adentra a exposição uma experiência não apenas contemplativa, mas também imersiva. “A gente tenta evocar uma sensação de imersão nesse campo dos sonhos. A expografia foi pensada tentando criar ambientes em que a pessoa seja imersa nesse campo onírico de cada um dos sonhantes, que é como a gente chama as pessoas que participaram do projeto”, comenta.

A exposição foi produzida com verba de Incentivo à Cultura, Lei Municipal de Maringá n.º 10988/2019, Prêmio Aniceto Matti.

Serviço

Exposição fotográfica Sonhante

Quando - De 18 de outubro a 19 de novembro, de segunda a sexta das 9h às 11h30 e de 13h30 às 17h e aos sábados de 14h às 17h

Onde - CAC – Centro de Ação Cultural (Av. XV de Novembro, 514 - Zona 01), em Maringá

Entrada gratuita