Nelson Sato
De Londrina
Faltam exatamente dez dias para o novo despertar do dinossauro. É o tempo de espera para aguardar a versão ao vivo do álbum ‘‘The Wall’’, que a banda Pink Floyd lança nos Estados Unidos em edição limitada de luxo com duas faixas inéditas.
O CD duplo, batizado ‘‘Is There Anybody out There? The Wall Live’’, ainda não tem data para desembarcar no Brasil. Mas a gravadora Sony aproveita o embalo para recolocar nas lojas o vídeo do filme dirigido por Alan Parker e um DVD com a íntegra do filme e uma entrevista com o guitarrista David Gilmour.
Todos os produtos chegam ao mercado com cheiro de fóssil. Pelo menos para uma parte da garotada, que vê o Pink Floyd como um monstro pré-histórico oriundo das cavernas do rock progressivo. Para outra parcela, os discos da fase psicodélica da banda ainda ecoam nos alto-falantes e são inclusive fontes de inspiração para a nova safra de músicos.
‘‘Is There Anybody out There? The Wall Live’’ captura a banda num dos períodos mais turbulentos vividos pelos integrantes, quando o baixista Roger Waters começava a se impor como um líder temperamental, obcecado e autoritário. Ao mesmo tempo, marca a retomada da popularidade do quarteto inglês, o que se comprovaria depois com as mais de 50 milhões de cópias vendidas do álbum.
O estouro é amplificado com o sucesso nas telas da adaptação de Alan Parker. A versão ao vivo festeja os 20 anos da gravação original, que foi lançada no dia 30 de novembro de 1979. Na época, o Pink Floyd já tinha trocado há muito as trips sonoras lisérgicas pela grandiloquência de épicos sinfônicos sintetizados. A turnê do álbum começou em fevereiro de 1980 e passou apenas por quatro cidades: Los Angeles, Nova York, Dortmund (Alemanha) e Londres.
Em cada uma delas, a banda fez de cinco a sete apresentações. O show levou adiante o conceito de espetáculo ‘‘bombástico’’ adotado pelos integrantes no início da década de 70. No palco, a banda passava metade do show tocando no fundo, atrás de uma outra banda em que os integrantes usavam máscaras. No meio das duas, erguia-se um muro, que era derrubado num final apoteótico com os Floyd tocando o hit ‘‘Another Brick in the Wall’’ debaixo de uma avalanche de luzes e efeitos.
‘‘Is There Anybody out There?’’ captura as melhores perfomances dessa turnê, em especial as apresentações no Earl’s Court, em Londres. As gravações foram ouvidas, selecionadas e mixadas pelo produtor James Guthrie, engenheiro de som de vários discos da banda. Todas as decisões, entretanto, tiveram que passar pela aprovação de David Gilmour e Roger Waters.
Vale lembrar que os dois não se falam desde 1986, data marcada pelas tretas judiciais em que ambos reivindicavam o usufruto futuro do nome Pink Floyd, já que Waters tinha caído fora do grupo e optado pela carreira-solo. Os dois só estão envolvidos na nova empreitada por causa da grana, que é o que move também Rick Wright (teclados) e Nick Manson (bateria), também distanciados dos demais.
A novidade do lançamento é a inclusão das faixas inéditas ‘‘The Last Few Bricks’’ (jamais registrada pelo grupo) e ‘‘What Shall We Do Now!’’ (presente no filme mas disponível pela primeira vez em CD), além de um livreto de 64 páginas contendo fotos dos shows. Mais informações sobre o disco podem ser obtidas no web site http://www.thewalllive.com.
Para não perder a badalação, a gravadora Sony vai relançar o vídeo de ‘‘The Wall’’ no próximo dia 20 e o DVD no mês que vem. Fora isso, o Pink Floyd é notícia também com a inclusão de sua canção ‘‘Have a Cigar’’ na trilha sonora do filme ‘‘Missão Impossível 2’’. A música é interpretada pela banda Foo Fighters em companhia do guitarrista Brian May (do Queen).A versão ao vivo do álbum ‘‘The Wall’’, do Pink Floyd, chega ao mercado internacional no próximo dia 18 com duas faixas inéditas
ReproduçãoPink Floyd: gravadora Sony aproveita o embalo para relançar o vídeo do filme e um DVD contendo uma entrevista com David Gilmour