ESCOLHA O FILME - Carlos Eduardo Lourenço Jorge
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segunda-feira, 12 de março de 2001
DivulgaçãoLimite Vertical:adrenalina pura que testa os batimentos cardíacos dos espectadores
Limite Vertical O filme é um teste para os batimentos cardíacos do espectador, tantas são frequentes as vertigens causadas por uma bateria de efeitos digitalizados. Equipe de montanhistas fica presa no temível K2. Outra equipe tenta o resgate, apesar do mau tempo e das dificuldades. Em meio às peripécias regadas a nitroglicerina, um conflito familiar entre irmão que sacrificou o pai e irmã que foi salva no sacrifício, em outra montanha. Previsibilidade é o que não falta. Recomenda-se assistir entre as refeições.
O Tigre e o Dragão Artes marciais com neurônios da ponta da espada. Se fazia falta uma evidência mais contundente do talento multifacetado do diretor Ang Lee (Razão e Sensibilidade, Tormenta no Gelo, O Banquete de Casamento, Comer, Beber, Viver), este seu novo filme o confirma não só como diretor em constante evolução como um dos artistas que melhor souberam conjugar e potencializar estéticas, temáticas e sistemas de produção tão diferentes como os de Hollywood e os do cinema asiático.
DivulgaçãoExorcista:filme antológico volta às telas com acréscimos de cenas inéditas
O Exorcista A quintessência da demonologia cinematográfica. Continua imbatível este diabo que se instala no sótão da casa de atriz Ellen Burstyn, assumindo e literalmente infernizando o corpo adolescente da filha Linda Blair. Vinte e seis anos depois da estréia, a versão que chega agora aos cinemas foi totalmente remasterizada e ganhou de volta 11 minutos considerados de primeira necessidade pelo diretor William Friedkin. Um embate arrepiante e antológico, nas orações e nos braços, entre Satã e monsenhor Max von Sidow.
Hannibal Dez anos fazem diferença, como não? Se O Silêncio dos Inocentes era emblemático de uma América no divã, esta continuação chega com interesse reduzido. O que realmente faz falta é a ligação entre a agente Clarice, do FBI, e o dr. Lecter. Jualianne Moore substitui Jodie Foster sem maiores problemas, e Anthony Hopkins não está apenas uma década mais velho mas muitos quilos mais gordo. Ainda assim, o personagem se mantém intrigante pela carga de dualidade entre Bem e Mal. Na balança, pesa bem mais o lado negro.
Chocolate Não fosse pelas cinco indicações da Academia de Hollywood, a estréia desta simpática e bem narrada fábula sobre a comédia humana, na melhor tradição do cinema clássico francês, talvez caísse num fim de semana em março, quem sabe abril. Mulher misteriosa chega a uma pequena cidade francesa e abre loja para vender chocolates que ela mesma faz. Conquista a população mas atrai a ira do poderoso local. Espécie de conto de fadas na linha gastronômica, privilegiando diversão e reflexão. A forasteira Juliette Binoche deve perder o Oscar para Julia Roberts, mas o prêmio mais justo seria para a francesa.
Contos Proibidos do Marquês de Sade O diretor Philip Kaufman, calejado no inventário existencial de personagens de filmes anteriores (A Insustentável Leveza do Ser, Henry e June) conseguiu aqui a fórmula, se não ideal, pelo menos a possível, para o equilíbrio entre as coisas do corpo (sexo e perversões sádicas) e do espírito (a luta desesperada pela liberdade de expressão). Cinebiografia bem aceitável sobre os últimos dias do controvertido aristocrata. Há possibilidade de Oscar.
Duelo de Titãs Se você acha que já viu todos os lugares-comuns, não deixe de conferir esta coletânea, baseada em fatos reais ocorridos há 30 anos no sul dos Estados Unidos. Denzel Washington é contratado para treinar os Titãs, time de futebol americano de cidade tipicamente racista. O ex-treinador e outros jogadores brancos são obrigados a aturar Washington. Mas apesar da tensão acabam se unindo para a vitória. A idéia era ser politicamente corrreto, mas o filme resulta ideologicamente confuso e esteticamente nulo.
Entrando Numa Fria Comédia simpática e frequentemente engraçada sobre enfermeiro apaixonado que tenta pedir a mão da namorada durante fim de semana na casa dos pais dela. De Niro como pai da noiva e ex-agente da CIA rouba a metade das cenas. A outra metade quem leva é Ben Stiller, que a partir de agora deve dividir com Jim Carrey o legado do humor no cinema americano. O diretor Jay Roach surpreende, depois dos descartáveis Austin Powers.
Náufrago Embora hesitante e insatisfatório no desenlace, esta história do acerto de contas entre civilizado e civilização numa ilha deserta tem hora e meia de grande e generoso cinema. Como são 144 minutos de extensão, o saldo é até muito positivo. Aos 45 anos, Tom Hanks prova uma vez mais que é ator cinematográfico por excelência. Sua solitária intimidade com a câmera o coloca entre os melhores de uma geração que não tem lá muitos eleitos.
A Fuga das Galinhas O melhor presente que o exibidor poderia oferecer para encerrar ano, século e milênio. Animação à moda antiga, com personagens moldados em silicone e látex. Lideradas pela valente Ginger, galinhas tentam fugir de granja para não virar recheio de torta. Bela homenagem às mulheres, à liberdade e a clássicos do cinema, como Inferno 17 e Fugindo do Inferno. Arte e diversão em perfeita harmonia.
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