Divulgação‘‘Limite Vertical’’:adrenalina pura que testa os batimentos cardíacos dos espectadores









Limite Vertical – O filme é um teste para os batimentos cardíacos do espectador, tantas são frequentes as vertigens causadas por uma bateria de efeitos digitalizados. Equipe de montanhistas fica presa no temível K2. Outra equipe tenta o resgate, apesar do mau tempo e das dificuldades. Em meio às peripécias regadas a nitroglicerina, um conflito familiar entre irmão que sacrificou o pai e irmã que foi salva no sacrifício, em outra montanha. Previsibilidade é o que não falta. Recomenda-se assistir entre as refeições. ••
O Tigre e o Dragão – Artes marciais com neurônios da ponta da espada. Se fazia falta uma evidência mais contundente do talento multifacetado do diretor Ang Lee (‘‘Razão e Sensibilidade’’, ‘‘Tormenta no Gelo’’, ‘‘O Banquete de Casamento’’, ‘‘Comer, Beber, Viver’’), este seu novo filme o confirma não só como diretor em constante evolução como um dos artistas que melhor souberam conjugar e potencializar estéticas, temáticas e sistemas de produção tão diferentes como os de Hollywood e os do cinema asiático. ••••





Divulgação‘‘Exorcista’’:filme antológico volta às telas com acréscimos de cenas inéditas







O Exorcista – A quintessência da demonologia cinematográfica. Continua imbatível este diabo que se instala no sótão da casa de atriz Ellen Burstyn, assumindo e literalmente infernizando o corpo adolescente da filha Linda Blair. Vinte e seis anos depois da estréia, a versão que chega agora aos cinemas foi totalmente remasterizada e ganhou de volta 11 minutos considerados de primeira necessidade pelo diretor William Friedkin. Um embate arrepiante e antológico, nas orações e nos braços, entre Satã e monsenhor Max von Sidow. ••••
Hannibal – Dez anos fazem diferença, como não? Se ‘‘O Silêncio dos Inocentes’’ era emblemático de uma América no divã, esta continuação chega com interesse reduzido. O que realmente faz falta é a ligação entre a agente Clarice, do FBI, e o dr. Lecter. Jualianne Moore substitui Jodie Foster sem maiores problemas, e Anthony Hopkins não está apenas uma década mais velho mas muitos quilos mais gordo. Ainda assim, o personagem se mantém intrigante pela carga de dualidade entre Bem e Mal. Na balança, pesa bem mais o lado negro. ••
Chocolate – Não fosse pelas cinco indicações da Academia de Hollywood, a estréia desta simpática e bem narrada fábula sobre a comédia humana, na melhor tradição do cinema clássico francês, talvez caísse num fim de semana em março, quem sabe abril. Mulher misteriosa chega a uma pequena cidade francesa e abre loja para vender chocolates que ela mesma faz. Conquista a população mas atrai a ira do poderoso local. Espécie de conto de fadas na linha gastronômica, privilegiando diversão e reflexão. A ‘‘forasteira’’ Juliette Binoche deve perder o Oscar para Julia Roberts, mas o prêmio mais justo seria para a francesa. •••
Contos Proibidos do Marquês de Sade – O diretor Philip Kaufman, calejado no inventário existencial de personagens de filmes anteriores (‘‘A Insustentável Leveza do Ser’’, ‘‘Henry e June’’) conseguiu aqui a fórmula, se não ideal, pelo menos a possível, para o equilíbrio entre as coisas do corpo (sexo e perversões ‘‘sádicas’’) e do espírito (a luta desesperada pela liberdade de expressão). Cinebiografia bem aceitável sobre os últimos dias do controvertido aristocrata. Há possibilidade de Oscar. •••
Duelo de Titãs – Se você acha que já viu todos os lugares-comuns, não deixe de conferir esta coletânea, baseada em fatos reais ocorridos há 30 anos no sul dos Estados Unidos. Denzel Washington é contratado para treinar os Titãs, time de futebol americano de cidade tipicamente racista. O ex-treinador e outros jogadores brancos são obrigados a aturar Washington. Mas apesar da tensão acabam se unindo para a vitória. A idéia era ser politicamente corrreto, mas o filme resulta ideologicamente confuso e esteticamente nulo. •
Entrando Numa Fria – Comédia simpática e frequentemente engraçada sobre enfermeiro apaixonado que tenta pedir a mão da namorada durante fim de semana na casa dos pais dela. De Niro como pai da noiva e ex-agente da CIA rouba a metade das cenas. A outra metade quem leva é Ben Stiller, que a partir de agora deve dividir com Jim Carrey o legado do humor no cinema americano. O diretor Jay Roach surpreende, depois dos descartáveis Austin Powers. •••
Náufrago – Embora hesitante e insatisfatório no desenlace, esta história do acerto de contas entre civilizado e civilização numa ilha deserta tem hora e meia de grande e generoso cinema. Como são 144 minutos de extensão, o saldo é até muito positivo. Aos 45 anos, Tom Hanks prova uma vez mais que é ator cinematográfico por excelência. Sua solitária intimidade com a câmera o coloca entre os melhores de uma geração que não tem lá muitos eleitos. •••
A Fuga das Galinhas – O melhor presente que o exibidor poderia oferecer para encerrar ano, século e milênio. Animação à moda antiga, com personagens moldados em silicone e látex. Lideradas pela valente Ginger, galinhas tentam fugir de granja para não virar recheio de torta. Bela homenagem às mulheres, à liberdade e a clássicos do cinema, como ‘‘Inferno 17’’ e ‘‘Fugindo do Inferno’’. Arte e diversão em perfeita harmonia. •••••
Cotação • (fraco) •• (razoável) ••• (bom) •••• (ótimo) ••••• (hors concours)