De tirinha em tirinha, Edibar conquista. Rei da bola-fora, o bebedor de cerveja converte a frouxidão exagerada e o casamento comicamente debaixo de briga em leitores assíduos. E esses se multiplicam mundo afora graças à interação digital e também os impressos, que tem feito a literalmente a alegria dos europeus desde que Edibar chegou por lá, três anos.

Soma-se à fome de riso, bom gosto e valor cultural dos quadrinhos - em Portugal chamada de banda desenhada - o estilo próprio de Edibar de levar a vida que diverte. Ele tem amigos de verdade e para todas as ocasiões, um cachorro e uma cobra, leia-se sogra geniosa. O prato cheio de criatividade alimenta os fãs de Edibar, reconhecidamente hoje espalhados pelo mundo. Seu criador, o cartunista paranaense Lucio Oliveira ainda comemora recente prêmio, concedido a ele durante o XVII Troféus Central Comics (TCC). Trata-se do único prêmio da banda desenhada portuguesa realizado por votação do público, onde os próprios leitores e fãs, mas também os profissionais do sector, determinam os vencedores.

Lucio Oliveira: “A sensação de ser premiado no exterior para quem é desse ramo é surreal”
Lucio Oliveira: “A sensação de ser premiado no exterior para quem é desse ramo é surreal” | Foto: Divulgação

Da indicação ao anúncio do resultado, a expectativa foi grande. "Foram três meses de coração na mão", revela o cartunista Lucio Oliveira. No meio de artistas do mundo inteiro, ele recorda que se sentiu praticamente um penetra dentro de toda essa celebração à arte. "A primeira indicação apresentou 500 nomes. Daí foram 30 dias de espera até a notícia de que eu estava entre os finalistas. Era eu e quatro portugas", conta. Com 48% dos votos, Oliveira atribui aos fãs de todo o mundo o resultado. "Os quatro concorrentes somados não alcançaram minha pontuação e a sensação de ser premiado no exterior para quem é desse ramo é surreal. Esse troféu tem o gosto de satisfação. É como se não precisasse de mais nada", alegra-se. O segundo lugar atingiu 23,3%, o terceiro 20,9, o quarto 5,8 e o último 2% dos votos.

Satisfeito sim, mas entregue também a uma trajetória de sucesso, o cartunista reconhece que muitos olhares se voltam para Edibar. "Isso é muito significativo, até porque outros cartunistas brasileiros vivem essa experiência e seus personagens viraram filmes e seriados de TV". André Diniz, Marcelo Quintanilha e Marcelo D´Salete já sagraram-se por lá.

De boteco em boteco, de bar em bar, o destino de Edibar pode incluir ainda virar personagem de uma marca de cerveja ou desenho animado. "Infelizmente no Brasil é preciso lamber as botas de alguém para ter espaço, em Portugal a cultura dos quadrinhos é muito valorizada e para se ter uma ideia, seu trabalho é enaltecido pelo entretenimento que proporciona ao ponto de a banda larga lá ser usada como meio de comunicação de campanhas para a população", narra. Somos muito respeitados", sinaliza. Com o desejo de estreitar a relação com os fãs e também incentivar novos talentos, Oliveira considera que o apoio é essencial. "Para uma oficina basta sulfite e um lápis apontado", ensina. "Poderíamos ter encontros de cartunistas e é preciso muita persistência para trilhar um caminho".

Com 10 anos de publicações no Brasil, Edibar sagra-se pelo humor aqui e no exterior. Avesso às regras, já suspendeu a quarentena por conta própria, mas os fãs não desistem dele. "O público enxerga o Edibar como uma pessoa de verdade, tão grande é o carinho e a identificação. Durante a pandemia, recebi muitos pedidos para que Edibar se comportasse. Então ficou bebendo em casa e quando ia pra rua, usava a máscara para se prevenir do contágio do Covid-19. " Mas deve ser difícil segurar alguém com tanta personalidade. "O lançamento do terceiro e quarto livro estão programados", adianta.