Com quase cinco décadas de trajetória artística iniciada na década de 1970, o cantor e compositor Edvaldo Santana está relançando um de seus álbuns mais elogiados pela crítica. O disco batizado com o nome do artista foi disponibilizado nas plataformas digitais. O trabalho que já havia ganhado edição física em CD traz um dueto com a cantora mineira Titane em “Canção Pequena”, uma parceria inédita com Itamar Assumpção em “Blues Caboclo” e a gravação antológica de “Dor Elegante”, com genial poema assinado pelo poeta paranaense Paulo Leminski.

 Edvaldo Santana convidou uma banda de primeira para o relançamento de seu disco
Edvaldo Santana convidou uma banda de primeira para o relançamento de seu disco | Foto: Edson Kumasaka/ Divulgação

Apesar de ter sido lançado originalmente no ano 2000, o álbum Edvaldo Santana aborda temas bastante atuais. As diferenças sociais no Brasil, desde da infância das crianças negras e pobres que são diariamente assassinadas de fome ou de bala perdida, são retratadas em “Canção Pequena”, composta pelo artista em parceria com Akira Yamasaki. Já o rap “Covardia”, escrito por Santana fala de covardia, intolerância e preconceito de pessoas que que se vangloriam com atitudes desprezíveis em nome de deus, elegendo políticos sedentos apenas pelo poder efêmero, que agrega, dinheiro, injustiça e fama.

O blues está presente em “Ruas de São Miguel”, parceria com Roberto Claudino, que faz homenagem ao bairro onde o artista nasceu e foi criado na zona leste de São Paulo. Outros destaques são as canções "Sem Cena”, escrita com Ademir Assunção, e “Beija-Flor”, composta com Arnaldo Antunes.

Santana convidou grandes instrumentistas para participarem da gravação do disco. Entre eles, Oswaldinho do Acordeon (sanfona), Swamy Junior-(violão), Bocato (trombone), Claudio Faria (trompete), Fernando Deluqui (guitarra), Luiz Waack (co-produtor e guitarra), Mintcho Garrammone (baixo), Ricardo Garcia (percussão) e Eduardo Batistella (bateria). O projeto gráfico do álbum é de Elifas Andreato, a arte final de Bento Andreato e a fotografia de Abel Fragata.

Edvaldo Santana surgiu no cenário nacional na metade da década de 1970, quando participou da banda Matéria Prima, com quem gravou o sucesso “Maria Gasolina”. Neste período, iniciou uma amizade com Tom Zé, que o aproximou do grupo da Vanguarda Paulistana. Nos anos 1980, fez parte do Movimento Popular de Arte, que resultou na gravação de um disco coletânea em 1985. Ao longo da carreira, gravou músicas compostas em parceria com Paulo Leminski, Tom Zé e Haroldo de Campos.

Edvaldo Santana retorna com disco homônimo, uma das preciosidades de sua carreira
Edvaldo Santana retorna com disco homônimo, uma das preciosidades de sua carreira | Foto: Divulgação