'Em Busca do Ouro', de Charles Chaplin, completa 100 anos
Para comemorar o centenário do filme, cópia restaurada em 4 K estará no Cine Villa Rica neste sábado (5), às 21h
PUBLICAÇÃO
quinta-feira, 03 de julho de 2025
Para comemorar o centenário do filme, cópia restaurada em 4 K estará no Cine Villa Rica neste sábado (5), às 21h
Carlos Eduardo Lourenço Jorge/ Especial para a FOLHA

Uma preciosidade, nada menos. Um evento para fanfarras e tapetes vermelhos. A perpetuidade consagrada. Um gênio imortal. “The Gold Rush”, estreado em Los Angeles em 26 de junho de 1925, trouxe para o cinema mundial – que ainda engatinhava – uma das comédias mais perfeitas jamais produzidas pela arte e pelo engenho de um criador, um gênio tão dotado como Charles Spencer Chaplin.
Como em muitos dos filmes posteriores dele, os temas principais são a crueldade, a avareza, a loucura e os caprichos do destino. Por isso foi inevitável que seu personagem eterno, o Vagabundo, parecesse menos frívolo do que antes. De fato, ele está abertamente convidando a piedade do público, ao mesmo tempo que o convite era também para que todos fossem encorajados ao riso, solto, contagiante, reflexivo, sonoro, ainda que o som não existisse em suas obras...
CENAS IMPAGÁVEIS
Embora o filme seja anterior à Grande Depressão, Chaplin nunca esqueceu a miséria e a pobreza, e frequentemente as utilizou em suas comédias. Há uma melancolia que permeia o filme. No entanto, “Em Busca do Ouro” contém algumas das cenas mais conhecidas e louvadas de toda sua carreira. Quase todas giram em torno da fome. Aqui a antologia é riquíssima, mas pelo menos três sequencias invadem despudoradamente o olhar entre surpreso e incrédulo do espectador.

Sem ordem de entrada em cena: o Vagabundo ferve sua bota e a divide com seu companheiro de carência: a parte de cima, o couro, fica com Big Jim (nome óbvio), enquanto Chaplin se banqueteia com os cadarços: a suculência que ele sugere a cada garfada é pura pantomina; dias depois, na mesma cabana gélida e isolada, o companheiro faminto e alucinado enxerga o outro como uma galinha gigante que deve ir para a panela – Chaplin imita cada movimento da ave no galinheiro; e afinal, a “dança dos pãezinhos”, cena sublime que não se esquece jamais.
“The Gold Rush” é filme de uma atualidade absoluta, obra prima que se destaca pelo humor e pela crítica social , tudo envolto no contexto da febre do ouro. Como ninguém, Chaplin equilibra o cômico e o trágico, criando um experiência cinematográfica inesquecível
Fãs de Chaplin podem rever o filme em cópia restaurada neste sábado (5), no Villa Rica, às 21h.
