Divulgação‘‘Shrek’’:filme de animação que encanta adultos e crianças







Shrek – A obrigação de levar as crianças à matinê aqui transformada em deliciosa travessura de adulto – seu filho menor deve gostar do filme bem menos que você. Não há como não encarar o verde e ‘‘bom-mau-caráter’’ Shrek com certa dose de cumplicidade. Afinal, quem não desejou um dia subverter a ordem natural e bem comportada do reino das fadas, alterando as regras magicamente corretas? Entregue-se sem medo a esta inspirada, hilária e tecnicamente prodigiosa jornada. ••••
A Partilha – Hora e meia de agradável incursão aos meandros da classe média, mais carioca que brasileira. O roteiro sabe extrair da situação metafórica – quatro irmãs dividindo bens materiais depois da morte da mãe – um certo travo agridoce, uma certa amável e quase sempre bem-humorada melancolia. Não é preciso muito tempo de projeção para encontrar um subtexto nelsonrodrigueano. E isso talvez seja o maior elogio para Miguel Falabella e Daniel Filho. •••





Divulgação‘‘O Retorno da Múmia’’:mix de comédia, aventura e terror












O Retorno da Múmia – Segunda dose desta história que o cineasta brasileiro Ivan Cardoso chamaria de ‘‘terrir’’, um mix de comédia, aventura e terror. Mais do mesmo, e até um pouquinho melhor enquanto diversão absolutamente ‘‘pipoca das quatro’’. O público adolescente, em especial, vai se fartar com mais criaturas excêntricas, mais correrias, mais perigos. Brendan Fraser repete o aventureiro que enfrenta maldições diversas, agora para livrar o filho em perigo.•••
Na Teia da Aranha – O grande Morgan Freeman desperdiçado nesta retomada do personagem Alex Cross, dublê de detetive e psicólogo visto anteriormente em ‘‘Beijos que Matam’’. Atormentado pela recente perda de sua parceira de investigações, ele agora tenta por as mãos num professor que rapta a filha de um senador, em Washington. O título, óbvio, se refere às maquinações do criminoso. Filme sem brilho e decepcionante pela assinatura do neo-zelandês Lee Tamahori, tão vigoroso em ‘‘O Amor e a Fúria’’. ••
Quase Famosos – Através deste muito simpático afresco dos anos 70, o diretor Cameron Crowe realizou seu trabalho mais ambicioso e pessoal. Não é para menos: o roteiro, dele mesmo, é autobiográfico e retrata suas experiências como ‘‘foca-quase-jornalista’’ da revista Rolling Stone. Homenagem crítica e por vezes idealizada do heterogêneo universo do rock há três décadas – o argumento é quase todo passado em 73 – ‘‘Almost Famous’’ é sempre sedutor, divertido e quase irresistível. ••••
Alguém como Você – Da interminável série ‘‘comédia romântica adulta com pretensões cerebrais’’. Aqui temos a talentosa coordenadora de um talk show televisivo, Jane (Ashley Judd) que, afetivamente desencontrada, é agora adepta da teoria segundo a qual homens são como gado: o touro jamais é fiel a uma única vaca – acreditem, a história está toda lá no filme, que originalmente até se chamava ‘‘Animal Husbandry’’. Alguns diálogos mais afiados quase conseguem colocar o roteiro no bom caminho. Quase. ••
A Mulher e o Atirador de Facas – Embora a obra prima do francês Patrice Leconte ainda seja ‘‘O Marido da Cabeleireira’’, esta bela história de amor não fica muito a dever. Adele (Vanessa Paradis) é a mulher desesperada que vai se atirar da ponte. Gabor (Daniel Auteuil) é o atirador de facas de um circo à procura de uma nova partner. Desse encontro fortuito – marca registrada do cineasta – nasce uma relação a princípio desinteressada, logo contida e depois incontrolável. O registro em luminoso preto e branco é um achado na narrativa deste cineasta sensível que elegeu o amor romântico em todas suas variantes. ••••
Profissão de Risco – Cinebiografia de famoso narcotraficante americano, George Jung, que em fins dos anos 70, e com a parceria direta com o czar mundial da droga , Pablo Escolar, chegou a comandar cerca de 90% do negócio da cocaína nos Estados Unidos. O que se questiona neste filme de Ted Demme é o olhar superficial sobre um tema tão complexo e uma extensa galeria de personagens caricaturais. Quando se pensa em ‘‘Traffic’’, este ‘‘Profissão de Risco’’ fica ainda mais vulnerável. ••
Rede de Corrupção – Dando visíveis mostras de esgotamento físico, o garanhão do aikidô, Steven Seagal, interpreta seu filme de ação mais vulnerável, depois de uma sólida carreira construída nos anos 90. Ele é uma espécie de Serpico, o tira honesto que ajudou a dar fama a Al Pacino nos anos 70. Cercado de corrupção por todos os lados, o personagem de Segal faz o de sempre, só que desta vez menos, e não deixa clichê sobre clichê. ••
Pearl Harbor – Em tempos de George Bush e republicanos no poder, filmes como ‘‘Pearl Harbor’’ são não apenas ruins enquanto cinema, como arte e até como entretenimento, mas são também ideologicamente incômodos. Sessenta anos depois, reviver a extremada atitude expansionista japonesa não é inventariar o passado, mas forma sutil de rearmar o presente. •
Snatch – Porcos e Diamantes – O inglês Guy Ritchie, Mr. Madonna em pessoa, pega o bonde-legado de Quentin Tarantino. Aqui ele repete a fórmula de ‘‘Jogos , Trapaças e Dois Canos Fumegantes’’, de 98, e reforça a dose de testosterona, misturando ladrões de diamantes, gângsters americanos, boxeadores, máfias russas, cachorros e granjas de porcos. Humor de ‘‘porrada’’ e virulência verbal. ••
Billy Elliot – Mais um bom flagrante das diferenças que devem ser respeitadas num meio dominado por estereópicos culturais. O garoto Billy, filho de áspero mineiro em greve, treina boxe mas gosta mesmo é de dançar. Animado pela professora e disposto a enfrentar a família em crise, Billy cresce para seu ideal. Com emoção e humor, o filme do estreante Stephen Daldry renova o gênero da comédia social à inglesa, flertando com sucessos recentes como ‘‘Ou Tudo ou Nada’’. •••
Cotação • (fraco) •• (razoável) ••• (bom) •••• (ótimo) ••••• (hors concours)