Fãs de filmes cult, séries, games e quadrinhos que abusam da ficção científica e da fantasia, os “nerds” por muito tempo foram alvo de bullying relacionados a seus gostos peculiares. No entanto, a visão estereotipada que muitas pessoas costumavam ter em relação a esse tipo de público vem mudando nos últimos anos. De introvertidos e com dificuldades de relacionamentos interpessoais, eles passaram a ser vistos como descolados e extremamente antenados em relação às suas preferências culturais.

Imagem ilustrativa da imagem Dia do Orgulho Nerd celebra a cultura geek
| Foto: iStock

Um dos eventos responsáveis por essa mudança de perspectiva foi a criação do Dia do Orgulho Nerd, celebrado em 25 de maio. A data foi criada em 2006 por um grupo de jovens espanhóis que usaram a internet para defender o direito de apreciar da cultura geek, nome também usado para definir o segmento. Os criadores escolheram esse dia como referência a dois ícones do universo nerd. À première do primeiro filme da série “Star Wars, o Episódio IV: Uma Nova Esperança”, que aconteceu em 25 de maio de 1977. E também em homenagem ao “Dia da Toalha”, que homenageia o escritor Douglas Adams (1952-2001), autor da coleção “O Guia do Mochileiro das Galáxias”.

Professor universitário, autor de histórias em quadrinhos, nerd de carteirinha e cinéfilo, o londrinense Valter do Carmo Moreira credita à indústria do cinema as transformações pelas quais o termo nerd passou nas últimas décadas. "O termo foi popularizado no Brasil pelo filme “A Vingança dos Nerds”, de 1984, dirigido por Jeff Kanew, que pintava um retrato pejorativo e cartunesco de um jovem introvertido, interessado em ciências e com extrema dificuldade em relações interpessoais. Esse perfil mudou, muito por conta da imagem de sucesso projetada pelos C.O.s dos grandes conglomerados tecnológicos e da indústria do cinema. Hoje, ser nerd é sinônimo de alguém descolado”, afirma. Apesar das mudanças, Moreira ressalta é ponto pacífico que o que caracteriza os produtos do universo nerd é a presença da Sci-Fi (Ficção científica) e da fantasia e qualquer coisa entre esses dois extremos. “Nesse intervalo cabem os super-heróis, zumbis, guerreiros medievais, viagem no tempo, horror cósmico, etc”, detalha.

Autor de pesquisas voltadas ao estudo das histórias em quadrinhos e suas relações com a Literatura e as Artes Visuais, Moreira comenta que, a exemplo do que acontece com a maioria dos nerds, seu envolvimento com a cultura geek surgiu ainda na infância. “Com a TV nos anos 90, recheada de blockbusters americanos que ajudaram a cultivar o gosto pela ficção científica e pela fantasia, e com os quadrinhos de super-heróis. E a partir daí, meu repertório foi se desenvolvendo e se refinando, sem nunca perder o gosto pela ficção fantástica. O que eu acho incrível é que os filmes nerds são mais que um gênero, eles formam um universo complexo e rico de possibilidade onde é a imaginação que comanda”, argumenta.

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Ele enfatiza que serviço de streaming facilitou muito o acesso da quem pretende se aprofundar no universo dos filmes e séries nerds. “Não tem desculpa para não ir além dos filmes do momento, mas também se dar a oportunidade de conhecer os clássicos”, salienta.

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