Moulin Rouge - Entretenimento de primeira em sua metade inicial, este musical nada ortodoxo que abriu em maio a competição do Festival de Cannes perde um pouco o fôlego na parte final. Mas ainda assim extravagância dirigida por Baz Luhrmann (''Romeu + Julieta''), livremente inspirada no mito de Orfeu, pode ser desfrutada com interesse e fascínio. Nada a ver, claro, com os clássicos de John Huston ou Jean Renoir sobre o famoso cabaré francês. Nicole Kidman e Ewan McGregor até que estão bem afinados. ***

O Céu Pode Esperar Se você não é fã do comediante Chris Rock, que aliás poucos sabem quem é só pelo nome (o negro imitador de sons em ''Louca Academia de Polícia''), fica ainda mais difícil embarcar nesta refilmagem do ótimo filme homônimo dirigido e interpretado por Warren Beatty em 78, por sua vez também uma refilmagem. Artista amador morre precocemente, vai para o Ceú e acaba aceitando outro corpo para voltar à Terra. Desta vez os irmãos diretores Paul e Chris Weitz (''American Pie'') erraram feio a mão e nem o publico aderiu: o filme custou U$ 13 milhões e só rendeu 11. *

O Planeta dos Macacos Decepcionante revisita do quase sempre interessante Tim Burton a material que serviu de base para um clássico irrepreensível da ficção científica, ''O Planeta dos Macacos'' realizado há 33 anos por Franklin J. Schaffner. O visual sempre inovador, marca registrada de Burton, bate de frente com um roteiro subdramatizado, inflacionado por bobagens sentimentais e tramas paralelas e inconsistentes. Desapareceram a discussão interracial e a crítica ao militarismo fascista do Estado. A ironia final do filme de 68 continua um achado em originalidade e permanente advertência. Já a surpresinha barata de Burton... **

13 Dias que Abalaram o Mundo Versão hollywoodiana e portanto perigosa da famosa crise do mísseis entre EUA e URSS, no início dos 60, quase mergulhando o mundo na terceira e ultima guerra mundial. Em cena a famosa diplomacia dos Kennedy: bandalheiras pessoais à parte, os irmãos John e Robert eram bons de diplomacia. Fica faltando um filme cubano sobre o assunto. PP


O Diário de Bridget Jones Na linha simpática de ''Quatro Casamentos e um Funeral'' , porém menos inspirada, uma comédia de situações existenciais envolvendo a engraçada garota do título, em crise de auto-estima. René Zelwegger está afiada na pele da inglesa atrapalhada. Hugh Grant cada vez mais interpreta a sim mesmo. O filme é o mais rentável do ano na Inglaterra. PPP

Jurassic Park 3 Novos monstros pré-históricos bem-dotados e novo diretor (Joe Johnston, de ''Jumanji'' e ''Querida, Encolhi as Crianças'') contaminado pela síndrome de Peter Pan que volta e meia acomete Spielberg, aqui somente produtor executivo. O melhor da história é o tempo que ela dura, hora e meia, o que praticamente impede qualquer conversa mole que comprometa a ação vertiginosa. PPP

Doce Novembro Refilmagem de interessante comédia dramática realizada em 68 sobre mulher com vários namorados e sem nenhuma ligação afetiva por causa de doença terminal. O resultado aqui é menos interessante. Primeiro porque Charlize Theron, apesar de linda e iluminada, não tem o talento da já falecida Sandy Dennis do filme anterior. Segundo e mais grave , porque observar Keanu Reeves na frente da câmera é o mesmo que presenciar a iminente colisão entre dois trens em alta velocidade: o espectador sabe que aquilo é terrível, mas não há o que fazer, não há como pedir que o moço se retire. O cinema ainda não inventou nada que possa evitar uma interpretação desastrosa. PP


Gatos Numa Roubada Atenção: a roubada é com vocês, platéia potencial deste filminho ordinário, sexista, comediota crua e desprezível sobre sete boas-vidas o sentido aqui é pejorativo que apostam mil dólares (o dinheiro é investido e cresce para U$ 500 mil) para ver quem resistirá por último ao casamento. Tentativa de reeditar a remediada originalidade de ''American Pie'', ''Porky's'' ou ''South Park''. *

A Partilha Hora e meia de agradável incursão aos meandros da classe média, mais carioca que brasileira. O roteiro sabe extrair da situação metafórica quatro irmãs dividindo bens materiais depois da morte da mãe um certo travo agridoce, uma certa amável e quase sempre bem-humorada melancolia. Não é preciso muito tempo de projeção para encontrar um subtexto nelsonrodrigueano. E isso talvez seja o maior elogio para Miguel Falabella e Daniel Filho. PPP

Final Fantasy Uma produção permanentemente abaixo de zero. Se o futuro dos padrões femininos nas telas for espelhado pela heroína Aki deste filme, cem por cento virtual, e pela macaca Ari de ''Planeta dos Macacos'', a coisa vai decididamente mal. Tem gente que acha o filme ótimo, mas é bom não esquecer: o dia em que o cinema perder de vez sua alma, o espectador vai ser um zumbi, vagando de sala em sala à procura de sua fantasia final. PP

Shrek A obrigação de levar as crianças à matinê aqui transformada em deliciosa travessura de adulto seu filho menor deve gostar do filme bem menos que você. Não há como não encarar o verde e ''bom-mau-caráter'' Shrek com certa dose de cumplicidade. Afinal, quem não desejou um dia subverter a ordem natural e bem comportada do reino das fadas, alterando as regras magicamente corretas? Entregue-se sem medo a esta inspirada, hilária e tecnicamente prodigiosa jornada. PPPP


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