Um livro que se debruça sobre a problemática o uso das palavras e o recurso da fala, sob a perspectiva da psicanálise e da literatura. Assim pode ser apresentado "Mulher de palavra: encantada, mal dita, bem dita", terceira obra da escritora, psicanalista e jornalista paranaense Eliane de Christo (@elianedechristo). Publicada pela Editora Paraquedas, a obra aborda e relaciona temas como sintoma, corpo, palavra e histeria. O livro conta com prefácio assinado pela pesquisadora Maria Francisca Lier-Devitto, a orelha é assinada por Viviane Veras e a quarta capa conta com comentário da psicanalista Amanda Mont’Alvão Veloso.

O trabalho, fruto do seu doutorado em linguística pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), tem um viés autoetnográfico, atravessado pelas escritas literária e acadêmica, revelando as múltiplas experiências da autora. Em sua obra, Christo costura diversas vivências pessoais e autores de referência. De mãos dadas com Clarice Lispector e Manoel de Barros, entrelaça a infância vivida junto à avó benzedeira com o trabalho que ela realizou, já adulta, com meninas em situação de rua, como trabalho de conclusão de curso em jornalismo. É este último relato que situa a autora na psicanálise e a conduz pelos caminhos que a levam a publicar “Mulher de palavra: encantada, mal dita, bem dita”. De acordo com a autora, a obra “tem no centro da discussão a palavra calada que aparece no corpo, na história do sujeito, mas também a palavra que é bendita e que produz efeito”.

Outro ponto que merece destaque é a relação que Christo constrói com o conceito de histeria, do psicanalista Sigmund Freud, além de tensionar os estudos do autor sobre a feminilidade.

Para a autora, o livro surge como tentativa de reparação do silenciamento imposto a tantas mulheres, “tanto as que me antecederam, quanto as contemporâneas, ou mesmo as inúmeras vítimas de feminicídio”, destaca Eliane, que escreve desde os 15 anos. “Comecei a escrever quando a angústia da adolescência transbordou e a caneta e o papel surgiram como um contorno possível para eu colocar minhas palavras”, conta.

Hoje, a autora considera que seu processo de escrita exige muito do seu corpo e psiquismo, mas também se vale do mundo vivido e vívido. “É um processo caótico. Tem muitos dias que não escrevo nada, mas histórias inteiras passam por mim. Quando as palavras se impõem, elas me põem sentada ou encostada na parede”, ilustra. A motivação da escrita do livro nasceu antes do doutorado, mas foi só na travessia desse período que “seus caracteres subverteram a escrita acadêmica e o tema sobre a mulher se esparramou pelos capítulos”, afirma a autora.

TRAJETÓRIA E OUTROS LIVROS LANÇADOS

“Mulher de palavra: encantada, mal dita, bem dita” é o terceiro livro de Eliane Christo, que também publicou “Anália Franco: A educadora e seu tempo” e “O menino que rasgou a nuvem”. Atualmente, a escritora se dedica a dois projetos: um de ficção literária e outro voltado para a psicanálise. Christo adianta que suas próximas obras também versarão em torno do tema mulher e escuta, numa espécie de “concerto” de vozes femininas.

Psicanalista pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP), Eliane Christo é jornalista pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), mestre em educação pela USF e doutora em linguística pela PUC-SP. A autora tem grande interesse por pessoas e suas histórias e concorda com Clarice Lispector quando a escritora diz: “a palavra é a minha quarta dimensão”.

O livro está à venda no site da editora Paraquedas

Imagem ilustrativa da imagem Escritora curitibana lança livro sobre a palavra feminina
| Foto: Divulgação

(Com assessoria de imprensa)

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