Escritora Lilia Schwarcz encerra o 16º Londrix nesta segunda-feira (22)
A renomada autora paulistana participa do Festival Literário de Londrina daqui a pouco com palestra on-line sobre a obra de Lima Barreto
PUBLICAÇÃO
segunda-feira, 22 de março de 2021
A renomada autora paulistana participa do Festival Literário de Londrina daqui a pouco com palestra on-line sobre a obra de Lima Barreto
Marcos Roman - Grupo Folha
Uma das convidadas mais aguardadas na programação da 16ª edição do Festival Literário de Londrina – Londrix, a antropóloga, historiadora e escritora paulistana Lilia Schwarcz encerra a programação do evento na noite desta segunda-feira (22). A partir das 19 horas, ela ministra a palestra “Lima Barreto: o reconhecimento póstumo de um autor subjugado”.
Autora de vários livros, entre eles “Lima Barreto: Triste Visionário”, “Brasil, Uma Biografia”, “Sobre o Autoritarismo Brasileiro”, Lilia Schwarcz ganhou entre outros prêmios, nove Jabutis, três prêmios da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e um prêmio da Academia Brasileira de Literatura. Doutora em Antropologia Social e professora da Universidade de São Universidade de São Paulo (USP) atua também como colunista do Nexo, editora da Companhia das Letras e curadora adjunta para histórias do Museu de Arte de São Paulo – Masp.
Em entrevista à FOLHA, a escritora adiantou temas que tratará em sua palestra sobre Lima Barreto (1881-1922) no Londrix. Lilia é autora do livro “Lima Barreto - Triste Visionário”, lançado pela Companhia das Letras em 2017, mesmo ano em que o biografado foi homenageado na Festa Literária Internacional de Paraty – Flip.
Para produzir o livro que investiga as origens, a trajetória e o destino de Lima Barreto sob a ótica racial no Rio de Janeiro da Primeira República, a escritora e historiadora mergulhou durante mais de dez anos na obra de Afonso Henriques de Lima Barreto. A pesquisa resultou na mais completa biografia sobre o autor carioca negro, filho de escravos, que escreveu textos pautados em ideias políticas e sociais à frente de seu tempo com críticas contundentes ao racismo e outras mazelas crônicas da sociedade brasileira e chegou a ser internado num hospício.
Quais aspectos da trajetória de Lima Barreto a senhora pretende abordar no encerramento do Londrix?
Mostro como Lima Barreto faz uma literatura militante e como, muitas vezes, a sua própria biografia vira a sua própria literatura. Portanto, esse trânsito entre ficção e não ficção ficará bem borrado durante a palestra. Eu também pretendo apresentar muitas imagens, muitos documentos, de forma a tornar a palestra uma espécie de conversa com as pessoas presentes ao evento.
Qual a importância da obra dele para a literatura brasileira?
A obra de Lima Barreto é imensa porque fala no começo do século XX de discriminação, racismo, exclusão social. Lima Barreto ainda não faz parte do cânone literário brasileiro e é urgente que ele entre porque os temas que ele trata dialogam com uma literatura altamente contemporânea.
Dentre os livros escritos por ele, quais são os mais relevantes? Por quê?
Eu acho muito difícil pra alguém que estudou e estuda a obra de Lima Barreto a vida toda chegar e dizer: ah, eu prefiro esse livro ou aquele livro. Ele tem os seus livros mais conhecidos, como “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, que é uma joia, é o nosso Dom Quixote nacional. Mas não daria pra esquecer “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, que é um manifesto contra o racismo e também é um manifesto muito atual contra as práticas jornalísticas mais patrimonialistas. “Clara dos Anjos” é um livro da maior importância nos dias de hoje, porque conta a história de uma menina negra que é enganada por um rapaz branco e acaba grávida, sozinha e desiludida com a República. Tem também “Vida e Obra de M. J. Gonzaga de Sá”, que é um livro maravilhoso sobre o filósofo andarilho. Há também os diários de Lima Barreto que foram organizados postumamente: os diários íntimos, os diários do hospício, que são igualmente livros de uma força e uma potência rara na literatura brasileira. Isso sem esquecer dos contos, das crônicas e da correspondência de Lima Barreto. Eu não consigo apontar um livro, porque a obra desse autor é feita do conjunto dos seus escritos.
Serviço:
16º Festival Literário de Londrina - Londrix
Evento: “Lima Barreto: o reconhecimento póstumo de um autor subjugado” - palestra on-line de Lilia Schwarcz
Data: Segunda-feira (22), às 19h
Onde: no canal oficial do Londrix no YouTube