DISCOS
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quinta-feira, 10 de maio de 2001
DISCOS
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O Som Nosso A Sony Music está relançando álbuns significativos de grupos que aproximavam samba, soul e funk na década de 70. A leva acompanha a onda de interesse que o sambalanço ou samba-rock vem despertando nacionalmente. É bom ouvir o Som Nosso de Cada Dia depois de tantos anos longe dos toca-discos. A década de 70 possui uma discografia farta de MPB, mas grupos com tendências mais pop simplesmente desapareceram de catálogo. O Som Nosso, em faixas como Pra Swingar (Pedrinho/Pedrão), soa contundente, com trejeitos hippies. Já em Levante a Cabeça (Pedrão) o som se aproxima da MPB, enquanto Montanhas flerta com o progressivo. O sotaque brasileiro não é tão presente como hoje, os referenciais são estrangeiros e a fusão de ritmos menos presente. Não é um disco atual, mas um bom álbum de época, já na beira da avalanche da discoteca no Brasil. O trabalho de masterização foi bem-feito e a capa respeitada como reprodução da original.
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Vicente Barreto Esta coletânea lançada pela Dabliú reúne faixas dos três álbuns do cantor, compositor e violonista Vicente Barreto: Ano Bom, Mão Direita e o recente E A Turma Chegando para Dançar. São três momentos específicos. Ano Bom é a estréia em disco. Mão Direita é uma afirmação da carreira destacando o preciosismo instrumental. E a Turma Chegando para Dançar se aproxima do pop, com utilização de recursos eletrônicos e produção de Jairzinho Oliveira, Wilson Simoninha e Daniel Carlomagno. A coletânea aponta bons momentos, como as políticas Cisma (parceria com Costa Netto) e Diolinda (com Chico César), que abordam o trabalhador rural e a reforma agrária (em metáforas); ou o humor inteligente de Hein? (com Tom Zé). As composições de Vicente Barreto se apóiam, independente de parcerias ou arranjos, no cancioneiro nordestino. Para quem ainda não conhece sua obra, O Melhor de Vicente Barreto é uma boa oportunidade.
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Bambu O selo CPC-Umes lançou Diga Aonde Vai, segundo álbum do grupo Bambu, que traz uma formação inusitada: gaita (José Staneck), contrabaixo (Ricardo Medeiros), harpa (Cristina Braga) e voz (Barbara Lau), acompanhados pelo excelente Robertinho Silva (percussão). Após uma boa estréia em disco de 1999, o grupo enfrenta o desafio da continuidade. O interessante é que, por causa da formação, alguns instrumentos assumem funções de outros: a harpa às vezes arranja como piano, a gaita ajuda na harmonia como o teclado que também aparece tocado por Medeiros. Enfim, por causa da formação pouco usual, o grupo se vale de recursos para cobrir alguns buracos, com bons resultados. A tônica é MPB com alguma acentuação pop. Entre os destaques estão músicas de pegada mais incisiva, mais rítmica, como Resgate (Leila Maria), A Ponte (Lenine/Lula Queiroga) e Canário do Reino (Gerson Abatt/A.C.Carvalho). Há também uma ótima versão de Uirapuru (Waldemar Henrique).
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Unscarabrown A banda Unscarabrown estreou em CD pela Rastropop Records, do Rio de Janeiro, misturando samba com soul e funk. O suingue ganha reforço, aqui e ali, de uma guitarra distorcida contrapondo com o violão , que vai dialogando com a harmonia em arranjos diversos. O baixo opta por fraseados bem demarcados e a letra acentua o ritmo vocal. Enfim, é uma estrutura construída para ser dançante. O grupo faz um pop descompromissado, que pode se encaixar nas programações de FM sem ser descartável. A maior parte das composições é de Wagner Costa (violão e voz), mas há regravações de Kiko Zambianchi (Alguém) e da dupla Ivan Lins e Vitor Martins (Cartomante, sucesso com Elis Regina). Barraco traz a participação de Maurício Negão também ligado à Rastropop Records (www.rastropop.com.br). O som do Unscarabrown tem um pé nos anos 70, com influências na linha de Tim Maia, fundador da soul music brasileira, e Cassiano.
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Passoca Violeiro se aventurando pelo samba? É isso mesmo. Passoca Canta Inéditos de Adoniran não é nenhum contrasenso. Afinal, o samba de Adoniran e a viola caipira estão mais próximos do que se imagina ambos têm origem rural. Aqui aparecem letras inéditas de Adoniran musicadas por nomes contemporâneos como Paulo Belinatti e o próprio Passoca. Parcerias póstumas geralmente provocam polêmicas. A vantagem neste CD é que, além de parceiros interessantes, Adoniran encontrou também intérpretes em instrumentistas como Nailor Proveta (clarinete), Maurício Carrilho (violão de sete cordas), Paulo Sérgio Santos (clarinete), Pedro Amorim (bandolim) e outros. Passoca aparece com a voz curta e afinada, e um bom humor característico. As letras foram cedidas por Juvenal Fernandes, a quem Adoniran entregou vários textos sem melodias. O disco é independente, mas pode ser encontrado no site da Som Livre (www.somlivre.com.br) ou pelos telefones (43) 342-1801 ou 326-3986.
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Pereira da Viola Terra Boa também é um álbum independente, gravado em 1994, e que se tornou raridade pela ausência de novas tiragens. Após muita briga com a antiga gravadora, Pereira da Viola conseguiu relançar o disco neste ano. A viola de Pereira carrega no bojo características mineiras, soando emboladas, cantigas, toadas, calangos e catiras. Pereira canta bem e, embora no disco não apareça, ele também toca rabeca. O músico é natural de São Julião, um distrito de Teófilo Otoni, onde recebeu influência dos cantos regionais. A carreira está ligada a outros violeiros da mesma geração, como Braz da Viola e Paulo Freire. Eles vêm trazendo uma renovação na forma de tocar a viola, aproximando-a de outras linguagens musicais. O próprio Pereira costuma tocar uma versão que também não está no disco do Bolero, de Ravel, adaptada para a viola. O CD é um prato cheio para quem gosta de música com trejeitos caipiras. Os contatos podem ser feitos pelos telefones (16) 630-7971 ou 9961-7143.